quarta-feira, 11 de março de 2009

Das grandes coisas pequenas

Eu te peço, mesmo sem dizer nada, te peço. Não deixa. Por favor, não deixa. É sempre assim.

Depois de um tempo vira comodidade. O encanto vira cotidiano. As palavras bonitas, banais. As rosas, murchas. O humor, alterado. O cuidado, de lado. Nunca apontamos o dedo um para o outro, nem pelos piores motivos. Nem por eles. Agora, sim. Por toda a nossa infantilidade, orgulho e exagero. Mas eu peço, não deixa, é grande demais, é bonito demais, cuida, por favor, do nosso jardim.

Você diz que eu me importo com coisas pequenas, mas talvez não saiba que certas coisas morrem devagar. Por uma falta de afago, por um dia sozinho na chuva, pela ida solitária à oficina. E até mesmo nas coisas mais banais, sabe? Como disse Cazuza. Quem não gosta de um bilhetinho apaixonado grudado no box? Uma mensagem na madrugada de segunda-feira? Você gosta, eu sei. Mas morre de preguiça de escrever no celular e esquece de me fazer aquela surpresa de aniversário porque amanhã é dia de jogo. E depois de amanhã precisará estudar. E amanhã? Ah, sim, é nosso aniversário de namoro, né? É... Ah, foi ontem, né? Desculpa, amor...

Eu bem sei que tenho uma sensibilidade que de tão grande é chata. Mas mais uma vez alguém consegue usufruir o lado bom disso e apontar o dedo pro lado ruim. “Amor, faz isso por mim?”, faço. “Amor, faz AQUELA missão impossível comigo?”, faço. “Amor, gostei tanto desse quadro!”, e eu já tenho um presentinho pra você. Porque eu SOU assim, gosto de agradar até demais, e tudo o que eu quero é que não me olhem como uma besta. E não tirem proveito desse sentimento pra não ter mais “dedos” com as palavras. E não se acomode, por favor, eu imploro, rolo no chão, puxo a sua bermuda, POR FAVOR, não se acomode.

Só pelo fato de querer conquistar todos os dias não significa que eu já to conquistada. Por que será que sempre a interpretação é essa?! Será que não é bom agradar demais que aí a figura se acha o mais novo rei da cocada preta e pronto, acha que pisar amacia. Não é assim. Isso me murcha como poucas coisas nessa vida. Isso me faz fechar o coração. Não é por nada, não. Não é vingança, raiva ou vontade de matar. É pior. Decepção. Vontade de ficar longe e falta de vontade de agradar. Chegou a hora de me recolher. E ir dormir sem sonhar com nós dois.

2 comentários:

Miss Invisible disse...

Nossa! Acabei de me ver no seu texto^^
Engraçado como a gente acaba se identificando. Mas o mais engraçado é como a história não muda, só os personagens^^

11 de março de 2009 às 20:15
Carol disse...

O pior é que pisar amacia mesmo, antes de endurecer de vez, é claro.

19 de março de 2009 às 21:57

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