Minha montanha-russa

Abri os olhos devagar e pensei que faltava e assim começou meu dia. Senti falta de um afago, de virar para o lado espreguiçando e te acordar sem querer. A ausência maior que senti foi a de te querer daquele jeito de quem acabou de acordar, do corpo quente, do beijo mais por instinto do que por desejo.


81f0eb5f71dd92f97f0317e33f3b494295ab68bf_mMas aos poucos a ausência foi se tornando só minha. Minha dor fina, uma sintonia com a noite passada. Porque eu sabia, como ainda sei que essa qualquer coisa que eu sinto é quase que mentira inventada. É como um vazio para tapar o oco.


Então, eu acordei e a sensação continuou, briga interna. Maldito querer sem sentido, aquieta! Quero-te perto o tanto quanto te quero longe porque me fazes mal. Esse frio no estômago me faz mal, essa vontade de ouvir Gram, de ouvir aquela última música do Chico Buarque que a gente ouviu ontem, de passar o dia deitada curtindo essa nostalgia melancólica que me põe cara a cara com a saudade do que não foi, do que poderia ter sido.


E me dá raiva porque quero. Não quero te querer. Quero te ignorar. E durante alguns minutos eu quase te ignoro, eu quase te cuspo de mim, quase expurgo esse todo bem querer sem razão de ser.


Minha montanha russa particular. É assim que te sinto. Sinto-te subindo e descendo da minha garganta. Sinto meu estômago dando loopings cada vez que vez que atendo o celular, cada vez que te aproximas e cada vez que eu me aproximo de ti, eu quase morro durante um segundo. Minha cabeça quase explode de medo, de tensão, de alegria, de adrenalina.


Mas eis que o dia passa todo assim, com uma trilha sonora particular, com imagens que só eu guardo – e isso me dói, é isso que me causa raiva, só eu guardo. Rua de mão única.


De repente de um todo se fez nada, o sentimento acordou, perdurou, durou e morreu. Durou o mesmo tanto de horas que um dia dura. Um dia com nascer e pôr do sol. Um dia inteiro, uma mentira inteira que morre junto com a noite.


Minha paixão inventada nada mais é do que inquietude. Minha mania de te pedir carinho é só para curar uma carência que não é de ti, é de paixão possível. Então eu invento que quero, invento que gosto, nos dou uma trilha sonora, te dou minhas verdades e minhas mentiras só para não precisar jogar fora essa qualquer coisa que é sentir-se bem e mal, ao mesmo tempo.


Chega o final inevitável da minha montanha russa. As músicas já não têm mais a tua cara, nem os romances são mais bonitos aos meus olhos, eles se tornam chatos e banais. Tão chatos quanto tu. Tão banais quanto o meu dia correndo a esperar tua ligação. Tão bobos quanto eu querendo sentir teu cheiro.


E deito minha cabeça no travesseiro e a cama que antes parecia vazia, tem o tamanho exato do meu corpo, do meu sono. Deito nela e penso que amanhã começa tudo de novo. Minha montanha-russa particular me dá trégua até tua próxima ligação.

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Vida de pesquisador de opinião não é nada fácil....

Por Moara Brasil

1. Na residência do entrevistado
-Qual o seu estado civil?
-Maranhão.
-An?

2. Na Rua
-Qual o prefeito que você acha que fez muito por Vigia/Pará?
-Bem, eu não sei, mas dizem que Noé fez muito por aqui
Engraxador de sapatos se mete na entrevista e responde irônicamente:
- Negativo, só a Arca!!

3.De novo, em uma residência
-Qual o seu estado civil?
- Desculpe, eu não sou daqui.
(suspiro)

4. Problemas e Dúvidas do pesquisador durante o percurso de uma pesquisa em Vigia/Pará:
-Por favor, você sabe onde fica o bairro "Escorrega"?
-Sei, fica bem ali...mas se eu fosse você não ia pra lá não...não é a toa que o nome é "Escorrega", porque quando escorrega levam tudo mesmo!
-hum...e agora?Como farei a pesquisa?

5. The questions.
"Ei tia, ei tia, é do IPOBE?"
"Ei tia ei tia, vai aparecer na REDE GLOBO?"

6. Sol de matar em pleno meio dia, andando de pesquisa em pesquisa. Tudo bem, vou na casa .
PáPáPá ( bato na porta ):
-Não tem comidaa.
Pá! ( fecham a porta ).

7. Sol derretendo, meio dia ainda.... Pula uma casa, vai pra 7.
Pá Pá Pá ( bato na porta )
-Quem é?
- Eu sou de uma empresa de pesquisa, e estou querendo fazer umas perguntinhas, posso?
- Vai demorar?
- Que nada! Só uns minutinhos.
- Nome?
- Ivonete Ilveira Nastasia Guedes Silva Chaves
- Qual a sua Idade?
- Ah...não parece mas é 40
- Estado civil?
- Sim querida, vais querer saber toda a minha vida?
- Bem senhora... precisamos desses dados porque a empresa que trabalho sempre faz uma averiguação destes questionários e...
- AveriO QUÊ? Eu não tenho nada a ver com isso minha filha!
Pá! ( batem a porta ).

9. Na Rua
-Boa tarde, você poderia...
- Não. Estou com pressa!
Fico com cara de nada, olhando para o Sol de 1h. E ainda tropeço numa pedra, que merda!

10. Boa tarde, você poderia me ajudar respondendo umas perguntinhas?
- É clAAro minha querida, que jovem bonita você é, eu tinha uma sobrinha que era a sua cara, que Deus a tenha, mas ela era todo o seu jeito. Nossa, que coincidência! Mas é clAAARo, como eu poderia me esquecer? É mais que óbvio. Você não é a Katia da familia Junes?
- Não
- Mas você não é casada com o Flávio? Irmão do CLáudio, que teve um acidente de trânsito, ficou tetaplégico, coitado. Mas eu soube que ele não teve culpa, tá rolando um processo, né? Eu sei, foi aquele taxista filho da mãe e..
- NÃO! (Shss) É minha senhora, poisé, continuando a pesquisa..
- Mas eu podia jurar que sim...
-ahhh... ( suspiros quase chorando )
(...)

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(?)

Por moa

Não sei, mas, geralmente esse dia chega para qualquer um de nós. Quando pensas que está tudo indo certo, eis que surge a questão: Será que devo? O que eu tenho que fazer agora? Prossigo? Recuo? Paro e fica por isso mesmo? Bora ver o que vai rolar? É nessa hora em que suspiramos, e de repente tudo, completamente tudo e todos se diminuem de uma forma que conseguimos enxergar mesmo daqui de cima, só que em miniaturas, verdadeiros soldadinhos de chumbo ou como se estivessemos observando uma partida de um jogo num estádio de futebol. Parece que não fazemos parte daquela jogada, mas estamos ali, assistindo tudo. Muitas vezes já sabesmo o que vai acontecer, mas, em outras, é realmente complicado adivinhar quem vai ganhar. Partida difícil. Isso nos apavora, dá medo, colocamos as mãos nos olhos nos momentos difíceis, ou simplesmente encaramos normalmente esse dia como rotina. E fica por isso mesmo.

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Desaprendi e daí?

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo, disse Arnaldo Jabor. Será mesmo? Ao ler por o texto “Namorado: ter ou não ter”, de onde retirei esse trecho, tudo parece muito lindo. Palavras como quindim, nuvem, música passeiam com displicência e fazem os solteiros pensarem em que merda é a vida sem ninguém.


Como faço parte da categoria dos solteiros não-amargurados, me senti impelida a protestar tal afirmação. Creio no seguinte: quem tem namorado, não consegue tirar férias. Nem dele, nem para si mesmo.


Quem tem namorado não viaja sem seu bem ou, se viaja não se sente completo. O amor tem dessas coisas. Quem namora perde o encanto de ir ao cinema sozinho, naquela última sessão de segunda-feira (a melhor do mundo para quem odeia falatório durante o filme). Um casal são duas pessoas, logo tudo que você faz enquanto membro dessa dupla há de ser calculado por dois.


Ora, porra. É bom pensar em si, é muito bom ter metas e calculá-las de acordo com sua vontade, com os seus planos. Solidão? Sim, ela existe e reafirma-se sempre. Mas também serve para auto-conhecimento.


É na solidão que a gente se conhece de verdade, porque namorar faz com que a gente desaprenda um pouco a olhar para dentro, já que olhar para o outro dá aquele friozinho gostoso na barriga; ao contrário de olhar para si que algumas vezes dá angústia.


Eu tive namoros longos desde nova, por volta dos 13/14 anos. Um ano, Um ano e alguns meses, três anos. Foram eles que me ensinaram a namorar, que me deram belos exemplos de confiança, carinho, respeito e amizade. Aprendi muito ao compartilhar a minha vida com eles e creio que a recíproca seja verdadeira.


Alguns me deram umas desilusões, outros deram pedacinhos de si que me marcaram e marcam até hoje, como poesias, cartas, flores, passeios. Deles eu também suguei os gostos, as gírias, os trejeitos. Aprendi a gostar de rock com meu primeiro namorado. Que sorte que ele existiu na minha vida, hein?


Ainda assim, me identifico melhor comigo mesma sendo solteira hoje, porque eu já tenho que pensar por dois e planejar por dois. Porém, é uma relação que eu tenho certeza absoluta que é para vida toda: eu e meu filho.


Acho que de tanto me adaptar a solidão, de tanto curti-la, de tanto apreciar o livre ir e vir, desaprendi a namorar. É, isso mesmo. Quando falo isso para as pessoas, ouço sempre uma risadinha de deboche. Por que é tão difícil entender isso? Sim, eu desaprendi, desacostumei... enfim, não sei qual o verbo que devo utilizar, mas é assim mesmo. Eu não sei mais.


Pelo menos, não consegui até agora passar daquela fase do início da relação, aquela que a gente tenta “ser melhor”, que quer estar sempre linda, sempre de bom humor, sempre disposta. É exatamente por isso digo que desaprendi a namorar, a repartir vida e viver o tempo todo.


Eu ainda prefiro que a pessoa saiba desde o início que eu acordo de mau humor e que ainda fico mais intragável se estou com sono. Quero alguém que me leia sem que eu precise explicar muito e se ainda assim for necessário, que me ouça com atenção porque eu odeio repetir. Que seja sociável na medida certa e que principalmente saiba calar. Bem, como ainda não apareceu ninguém assim, continuarei a curtir a minha inesgotável solteirice.


Não sei mais fazer “joguinhos”, fazer “tipinho” para agradar. Não consigo me controlar e fingir que não estou a fim de beijar ou ficar junto se é essa a minha vontade. Não quero reprimir meus desejos para fazer tipo de quem não está nem aí. Se for para ser que seja inteiro, que seja por completo. Senão, prefiro a solidão mesmo. Ela já me é conhecida e bem confortável.


A declaração de amor mais bonita que já vi foi do personagem do John Cusak para sua amada, no filme Alta Fidelidade. Não vou lembrar direitinho o diálogo, mas trata-se dele explicando para namorada, antes de pedi-la em casamento, que ele se sente atraído por uma jornalista que é  sua fã  desde que ele era Dj. Ele assume a vontade de levá-la para cama por conta de um desejo quase incontrolável, algo bem carnal.cusack


Ao mesmo tempo em que se sente assim, ele pensa na namorada. Pensa nela com maturidade regada a eternidade. Imagina ambos lendo jornal num domingo, lembra das calcinhas comuns que ela usa , enquanto ele sabe da existência das lingeries melhores. E é então que ele vê que isso sim é amor.É aí que ele vê a diferença entre o desejo carnal e o amor. O amor é realidade, é dia-a-dia e não, nem sempre é belo como  lingeries rendadas que são usadas somente para fisgar. Porque o desejo carnal passa, mas confiança, carinho, companheirismo, amor de verdade, não.


Não quero ter que me camuflar, nem quero alguém que não seja o que é por inteiro. O sentimento que mais me apetece é sinceridade. No amor, na cama e nos olhos de quem eu quero. E se assim for do desejo dele, que me aceite com sinceridade também e que tenha muita paixão pela vida.

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Era uma vez a Amazônia

Por Moara

Bem, demorou, mas chegou. Finalmente o vídeo do meu primeiro desfile na coleção de verão de Julho/2007, realizada pelo coletivo Caixa de Criadores, com o tema geral sobre aquecimento global. Participaram vários estilistas, que também procuraram seguir o mesmo tema, vejam os vídeos relacionados no youtube.

A Coleção teve como enfoque criticar as queimadas na Floresta e lembrar a todos que temos muita cultura para mostrar ao mundo. Procurei usar como trilha sonora a música de Pio Lobato "Fura Criatura", músico e integrante da banda Cravo e Carbono (veja vídeos no vodpod) de Belém. Acredito que precisamos ter um olhar mais contemporâneo de nossa cultura, para não se apagar com o tempo, é o que precisamos vender pra fora. E fazer com que o olhar do estrangeiro volte para a nossa cultura amazônica, invista, compre, valorize, e não pense que aqui é apenas uma floresta misteriosa onde só tem madeira e bichos para serem explorados, no meio de um monte de "caboclos" que não sabem nada. Enfim, é preciso ter a consciência sobre a nossa própria região, e manifestar-se de algum modo pelas nossas artes (música, pintura, moda, etc), de maneira uniforme. Talvez só assim o mundo entenda o recado, e que somos um "país" de muitos conhecimentos, riquezas naturais e cultura dentro do próprio Brasil.

Coleção "Era uma vez a Amazônia"
Evento: Caixa de Criadores/ Verão 2007
Sobre a coleção:
1 look: Vestido de algodão com desenhos pintados a mão e aplicações que desenhavam arvóres e lembravam a floresta.
2 look: Macacão estampado, de algodão, com cores da amazônia, dando continuidade a floresta.
3 look: Saia balonê de tafetá (reaproveitando um tecido de cortina) e blusa frente única de seda. Cores que lembram o céu, o azul petróleo e a mata, com o verde. E a meia amarela, para lembrar nossos minérios.
4 look: vestido morcegão, também fazendo referências a nossa mata. Top de onça, aos nossos animais.
5 Vestido pintado a mão: Começa a destruição da floresta, procurei pintar uns grafismos que lembram araras tristes com cores de sangue, a meia calça em vermelho, para lembrar também o sangue.
6 Look: Blusa frente única em preto- cinza, fiz referência as cinzas que sobram das queimadas, o que resta da floresta. E bermuda também da mesma estampa do macacão.
7 Look: Vestido estampado azul em seda, com duplo balonê. Procurei passar sobre nossos rios e mares, que também estão sendo poluidos (meia calça preta).
8 Look: Blusa com com desenhos de dois índios (não dá pra ver direito mas é isso). Procurei pintar em preto mesmo, para ser só rabisco. Saia balonê em verde com detalhe de oncinha. Voltando para a valorização de nossos animais.
8 Look: Vestido marrom com os esqueletos de peixes e meia calça vermelha (poluição nos rios)
9 Look: Masculino: Blusa com pintado a mão, está bem explícito, as queimadas na floresta.

[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=oHW9_zdoZDQ]

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Ângulos

Por Anna Carla

Eu paro e olho essa cidade. Do mesmo ângulo de sempre, procurando entender se, daqui do alto, eu consigo achar as minhas respostas escondidas nas janelas iluminadas de cada apartamento ou atrás das variadas propagandas de outdoor. Gosto bem mais da vista noturna. As estrelas costumam se confundir com as luzes da avenida e me dão a impressão de que tudo está em movimento, como se eu pudesse ver o mundo girar. Postes, holofotes e faróis parecem querer me dar algum sinal de que eles sabem o que acontece aqui, metros acima, na minha cama.

Fico diante do espelho e não reconheço os meus cabelos. Eles são a prova concreta de que muita coisa mudou. Me olho nos olhos e me estranho. Sinto medo de tanta novidade. Reflito a minha imagem, não a reconheço, mas gosto dela como se nossos santos tivessem batido.

Estranho a minha nova rotina. É boa, dá tempo de sobra pra fazer o que der na telha. Trabalho legal, grana boa para uma iniciante, uma independência idolatrada nas ideologias de outrora. Mas... E agora?! O que fazer com tanta liberdade?! Estranho o tempo que eu gasto sozinha em casa inventando diálogos imaginários e sinto a falta de uma correria que antes me parecia odiosa.

É difícil acompanhar a minha própria evolução, por isso me estranho. Tracei meus planos e fui culpada por mudá-los, sem arrependimentos. Mudei minha rotina profissional, minha vida amorosa e, consequentemente, minhas noites de festa. Ainda estranho tanta cerveja no meu copo. Essas pessoas novas me parecem velhas conhecidas, como se eu conhecesse a cidade inteira e soubesse que não existe mais ninguém pra conhecer, mesmo sabendo que deve haver. Ainda não me acostumei a dormir sem ter alguém pra desejar boa noite, mas não quero voltar a passar as minhas noites comendo pizza de caixa no sofá da sala.

Pela primeira vez, a cabeça parece não conseguir acompanhar o coração. “Mas como assim? Como esqueceste tão rápido?”, indaga a minha consciência, curiosa por sempre ter dito que este era o certo a se fazer e por ter estudado o quão difícil seria essa façanha. E eu me estranho ao não sentir saudades de coisas que me pareciam tão intensas e por sentir a falta de outras que eu não dava muita importância.

Então eu sinto novamente a brisa molhada que sai dessa sacada tocar meu rosto. Todos os carros que passam parecem saber exatamente aonde querem chegar. Somos antônimos. A cabeça continua a afirmar que este é o caminho certo e que tudo o que me fez chegar aqui valeu a pena. Mas o coração, esse bipolar esquizofrênico, às vezes aperta como um nó cego. E eu pergunto: “O que diabos ainda me resta fazer, afinal?”. E as luzes da cidade me sussurram: “Anda mais e pensa menos. Quem não sabe pra onde ir não deve se preocupar tanto em saber onde chegar”.

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.Um minuto de silêncio para o falo* ideal

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Por Moara Brasil


Sabe quando acordamos em busca de um falo? Um falo alto, com físico daquelas esculturas anatômicas gregas de deixar qualquer mulher sem ar por uns minutos orgásmicos? Estava determinada, e , não podia ser um falo qualquer. Uma mulher merece um bom falo , ele tem que conversar mansinho e cheio de charme, ser um pouco educado e ter muita energia. Tem vezes que cansamos do mesmo falo, ou de falos chatos, ou de falos nada criativos, ou realmente feios e sem atitude. E, então, preparamos à caçada ao falo ideal!

Ainda mais quando estamos a dois malditos meses sem um falo para descontrair, mas foi por decisão própria. Falo por falo, prefiro ficar com o meu falo de brinquedo.

Dois meses sem um falo deixa qualquer mulher louca, neurótica, chata, e bote chata nisso! Dá até espinhas, aumenta a oleosidade na pele. Nós sonhamos com o falo perfeito, de repente tudo torna-se um grande e ereto falo platônico. É uma loucura, os falos comandam as nossas mentes mais ninfomaníacas. Porém, quem espera sempre alcança, né? E que alcancemos o supremo falo! E rápido, não dá mais!E não dá mais mesmo! Já são 2h da madrugada! E nada do falo, nenhum falinho, nada.

Mas, de repente, o falo caiu como presente divino. Era o Deus mais Grego que Davi. Era o da pele mais bonita ( que nem chocolate ) do sorriso com dentes mais brancos que já vi! A camiseta mais bem vestida, que combinava com a beleza daquela pele, jeans e alguma coisa na cabeça, um falo estiloso, sarado, lindo, não era qualquer um, era o falo com F maiúsculo. Um falo que toda a mulher merece! Devia ser levado na cama como café da manhã todos os dias, para diminuir aquele stress da rotina, devia ser recomendado como tratamento para peles nos maiores centros de estética do mundo. Ou ser remédio obrigatório em clínicas de psicanálise.

Ah, meu falo perfeito. Deixou de ser platônico para tornar-se terreno, concreto, ao alcance real. Com as mãos mais firmes que já senti. O beijo mais envolvente que já beijei. O abraço mais apertado que já tive, de quebrar no meio. O falo ideal. Cada centímetro do seu corpo foi valorizado, desde aquela barriga de tanquinho maravilhosa, até os dedos das mãos grossas . O cabelo? Foi puxado até arrebentar. A pele? Foi arranhada até ferir. A boca? Foi beijada até ficar totalmente sem saliva. Gostosa foi a palavra mais usada. Folêgo? É claro...afinal ele entende tudo de educação física! Daqueles falos que nós fazemos a questão de contar à todas as amigas, para elas morrerem de inveja mesmo e fazer comentários como “ahhh!Te odeio sua vaca! Eu quero essa África!”. E me odeie, pois nunca fui tão bem amada por um falo tão perfeito. Pena que ele more tão longe daqui, será que foi por isso que foi tão intenso? Um minuto de silêncio. E...um bom falo para vocês!

*Falo= s.m. Imagem do pênis, objeto de culto entre os antigos, que o veneravam como símbolo da natureza criadora. / Pênis. Retirado do workpedia.

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.As mãos de Fernando.

Por Carol Barata

As mãos de Fernando são as partes nele que mais gosto. A mãozinha dele apertando meu dedo quando ele mal tinha 24 h de vida, a mesma que segurava meu seio, que me fazia carinho enquanto eu o amamentava. A mão escondia o rosto dele durante o ultra-som e que mágica foi o ver remexendo de um lado para o outro, incomodado, colocando aqueles cinco dedinhos no rosto. Claro que eu chorei. Óbvio.

As mãos de Fernando o definem. Quando nasceu, os cinco dedos normais e bonitinhos era sinal de saúde. A mão grande é sinal de que ele puxou para meu irmão. O fato d’ele segurar o lápis de cor com a mão direita já quer dizer que será com ela que ele escreverá suas primeiras palavras.

São mãozinhas que me encantam com um carinho despretensioso e singelo na fila do cinema. A mão dele procura a minha em meio ao sono, ela se ajeita como se dali fossemos passear, como um passaporte para os bons sonhos. A minha mão e a dele, juntas.

A imagem das mãos dele, lindas, branquinhas, de uma perfeição inigualável é o que vou sempre guardar comigo. As mãozinhas mais lindas do mundo, as do MEU FILHO.

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Assim caminha a propaganda.

Por Moara Brasil

É, parece que o retrô em qualquer coisa sempre é um pouco mais interessante, mesmo para aqueles que são filhos da década de 80, como eu, nostalgia é algo bom, e na publicidade, nada melhor do que buscar aquilo que nos faz entender o que nos tornamos hoje. Mas esse retorno ao estilo artístico ingênuo primitivo é uma tendência mundial, parece que dá conforto as nossas sensações. Ou é mais humano, ou sei lá, eu gosto. E quem não gosta de uma campanha bem emotiva, ainda mais feita com animação? Afinal, nesses tempos de valorização da imagem e sociedade do espetáculo, parece que muitas propagandas distanciaram-se da realidade terrena, e muitas vezes acabam ficando como algo realmente inalcançavel. Muitos comerciais da década de 50 e 60 eram desenhos animados, no Brasil podemos observar com o comercial das Casas pernambucanas, veiculadas nas extintas TV tupi, Excelsior e Paulista e o comercial dos Cobertores Parahyba, o quanto eram fofinhos e próximos da realidade das famílias brasileiras.
"Não adianta bater eu não deixo você entrar, as casas pernambucanas é que vão aquecer o meu lar...", um jingle que pegou e ficou na época, e a cena da mãe colocando as crianças pra dormir, na propaganda dos cobertores Parayba, ajudavam as mães a colocar os filhos na cama cedo: "Está na hora de dormir, não espere a mamãe mandar...". Como naquela época a qualidade da produção era ruim, o desafio para os publicitários era bem maior. Eles tinham que ter a boa idéia, a sacada, o conteúdo que tornava as propagandas mais atraentes. O que nos dias de hoje, muitas propagandas ganham na produção mas pecam ou são quase vazias de conteúdo.







A revista britânica The First Post escolheu os melhores do ano, na categoria comerciais de animação,de todos eu gostei do “The End of lines” da Olay, a minha predileta. Simples, emocionante e criativo. Uma boa animação para quem gosta de comerciais que realmente são envolventes.





• Title: The End Of Lines
• Brands: London International Awards
• Awards: London Awards 2007 TV Animation-Cel Silver
Agency: Saatchi & Saatchi, New York
Creatives: Jan Jacobs, Leo Premutico
Agency Producer: Peter Ostella
Production: Slinky Pictures, London
Director: Suzanne Deakin
Producer: Maria Manton
Animator: Martin Oliver, Suzanne Deakin
Sound Engineer: Ryan Fitch

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Li-ber-da-de.

Por Lora Cirino

Era lua cheia e aquele lugar era encantador, todo mundo já tinha ido lá menos eu, nunca dava. Do nada, decidimos ir até lá, só pra descansar ou cansar mais. Foi fantástico e eu fiquei encantada com os sabores, os cheiros e a sensação que aquele lugar proporcionava. Não se parecia com nada.
Só parecia com liberdade.
Na segunda noite que parecia ser a primeira ele apareceu para me salvar, do bêbado que não me deixava dançar com minhas próprias mãos e das minhas neuras.
Salvou-me da falta de dança, de abraço, de embriaguez e de vontade.
Foi legal conhecer um príncipe encantado, mesmo descobrindo depois que ele já tinha uma princesa. Não importava. Naquele dia só eu e ele existíamos, eu com meu vestido infantil de bonecos e ele encantado com a minha infantilidade.
E ainda me achou madura e ofereceu o pior cigarro que eu poderia ter experimentado na vida. Apaixonei.
No outro dia eu não o vi, só que o lugar era pequeno demais pra isso, ou ele era uma lenda ou a história que ele havia adoecido era verdade.
No lugar não tinha energia elétrica quando, resolvi ficar com as novas pessoas ao meu redor, só que eu falo grosso, me visto de criança e falo grosso, e ele reconheceu minha voz e gritou meu nome, como quem procurava há anos por mim, poucas vezes senti tanta segurança e alegria, saímos e ficamos vendo a tal lua cheia e as estrelas, nem quando criança, no interior, tinha visto tanta estrela.
O beijo, o cheiro e a pegada dele eram daqueles de ir pra “lista dos cinco melhores”, e olha que não foram poucos. E nesse intervalo de tantos anos, ele não faz nem idéia disso, nem precisa fazer.
Moral da história: Tu podes ter sido do caralho um dia pra alguém e nem sonha com isso, veja que legal.

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Cuidado.

Por Carol Barata

“Cuidado: esse sonho é só seu”. Assim estava escrito no meu horóscopo. E só depois de todos esses dias, esses muitos ou poucos dias, nem sei, que eu resolvo ler horóscopo e que por uma junção de algum planeta que nem gravei qual era com alguma outra constelação que pouco me importa e que, de alguma forma, estava lá, lá estava. Era para ser! Já estava escrito nas estrelas, num caderno de jornal, num muro pichado a spray metálico. Estava lá e só eu não enxergava, ou melhor, eu enxergava e ria. Ria cínica, ria quase diabólica pensando “Vamos lá ver quem é que deve ter cuidado com quem!”.

Pessoas como você deviam vir com tarja preta, com uma placa igual aquelas colocadas perto dos fios de alta tensão. Os astros esqueceram de colocar em ti a placa de “Cuidado: esse sonho é só seu”, porque se eu soubesse como serias manipulador e envolvente comigo, ah, se eu soubesse, eu me benzeria antes de cair nessa cilada que foi me jogar em teus braços, teus olhares e tuas ligações de madrugada.

A primeira vez eu olhei em ti, eu te vi, eu te li e sabia, ah, eu sabia que não daria em nada que não daria certo, que me deixarias assim, com essa sensação de limbo, de algo usado, passado e repassado para o teu próprio uso. Mas eu me joguei em ti, eu te sorvi e me senti bem ao fazê-lo.

Apostei naquele silêncio, tão cômodo e celeste. Eu sei, eu sei. Aliás, eu devia saber. Eu devia saber que o que vale para ti é o momento e aquele momento, foi tão meu quanto teu. Entendo que não fazes esforço nenhum para envolver, para conquistar, que acontece assim, de repente e naturalmente, é inerente a ti.

Eu aprendi a tocar cavaquinho sozinho, porque meu avô tocava. Eu fazia piano quando criança, mas ah... deixei pra lá. Eu gosto de música alta, porque gosto de sentir a música, as batidas, todos os sons. Eu amo música também, está ligada ao meu bem estar. Meus pais me ensinaram a gostar de boa música. É, os meus também me apresentaram ao Raulzito e ao Legião.

E assim, entre uma cerveja e outra, já era. Num bar novo para mim e velho para ti, me apresentavas a tua vida, assim, como um slide e a gente ia vendo pedacinho por pedacinho do que podia esperar um do outro. Eu ficava idiota cada vez que, mais idiotamente, me chamavas de “amor” e fui ficando débil mental a cada beijo que fazias questão de me dar antes de levantar para ir ao banheiro e fui ficando lânguida, embriagada e cega. Cega, burra, imbecil, idiota!

Mas agora eu sei que subi a mesma ladeira sofrida do quase-amor, do quase-qualquer-coisa-que-mexe-demais. Fiquei de novo no limbo, como algumas outras vezes. Mas eu sabia, sabia que devia ter lido as entrelinhas, onde estava escrito em fonte 50 na cor mais néon e escarlate que pode existir numa paleta de cores a palavra PERIGO! Doce cafageste à vista!...

Merda, como eu não fui ver que essa tua forma de ser não era para me envolver. Era só tua forma de ser. E eu era só alguém que precisava ter ouvido “cuidado” ao invés do “vai em frente” quando ouvia a buzina do teu carro tocar.

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Quase uma Diáspora dos artistas da Capital

Por Moa


Eu vejo todos partirem daqui, grandes talentos que persistiram, desistiram da cidade. E resolveram tentar algo em mares nunca antes navegados.
Ou morreram, ou quase nada.
Mal de cidade com governantes de mente pequena, com representantes que não enxergam além do umbigo, que não enxergam quase nada. De uma História triste de má exploração da cultura e das nossas riquezas.
Da apatia diante da violência que aumenta nas rotinas da nossa vida.
Mal de um público que ainda não foi muito bem educado, educado nos ouvidos, educado na escola, educado na sociedade. Mal de uma cidade do “quase”.
Quase uma Recife, quase uma “Janelas Abertas para o Rio”, quase Moda, quase progresso.
Uma cidade que parece mais ou menos com a minha vida, quando a gente pensa que vai engatar, ela sai pelo ralo, ou alguém dá uma descarga quase de propósito.
É nessas horas que dá a vontade de “quase” ir embora daqui.
Belém do quase, dos quase com iniciativas, do quase um sucesso. De pessoas com muita energia, mas que estão cansadas de gastá-la para nada, ou quase nada.
Pois precisam alimentar seus bolsos, pois precisam de reconhecimento.
Belém da quase terra da música, do estouro cultural único.
De bandas incomparáveis a qualquer outro lugar do país, de modelos com beleza mista, que só a Amazônia pode dar.
Do Antar Rohit L.A. paraense (que Deus o tenha), dos Mestres das Guitarradas envolvente. Do Madame Saatan e sua atitude. Da Voz da Marisa e a Euterpia. De todos os designers independentes. Ah, é tanta gente, que não tem espaço suficiente.
Mas a Amazônia precisa de comida, precisa colocar muita água nas suas sementes, precisa de vitaminas pra viver, precisa de incentivo à cultura. Precisa vencer preconceitos. E não apenas ser uma reserva florestal cheia de “caboclos incapacitados” segundo os olhares de muita gente.
A Amazônia precisa ser vivida, precisa de uma boa mídia, Belém principalmente.
É preciso segurar os artistas que estão aí…quase sem estímulo.
Quase sem vontade. Quase sem vontade porque não temos quase nada.
Porque somos quase muito além. Sempre. Será que ninguém vê quase nada?

Informe-se da cultura da gente:
http://www.culturapara.art.br/

Cachoeira negra, Antar Rohit
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Tirinhas do John, clique em cima.

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Da sua primeira garota

(arquivo)Texto escrito em 08/02/07
Por Carol Barata

A nossa amizade começou a passos de formiga. Devagar e leve. Um conhecendo o outro e se descobrindo em fases distintas.

E essas fases diferentes, por seus mais variados motivos, tiveram uma união. Tiveram uma compreensão que ninguém entende. E sabe por que não entendem? Porque eramos pessoas que na opinião dos outros não tinham nada a oferecer um ao outro. Mais nós dois sabíamos que ali tinha uma comunicação que era fora do comum.

Era fora do comum pelo jeito intenso de ambos. Era fora do comum porque a distância física não separava, fui e sempre serei a sua primeira garota. Aquela menina magrela que estava na fase de suas descobertas de adulta e caminhava na Avenida 16 de novembro. E caminhavas comigo. Sem medo, sem rumo, sem pudor. Ah, o pudor... O que nos uniu talvez seja a ausência dele. Não o pudor que as pessoa insistem em atribuir a relação entre homem e mulher. Mas o pudor de anseios. O não ter pudor de dizer o que pensa. O não ter pudor de sentir o que sente. O não ter pudor de viver, amar e sonhar. Sonhar sempre. E mais do que sempre – se é que na língua portuguesa existe uma palavra mais intensa e infinita do que sempre – o sempre saber que estaríamos ali um para o outro. Te amo como nunca amei um amigo. Amo-te da forma mais pura que alguém possa amar.

Aquele amor de não ter infinito de querer bem. Amo tua essência. Amo tua personalidade e se é ainda é preciso dizer depois de tudo isso, amo você.

Essa amizade me conforta. Faz-me sentir profundamente um porto seguro no que temo, no que desejamos um ao outro.

Como já disse, és amigo com letra maiúscula.

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2 copos de cerveja e uma esquina

Por Moara Brasil

-Tá sabendo?O Jorge levou um tiro na perna.
-Meu Deus?Como?
-Ali no centro, 8hs da noite, levaram o carro.
-Pois nem te conto, ontem entraram 5 na casa da Roberta, e na verdade só iam levar o carro do irmão dela.
-Égua, e a Roberta já foi assaltada na frente da própria casa.
-É, inclusive toda a familia dela.
-O pai, hehe, foi levar um abaixo assinado no posto, e ainda foi assaltado, pediu até pro ladrão assinar.
-Levaram o amigo dele no carro, e ele ainda teve que tirar a roupa todinha.
-Uma mulher aqui do meu prédio foi sacar uma grana, junto com os filhos, e levou o farelo.
-Como?
-É, ela foi sacar, e os ladrões a viram, ela mandou os filhos correrem e saiu pela rua. Os ladrões, de moto, perseguiram, e deram um tiro nela. Morreu, empresária.
-Meu deus!Que merda!
-Posso pedir mais uma bebida?
-Sei não, melhor a gente ir embora dessa esquina.

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Vinte e poucas coisas sobre os vinte e poucos anos

Por Sofia Brunetta
(arquivo de guerreiras)Quinta-feira, Março 30, 2006

Li o texto de uma grande amiga, guerreira e integrante desse blog, Moara Brasil, que no auge de seus vinte e poucos anos, descreveu um pouco das características comuns a maioria de nós. E me tocou tão profundamente que desencavei ? Vinte e poucos anos? Na voz do Belchior (que é de longe a melhor versão dessa música) e me entreguei aos meus devaneios aqui publicados. Em horário de expediente. Um pequeno delito.Típico dos meus vinte e poucos anos.

Aos vinte e poucos anos estamos mais bonitas que aos quinze. Nossos cabelos parecem mais interessantes, e o figurino também (pelo menos até chegarmos aos trinta e nos apavorarmos olhando as fotos).

Aos vinte e poucos, nossas amizades são mais verdadeiras e sólidas. Você encontra afinal, o que passou a adolescência inteira procurando: sua tribo, sua cara, as pessoas que lhe aceitam ou convivem melhor com seus erros. Erra-se bastante aos vinte(e pela vida inteira), mas as intenções são menos auto-destrutivas e resultam em alguma atitude: você muda de religião, de time, de opção sexual. Faz um ménage a trois. Suas emoções são mais claras: você ama ou tolera sua família, seus vizinhos, a natureza, animais e os homens. Você se sente mais estruturada pra enfrentá-los. Aos quinze você mal conseguia emitir uma palavra interessante quando o objeto do seu desejo se aproximava. Agora você emite sons, impressiona (para o mal ou para o bem, leia-se), seduz, observa e se deixa observar com mais desenvoltura. E Sofre. Mas não parece mais que a caixa de chocolate e aquelas fotos dos momentos felizes são seu refúgio perfeito.

Aos vinte você vai a luta. Você cresce, estuda, trabalha, paga contas. Sonha com um futuro que não é mais tão distante assim. Os sonhos continuam no mesmo lugar, mas dão lugar a muitos aspectos da realidade que aos vinte, você aprende a experimentar. Mastigar. Estranhar. Deglutir ou Degustar.

Aos quinze você exagera. Todos os hormônios falam por você. Seu corpo muda.
Aos vinte você goza de momentos de exagero. De estupor absoluto. Depois você se penteia, sobe no salto e recobra a sensatez. Até o próximo sobressalto. Ou a próxima menstruação. Com seu corpo, que exercia um poder de Hierarquia Absoluta em torno do seu humor, você aprende a ser mais tolerante. Democrática. Você enxerga a beleza das formas. Do formato. Do cheiro. Do gosto. Se despe de mitos em torno dele. E na frente de quem você escolher também.

Aos vinte você bebe muito. Mas muito menos que há uns anos atrás, quando bebida era um gole do proibido. Quando você bebia seus tabus, as verdades que ensinaram pra você, os medos, o insano. E vomitava depois. Se você fuma, aos vinte já o faz com uma certa consciência, o que o torna menos ridículo, porque aos vinte a empolgação de outrora virou vício.

Aos vinte você experimentou uma porção de substâncias ilícitas. Você já sabe qual é a sua. Já recebeu todos os conselhos, puxões de orelha, panfletos. Na adolescência você faz furos. Se pinta. Tatua sua banda preferida. Aos vinte você faz outros, repinta, apaga, transforma. Tapa os buracos no corpo e na alma.

Ao vinte as coisas deixam de ser para sempre. As pessoas do dia a dia são passageiras. Involuntariamente. Você vai ver as pessoas fazerem aniversários cada vez mais caseiros. Com música ambiente. Você, que sempre defendeu a liberdade e o sexo com atitude, vai se emocionar no casamento dos seus amigos. Desejar parabéns pela gravidez ou nascimento do filho (talvez o segundo até) daquela sua colega de faculdade.

Você vai aprender que os colegas de trabalho, seu chefe, os vizinhos, o guardador de carros, não são pessoas do mal, nem do bem, portanto não estarão preocupados com seu sofrimento e suas angústias. Assim como você nem sempre é solícito.Você aprenderá a dividir o mesmo metro quadrado com pessoas que parecem odiar (e odeiam) você. Vai comer churrasco frio de confraternização e sorrir.

Aos vinte as baladas ganham outro sentido. Gelo seco faz seu olho arder. Música de boate não diverte depois de um dia inteiro de problemas, de resolvê-los do alto de seu salto agulha. Voz e violão, ou simplesmente seu travesseiro viram diversão.

Mas você tem apenas vinte e poucos anos, sua natureza não é tão velha assim, então você recebe um daqueles telefonemas mal intencionados, encara o mesmo salto e volta a luta, imaginando que os trinta estão distantes.
Mas isso será assunto interessante pra nós de vinte e poucos, daqui a uns poucos anos.

Até lá.

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Unhas para o café da manhã

Por Anna Carla Ribeiro

Dia de muita ansiedade. É, sou uma das tantas milhares de criaturas que sofrem deste mal.
Ansiedade pra mim é como se fosse uma espécie de segunda pele de todos os meus sentimentos. Sempre estou acompanhada de uma certa agonia e uma vontade louca de roer as unhas (talvez por isso faz tanto tempo que eu não apareço na manicure).

Sempre fui assim. Lembro-me de ser criança e já querer saber como seriam as minhas feições de adolescente. Eu era vidrada de curiosidade acerca do meu futuro. Aproveitei cada minuto da minha infância, mas como sempre, tive a mania de pensar demais. Vez por outra me pegava esperando o tempo passar para, finalmente, saber qual seria o próximo capitulo da novela.

Com a chegada da adolescência, parei um pouco de querer saber como seria a minha vida adulta. A ansiedade passou toda para o presente, como se eu tivesse a obrigação de fazer as coisas acontecerem e mudarem (e até hoje sigo essa linha de raciocínio).

É uma coisa de louco, admito. Acho que faz parte da minha personalidade viver à flor da pele. É uma vontade de dar um passo à frente a todo o momento, é sempre ter muitos planos. Idéias que se concretizam, algumas que se perdem, outras que se modificam e que acabam por serem substituídas.

Costumo pensar todos os dias nos planos que tenho. Traço metas imaginárias, algumas inatingíveis, mas sempre acredito veemente nelas. Sou teimosa. Às vezes sei que a tendência é para o lado oposto, remo contra a maré, quebro a cara, juro que nunca mais vou fazer uma tentativa frustrada de novo. E logo depois me encontro com um novo desafio, esqueço que existem matemáticas e estatísticas, e saio por aí pulando novamente de cabeça em uma piscina vazia. O pior é que meu problema não é a ilusão. Apesar de viver no meu mundinho “out”, tenho um senso muito bom de possibilidades. O problema é que eu não consigo parar. Só desisto no fim da linha, não tem jeito.
É essa tal de ansiedade que não deixa o estômago em paz. Me faz diariamente continuar a querer tudo como um sedento em busca de água (ou álcool, dependendo do caso).

O lado bom é saber que não existe conformismo em mim, apesar de toda a minha preguiça de existir.
O problema é o lado ruim. A ansiedade me tira o sono, me faz perder as estribeiras. Se eu coloco na minha cabeça que preciso dizer certas coisas a alguém, por exemplo, fixo nesta idéia. Fico matutando em como falar, vejo a melhor forma de colocar o plano em prática, o mais rápido possível. E normalmente tenho que esperar. Antes da minha próxima encarnação terei que aprender com o Gandhi a exercer a minha paciência.
Esperar pra mim é algo que me tira do sério. Me faz chorar, surtar, ter crises existenciais. Muitas das minhas maiores brigas com grandes amigos foram justamente pela espera. Ou furo, melhor dizendo. Aqueles que combinam algo comigo e me deixam horas a fio na expectativa ganham de presente a fúria de um monstro adormecido. Sou sempre muito calma, sutil com as pessoas. Mas minhas explosões fecham a mente.

Tirando esses sintomas, estou sempre querendo fechar ou abrir novos ciclos. Não gosto de não saber como ficarão as histórias que criei na minha cabeça. Os meus sonhos, até mesmo os mais singelos, são todos pra ontem. Pelo menos pra mim. E, é claro, tenho a maior dificuldade de acompanhar o andar da carruagem do tempo, da vida e das outras pessoas. Períodos de espera me trazem medos à tona. Eu prefiro perder do que possuir constantemente o perigo de perder. É como se as coisas se tornassem apenas “ganhadas” ou “perdidas”, mesmo sabendo que com o tempo elas se modificam. E então, acho que continuarei por muito tempo nesta minha saga de ganhar tudo o que quero, perder tudo o que tenho, e querer tudo de novo.

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Momento REDUTO

(arquivo) Texto em Quarta-feira, Fevereiro 15, 2006
Por Moara Brasil: famosa por colecionar cursos de faculdade,atualmente é estudante de publicidade da UFPA

Sinto saudades do que eu queria ser e nunca fui...nem nunca serei. Hoje eu estava vendo um filme interessante "Closer" e depois coloquei um Dvd com clipes do Smashing Pumpinks, bateu uma saudade não sei de que... na verdade eu sei! Porém veio tantas coisas misturadas, parecendo um filme de lembranças boas e engraçadas, atrapalhadas. Apenas lembraças boas que chegam a doer o coração. Lembrei de fatos interessantes de Belém, que não faz muito tempo. Acho que a uns cinco, seis anos atrás, quando peguei meu primeiro porre depois de ter levado um "chute na bunda". Foi com aquela medíocre bebida horrível que chamam vulgarmente de "buchudinha", quando pela primeira vez viajei sozinha no Carnaval, acompanhada de três amigos, para uma ilha que antes era pouco habitada. O meu primeiro sorrisal, lembro até quem arrumou para mim. As primeiras experiências entorpecentes, a empolgação para tudo.

Eu lembro de uns oito anos atrás também, de quando eu e minha "gangue" andávamos pelas ruas do Reduto, e mesmo sem dinheiro e sem nada, íamos de bar em bar na rua Quintino. Começava ali no bar do Reduto ( aquele que depois virou drum´n bar ), ao lado tinha uma garagem, e mais adiante o Skol Rock, que antes era Art Rock café. Lá no Skol Rock foi a primeira vez que eu vi a banda "A Euterpia" com um dos seus primeiros integrantes, eu também vi um dia o louco do Serguei ( naquele tempo que o Kaveira chamava-o para Belém ). Essa época era o tempo das bandas de garagem, foi uma epidemia de bandas cover de rock da cidade.Tinha The Doors Cover, Led Zeppelin Cover, Raul cover, uns tocavam na Insanu, eu lembro bem que entrava com identidade falsa. Belas táticas.

Ainda tinha o Sindicato ( que hoje funciona o Santa fé ), local onde frequentavam as figuras mais bizarras e freaks de Belém, tinha desde o punk gótico ao grunge estiloso. Pessoas de preto e seus coturnos interessantes. E suas conversas estranhas, sonhadoras, musicais, inteligentes, doentes.Pessoas bipolares, futuros jornalistas, futuros artistas, músicos loucos e talentosos. Lembro até daquela banda: Mandrágora, que na época adoravam tocar The Doors, banda que surgiu rápido e sumiu de repente. Todas as meninas queriam namorar alguém que tocasse alguma coisa, é , se bem que hoje não é diferente. Sempre temos a nossa paixão platônica por meninos de banda. Sentimento mundial.

Alguém lembra da Festa da Comunicação? Que rolava num local ali na 28, putz! Eu esqueci o nome, foi lá também que conheci boas bandas paraenses, e namorei caras estranhos. Lembro dos discos do Frank Zappa que achei por lá, e uma grande coleção de The Beatles.

Saudade até de quando eu e minha "gangue" iamos para Icoaraci fazer absolutamente nada, apenas olhar os campeonatos de skate, íamos escondido nos domingos e voltávamos pela noite, de bonde.

Como estou nostálgica, senti saudade da melhor viagem da minha vida, dos meus primeiros quinze dias loucos de julho em Algodoal, onde os chamados descolados levavam suas barracas e cantavam musicas de viola, tomavam cachaça com leite condensado, e depois mais quinze dias loucos em Salvador com alunos de Direito da UFPA. Saudade de quando dentro daquele ônibus feio e lotado rumo ao Ened, vi meu coração palpitar pela primeira vez por alguém e vi também o amor ir embora pelos meus dedos pois achava que não merecia ser feliz.



Alguém já viu esse vídeo?De 1999. Belém, qual a sua tribo? Tosquéerrimo, ri muito, assistam.




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Os ansiosos - insatisfeitos

Por Carol Barata.
“O mundo lá sempre a girar. Em cima dele, tudo vale”


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Pessoas ansiosas sofrem. Sofrem de gastrite, sofrem por viver muito. Não conheço um ansioso que seja satisfeito. Quer dizer, ainda não conheço. Mas assumo minha predileção pelos ansiosos-insatisfeitos, os que roem a unha, os que tem sentem dor no estômago por viver demais, por sentir demais.

A insatisfação é o que não deixa parado. Eu vivo com um misto de inquietude com alegria. E haverás de me perguntar o por quê dessa alegria se não estou satisfeita. O bem-estar se encontra na busca, em estar sempre buscando o algo mais, o je ne se quoi da vida e das pessoas. Não estou parada, não vivo parada, não me contendo com pouco.

Eu tenho metas, sim. E muitas. Mas não sou daquelas que diz que precisam colocar seus planos em prática. A parte ativa dos planos é viver. É dia-a-dia, é o cotidiano safado que surpreende, que te dá reviravoltas nos planos e no estômago.

Eu sou feita de sentimentos e pele. Muita pele, muita química que arremata a minha epiderme. Coração e estômago que sentem tudo na mesma intensidade. A cabeça racionaliza, o corpo se move, o coração sente (tudo), mas quem padece mesmo é o estômago.

Os que se sentam em frente à tv e se satisfazem, são tristes, me dão pena. Os que (só) se sentem felizes em meio a amigos de bar ou de ocasião, nas baladas, esses... bem, estes a meu ver são medíocres; não sabem ficar em silêncio e ouvir a si mesmos. Esses tipinhos são satisfeitos com as frivolidades dessa vidinha imunda e cômoda que geralmente nos leva.

E eu? Ah, eu levo minha insatisfação para passear! Eu a levo quando vou ao cinema e também quando vou a uma festa. Eu a levo em mim quando um trabalho meu é elogiado ou quando quero sair correndo de um emprego porque ali não sou feliz. Eu me permito ser intensa e por deveras vezes, me permito sentir tudo até o fim, até que a morte me separe de sentir, até que o meu sentir sinta-se completo. Eu? Eu vivo e estou muito viva o tempo todo, 24 h por dia.

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Meu vira-lata Catatau

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Moa Brasil Quinta-feira, Março 16, 2006

Eu tinha 10 anos, era magrela, dona de cabelos imensos e lisos, negros.Morava ali na municipalidade, perto da Vila moreira Gomes, numa casa grande de altos e baixos. Hoje eu lembrei de um cachorro que eu tive, um vira-lata, meu querido Catatau. Magro, alto, de pêlos amarelados. Catatau virou lenda na familia, na época ele devia ter 10 anos também, uma vez fui conversar com o meu tio e ele achava que o cão tinha desaparecido em Abaetetuba, quando o cão foi morar lá, mas não. Meu tio tinha esquecido, um dia mamãe foi lá pegar o cachorro de volta.

Catatau era um cachorro único, só faltava falar,acho que é dom de vira-lata ser muito inteligente e companheiro, ele sempre estava na rua, assim como eu, ele com seu bando da sua espécie, e eu com meu bando também.Catatau já foi pai, daqueles canalhas que só pega a cadela para cruzar,e depois cai fora. Meu cão era um animal eficiente, matava todas as baratas, matava os ratos e ainda latia para mulheres e homens feios quando eu mandava.Mas o bichinho tinha um sério problema, era um problema que talvez todos os cachorros tenham, mas o Catatau encarava-o como um verdadeiro filme de terror.Se o Catatau sumisse por uns dias de casa, sabiamos quando ele aparecia...nas tempestades.

Quando fazia sinal de que ia chover, e relâmpagos apareciam, lá vinha Catatau a mais de mil kilomêtros por hora. Atropelava quem tivesse pela frente, o primeiro trovão ele chorava "caiin caiiinininii", no segundo trovão o coitado do Catatau se escondia de baixo do que tivesse pela frente, sofá, fogão, armário, no tanque de lavar roupas...e uma vez incrivelmente ele entrou no freezer de tanto medo.

"Calma Catatau", mãmae gritava. E eu?Eu me espocava de rir junto com meus irmãos. Catatau tinha um pânico descontrolado que nenhum psicanalista iria dar jeito, e quando chegava o fim de ano?A tempestade de fogos e artifícios?Aí sim era um filme de terror, daqueles de botar medo em qualquer um, um bom filme como "a bruxa de blair" (eu tinha medo) ou o Jason(eu também tinha medo!).

Numa dessas explosões de fogos de artifício, eu vi o Catatau ficar branco e se meter num local inesperado, o quarto temido por todos nós...o quarto escuro que ficava no quintal.Dessa vez eu bati palmas para o Catatau!Ele merecia.

Ás vezes eu ficava refletindo sobre como originou esse problema no Catatau, será que ele foi abandonado pela mãe numa tempestade de raios e trovões?Será que ele não é daqui?Morou um tempo no oriente médio e seu dono era um Homem-bomba?Não sei, nunca consegui chegar a uma conclusão convicente, poderia apenas ser uma caracteristica da sua personalidade.

Um dia Catatau não voltou mais para a casa, e se estivesse vivo até hoje ele estaria com 23 anos, assim como eu. Mas na minha imaginação ele ainda está vivo, agora se ele morreu..deve ter morrido ou do coração, ataque cardíaco fulminante, ou numa dessas tempestades atingido por um belo raio.

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Cafageria

Por Lunna


Eu já sabia. Quer dizer, tinha dúvidas até entrar naquela festa e te cumprimentar. Mas quando isso aconteceu, eu já sabia. Teus olhos me contaram absolutamente tudo o que eu queria saber. E me arrancaram o vestido pra longe do palco. E me comeram ali mesmo, porque mesmo que eu ache que nunca é comigo, dessa vez eu tinha certeza. Os goles de uísque, misturados com cerveja, só fizeram confirmar. E então paramos de nos esbarrar de propósito e ficar um do lado do outro sem falar nada. Foi fácil quebrar o gelo. Foi fácil porque tudo o que transborda em ambas as partes é a coisa mais simples do mundo.

Foram meia dúzia de besteiras no diálogo mais idiota e sem sentido que eu já tive. Mas eu gostei, e teus olhos subiram meu vestido e puxaram meu cabelo. Me tiraste pra dançar e não desgrudamos mais até o fim da noite, o início do dia, não sei bem. E discutimos a nossa relação, a nossa curta relação, como se fizéssemos piada. E éramos completamente errados, mas não conseguíamos disfarçar o deslumbre do nosso encontro. E eu me impressionava com a grandeza dos teus olhos, todas as vezes que eles tentavam passar a mão por debaixo da saia preta de cetim.

Nada de romantismo. E eu gostei disso. Foste o cara mais direto de todos, o mais cafajeste e o que menos me subestimou. Nada de princesinha, lindinha, bonequinha. Um verdadeiro cara de pau. E eu gostei de tudo isso, mesmo escondendo de ti com os meus piores palavrões (que, diga-se de passagem, eu também adorei). Me olhavas como quem olha com a cabeça debaixo, e não conseguias te desviar. E eu me senti a Sharon Stone em Instinto Selvagem, só que com calcinha. E tu não podias me tocar porque era errado. E mesmo assim me comeste a noite inteira com teus olhos de caminhoneiro tarado.

Entrei no carro me sentindo a última cerveja da grade. Da festa, da cidade, do mundo. Como me fazes bem me olhando desse jeito. Eu adorei. Adorei porque contigo eu sou safada. Porque eu me sinto a rainha do despudor e mais sexy que a boca da Angelina Jolie. Porque me achas tão doida, errada e imprudente que eu me sinto exatamente assim. E como é bom deixar de ser aquela menininha tão sensível e cheia de sonhos parecidos com os de todo o mundo. E mais maravilhoso ainda é chegar em casa rindo, com o ego nas estrelas e sem idealizações nem mesmo de uma ligação ou de um casamento. Nada, nada. Como é bom, meu Deus. Não sabes o quanto eu rezo para encontrar o amor da minha vida, o quanto eu me dedico a qualquer idiota que eu acredite ser o tal do amor, e o quanto já me fizeram mal por causa disso. Não sabes porque pra ti eu sou foda, muito foda, como me sussurraste baixinho. E contigo eu me sinto mesmo muito fodassa, fodona, fodérrima. Não sabes nem mesmo que eu odeio azeitona, que tem dias que eu trabalho mais de dez horas e que eu sinto muito frio domingo à noite, mesmo quando faz muito calor. E que eu fico mais bêbada com champagne do que com cerveja. E que eu me acho muito burra quando eu não consigo gravar as fotos do computador pro CD ou quando eu não consigo diferenciar o Corsa do Corola. E eu adoro. Nem preciso esconder isso de ti, porque teus olhos só conseguem me ver como uma loira gostosa, mesmo com a minha bunda mole e os meus flancos de Papai Noel. Também nem cogitas a possibilidade de eu ter te falado a verdade quando disse que nos últimos três meses eu só fiquei com dois caras. Tá bom, tá bom, foram três. Mas o último nem conta, porque foi só um beijo rápido. E tu achas que a minha listagem já chega ao trigésimo oitavo. E eu adoro. E teus olhos me comem como nenhum outro, e eu me casaria contigo se me prometesses esses olhares todos os dias da minha vida. Mas com a gente não existe nenhum pingo de filminho na manteiga. Contigo eu sou safada. E tu és o melhor cafajeste do mundo. E eu gostei.

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Confusões de um cérebro feminino.

Por Lora Cirino

Sérias reflexões acerca de mais estudos, mais cuidado com o corpo, mais certeza de que é difícil aturar os homens, mas que eles são necessários.
E agora? O que fazer para as mulheres que se acham modernas e pensantes conseguirem o que querem? Se sentir satisfeita - o que parece sempre impossível - não meter medo em ninguém, atrair mais dinheiro, mais trabalho, mais scarpins, mais terninhos estampados, mais maquiagem da MAC, mais sexo de qualidade e mais viagens?
Abaixo a TPM das que tem - coitadas, a irritação com pequenas coisas, os atrasos da menstruação, o enjoo do trabalho, a limitação do mercado e do cérebro dos homens.
Os homens... criaturas tão perfeitas por serem tão irritantemente imperfeitos. Só não precisava inventar apelidos ridículos (urgh) e achar que tá sendo sexy, nem de uns atos que dão abuso para sempre, nem nos fazer descobrir que os cases de sucesso são os piores, por criarem espectativas, nem serem parecidos de costa com aquele cara que tá beijando outra no bloco e nos fazer sentir tanta raiva a toa, muito menos beijar tão bem e transar tão mal.
A semiótica só vai fazer com que a insatisfação aumente, mas é como diria o Matanza: "bom é quando faz mal".

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Propagandas Greenpeace

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Fotografia: Tasos Vretos
Por Moara Brasil

Em momentos de discussões sobre aquecimento global, vale resgatar aqui a campanha de 2006, feita em outubro, pelas agências
Fortune Advertising, Athens, Greece. O diretor de arte Stelios Livanos criou a campanha "Save energy, save the planet from your own home." Algo como salve a energia, salve o planeta na sua própria casa. Essa brincadeira com os bonequinhos, ilustrado pelo Constantinos Lazogiannis, colocando os anuncios em vários cantos da nossa casa, como no computador, ar condicionado,etc é algo simples e criativo, que surte efeito imediato. Alguem já tinha pensado nessa idéia?Eu acho até um pouco econômico brincar com miniaturas, aliás, é uma tendência que vem adiquirindo peso em muitas propagandas, inclusive nacionais.
Fica a reflexão, você quer cuidar do mundo?Então comece aí mesmo, na sua própria casa. Economizando água, tomando banho em pouco tempo, não deixe a torneira aberta, não fique gastando agua na mangueira pra lavar o carro toda a vida, não deixe seus equipamentos ligados na tomada, pois puxa energia..pior vai ser a tua conta!Bye bye.

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Entrelinhas, entrenós

Por Sofia Brunetta.

“ O assento de sua poltrona é flutuante, em caso de pouso na água...”( quem sobreviverá e acertará retirar a tal bóia?)
“Uma vez eu coloquei, mas estava bêbado.” ( sujeito, pela última vez em sua cama).
“Você é linda, uma mulher maravilhosa...” ( princípio do fim).
“ Não é com você, é comigo” ( fim, nada criativo).
“Eu me orientalizei pela escola.” (De ângela Bismarck que esticou os olhos para desfilar no carnaval. È sua 44º cirurgia plástica).
“ Que lindo!” (Luciana Gimenez respondendo à Ângela e boiando como sempre.)
“Vamos derrubar” ( Ana Julia Carepa para resolver o problema das penitenciárias no Pará).
“Eu ganho R$ MUITO,00 e estou em busca da mulher certa” ( mala, malando.)
“Me relaciono com uma pessoa especial” ( meu futuro amigo gay).
‘Tinha que ser mulher mesmo!”( beócio, no trânsito).
“ Tinha que ser mulher mesmo!”( namorado, no trânsito).
“ Tinha que ser mulher mesmo!”( Pai, no trânsito).
“ Eu acredito em você”( mas não lhe darei um aumento, apenas mais trabalho).
“ Qualquer coisa me liga” ( chefe ganha bem...)
“ Eu te ligo” ( você, levando um fora do sujeito na manhã seguinte).
“Você tem certeza disso?!” ( namorado prestes a deixar de ser.)
“ Não vá se arrepender depois” ( desesperado).
“ Temos pão de leite, queijo e tomate” ( comandante anunciado o variado cardápio).
“ No momento nosso sistema está inoperante” ( eu mudo hoje de operadora).
“ Vai demorar um pouquinho senhora...” ( uma revista pelo amor de Deus!!!).
“ Como você está diferente”( ex, querendo levar você pra cama).
“Você está ótima!” ( rival, observando que você engordou).
“ Obrigada” ( #*%@ você, respondendo mentalmente).
“ A senhora poderia estar retornando mais tarde? ( você poderia estar reestudando o emprego do gerúndio?)
-“ Oooooiii....( atendendo a esperada ligação, depois dos três toques necessários).
“ Sua chamada será encaminhada para a caixa de mensagens...( abuso).
“Isooooo garota!” ( você, comprovando que a menstruação é um mal necessário).
“ Foi a última vez!” ( ressaca moral temporária).
“ Primeiro você sente o aroma, depois sorve lentamente...( someliê à mesa, que medo!).
“ Você é muito nova para entender (Sua mãe, atestando que não possui mais argumentos).
“ É loura, né?” ( e você é o primeiro a ser demitido quando eu for chefe)
“ Ò louraaaa!!!!( a galera da oficina dando um up em sua auto estima).
“ Só mais um pedacinho” ( Você, mentindo pra si mesma)
“ GORDA, KG” ( a balança respondendo com a verdade).
“ O pai da Maria Clara” ( Faustão, apresentando a próxima atração).
“ Um cãozinho esperto pra cachorro “ ( locutor da sessão da tarde e discípulo de Faustão).
“Você está acabando comigo!!!” ( TPM)
“Velha!Velha!” ( crise pré trinta)
“Ah...eu te amo!!!” ( limite do cartão liberado)
“Limite de peso ultrapassado este elevador não se movimentará”( de autoria de algum magricela sádico).
“Por favor aguarde, contando cédulas” ( bem vindo dia 30!)
“ Máscaras de oxigênio cairão sobre a sua cabeça”( quanto tempo teremos até perdermos a consciência e nos espatifarmos no chão?)
“Nossaa!!!Não sei se cabe...” ( você, atestando que já viu maiores)
“Devagar...”( você, doida pra ver a novela)
“ Mais pra direita...agora pra esquerda...não!” ( sua amiga tentando ajudar a estacionar o carro).
“ Enrola, enrola, desfaz, desfaz...”( o flanelinha, piorando e muito a situação).
“Você não tem menor?” ( bombonzeiro, ensionando como se perder uma venda).
“ Um dia você vai dar valor” ( seu pai, tentando ensinar sobre economia )
“ Ihhhh Ummm! IHHH dois ihhh agacha, agacha, e vai e vai! ( ginastiquês)
“Depois você entrega o relatório, faz o orçamento, analisa os dados ( chefe, sendo chefe).
“A propósito, tem uma coisa preta nos seus dentes” 9 você, devolvendo).
“Eu aodro trabalhar aqui, é gratificante”( você, ensaiando o pedido de aumento).
“Imagina, vamos dividir!” ( feminismo você me obriga a perder dinheiro)
“Ah!Ah!AH!AH!ah...”( ai, quero minha cama)
“E-N-O-R-M-E!” ( você, provocando inveja nas amigas)
“ Bom? Nunca gozei!”( vingança entre amigas)
“ Prefiro um pequeno brincalhão que um grande bobão” ( explicando seu paquera japonês).
“ Eu não sou mais esperta que um aluno da quinta série”( eu, tentando postar este texto)
“ “ ( espaço para seu comentário).

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Roupa colorida em alma preta e branca

Por Carol Barata

Gostava de ler um livro todo só num dia, de fumar um cigarro em jejum, de andar descalça, de lavar o cabelo todo dia, de roupa colorida. Na verdade, gostava da vida colorida que tinha há uns anos. Gostava de ouvir música alta de cantar mais alto ainda mesmo sem saber a letra direito. Gostava de passear de carro durante a chuva e odiava quando a chuva estragava o cabelo. Gostava de comer muito e disso, ainda gosta. Gostava de dormir até mais tarde, de nescau gelado, muito gelado, daquele de de dar dor nos dentes. Gostava de Carlton Red, de Malboro Light, do cigarro e da sua fumaça fétida e incômoda. Gostava de ser a última a sair das festas. Adorava a noite. Gostava de rock dos anos 80 e de lugares alternativos. Gostava de andar pela Braz de Aguiar à tarde, de ver as mangueiras exalando um cheiro singular depois da chuva. Gostava muito da sua casa, um apartamento com estrutura diferente a dos atuais, tinha um ar de anos 70, um quarto com banheira – não suntuosa, mas simples e velha. Gostava de comer caranguejo “toc-toc”, aquele que lambuza bastante e só é bom se for assim. Gostava de passear no shopping aos 14 anos. Mas disso já não gosta mais. Gostava de ser exagerada, de sentir tudo, de falar tudo, de achar que sabia de tudo.

Hoje?

Ah, hoje gosta de poucas coisas. Poucas pessoas. Até do que realmente gosta, quer largar. Talvez tenha aprendido que a vida só é realmente confortável aos que se acomodam. Viu que a quietude, a acomodação deixa os seres mais felizes ou simplesmente, quietos e parcialmente satisfeitos em seus cantos. E a quem planejava conquistar o mundo com letras, palavras e frases, a quem sorria por prazer e não por obrigação, sobrou pouco do que gostar. Sobrou muita apatia, muito descrédito, muita desilusão, muito pouco de si.

Sobrou saudade de andar a pé de madrugada, de ter para quem ligar num momento de angústia. Sobrou o que a vida deixa no seu percurso: saudade. Muito mais do que não teve, muito mais de quem não teve, do que já foi. Sobrou a sensação de sobra, de resto, de comida deixada no prato depois de uma farta refeição. Sobrou apenas o refrão da música preferida, apenas as capas dos cds que foram deixadas em idas e vindas. Sobrou o frasco do perfume favorito, apenas o frasco e a essência de que um dia ele esteve ali. Sobrou a vontade de ver filmes novos, de gostar de novos filmes, de ouvir música nova de gostar mais, de ver mais, de viver mais a arte. Sobrou aquela velha impressão que o talento pode ser apenas fraude. Sobraram muitas cartas, muitas fotos e muitas escritas de um tempo que não volta mais. E sobrou sem piedade o questionamento sobre o que seria diferente se em algum ponto do percurso isso ou aquilo tivesse sido feito de outra forma.

Sobrou gente para criticar, apontar o dedo, dizer como se deve fazer, comer, vestir, usar e desusar de si mesmo. Sobrou gente por todos os lados, sempre falando, julgando, falando, falando e quando enfim o silêncio chega, os gritos dentro de si são quase que ensurdecedores. Os gritos que vêm de dentro são tão fortes que imobilizam. Não te deixam alternativa senão não ouvi-los. E para quem sentia tudo, sentia até demais, sobrou angústia na procura daquela pessoa que pode ainda estar no meio dos gritos, aquela que gostava de ler um livro todo só num dia, de fumar um cigarro em jejum, de andar descalça. Aquela que tinha a alma colorida assim como as suas roupas.

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O universo virtual de Judith (1 parte)

Desde pequena, Judith sempre foi uma apreciadora do mundo da informática. O seu primeiro computador tinha tela verde, e ela vivia jogando um tal de Prince of Persia[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=_zyQ_OVyhNE] (que fique bem claro que em 90 ainda não existia o youtube) depois ela descobriu o universo na internet. Amava o barulho que fazia ao conectar-se com o mundo "shiiii..puu..shiii...dr..s.ss.puuu" e viajava no "word wide web", pesquisava no "yahoo" e fazia parte de salas de bate papo como o "mirc". Judith foi crescendo, desenvolveu hormônios e feromônios, e o que mais a surpreendia era a quantidade de informações que a internet podia arquivar num servidor. Judith estava delirando. "É muita coisa, agora tem um tal de google, acho que o google vai explodir a minha cabeça,a minha perna não para de balançar.Por favor, CADÊ os meus BARSAS?"E o BARSA respondeu “pronto, aqui estou http://www.barsa.com/”.

Judith queria saber sobre "Fernando Pessoa", e lá estavam todas as obras completas do português. Judith queria saber do Leonardo Di Caprio, e encontrava milhões de fotos e comentários de diversos internautas do mundo. Derrubaram o Word Trade center, Judith fuçava na mesma hora as últimas notícias sobre o atentado. Ela sorria maravilhada, quanto mais horror, mais encantador.

Judith assustava-se, ela não conseguia acreditar que isso era possivel, então passou a ser frequentadora assídua do mundo virtual, com medo de perder qualquer lançamento. Uma vez ficou trancada no quarto durante uma semana, quando descobriu que podia também baixar toda a discografia dos Beatles no Soulseek. Os olhos e ouvidos desta filha dos anos 80 não eram mais os mesmos.

A mãe de Judith, dona Juana, preocupava-se. "Ela não é mais a mesma, vive trancada no quarto dela, agora está usando até óculos, nunca a vi com namorado, a não ser uns estranhos rapazes que aparecem aqui em casa de vez em quando, acho que ela deve conhece-los pela internet,só pode."

Ninguém sabia o que fazer com Judith, pois era um comportamento compulsivo, algo no sangue, incontrolável.
Judith descobriu o poder do MSN, agora tudo ficava mais fácil. Ela podia conversar em tempo real, assim como o mirc mirc1ex1.jpg , mas de maneira mais privativa e eficiente, e, o melhor, quando ia para a balada ela podia, ao invés de pedir o telefone, pegar o msn do gatinho. Tudo ficava mais fácil, afinal Judith era tímida para certas coisas. Horas no Telefone?Nunca mais.

Judith ficou apática quando inventaram o orkut, aquele site de relacionamentos. Agora ela podia ser amiga de diversas pessoas no mundo inteiro. Judith mergulhava no mundo orkutiano, lia perfis, encontrava amigos de muitos tempos, da época em que ela fazia a 5º série no Colégio "Teresina". Msn?Agora não.Perguntava para os rapazes se tinham orkut, as coisas ficavam mais divertidas pra ela. Procurar o nome do carinha era bem mais interessante,era só saber o nome e o sobrenome do dito cujo. O problema que Judith se desencantava rápido com os perfis dos homens que ela procurava. Judith pirava e pensava "Por que com a internet ficou mais diifícil se relacionar por aí, o que deveria ser mais fácil?".Mas ela persistia, afinal, Judith nunca desistia.

***Mais "O universo virtual de Judith" nos próximos posts.

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