quinta-feira, 12 de março de 2009

Até que a amnésia nos separe.

...Aí começo a lembrar de ti. Basta eu ter qualquer tipo de crise dessas pós-modernidade, dessas que oscilam entre depressão, tpm, crise existencial, bipolaridade, tanto faz. O que eu quero mesmo é um pretexto pra lembrar de ti. Quando encontro um, puxo todos os gigabytes de memória, passo a mão num cigarro e pego um licor. Lembra do meu favorito? Licor de amaretto, que você insistia em dizer que parece com algum adstringente bucal. Ligo o som. Melhor que isso, escuto um vinil. Vale ouvir aquele disco da Elis que sempre ouvíamos, fazendo uma massa. Qual é mesmo a sua favorita? Acho que é raviolli. Tanto faz. Essa parte da lembrança fica distorcida. Já que era na hora de cozinhar que nós mais liberávamos a nossa louca libido na cozinha. Lembra quando a gente deixou queimar um spaghetti ao pesto, por que esquecemos dele no fogo? Lembro da nossa gargalhada. Nus e com fome. Saciamos outra que pra nós sempre foi mais importante. Gargalhadas... não consigo ter nenhuma gargalhada sem lembrar de ti. Você dizia que minha gargalhada oscilava entre uma psicótica e uma menina do interior. Nunca entendi essa tua metáfora. Eu sempre fui tão boa em entender meus amores, mas você?! Tem horas que acho que ninguém no mundo te lê como eu. Eu te leio. Uma leitura daquelas a lá Hilda Hilst ou Florbela Espanca. Um misto de dor, sexualidade, desequilíbrio, sei não. Paixão desvairada. Falta de ar. Sal de lágrima e suor. Acabou o cigarro. Termino aqui. “Existem mais mundos. Ou altos ou fundos. Entre eu e você”

1 comentários:

Carol disse...

Intenso e lindo.

19 de março de 2009 às 21:55

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