Maneiras divertidíssimas de matar um palhaço que insiste em fazer graça com a sua cara.

Por Anna Carla Ribeiro


 


1)- Palhaço que é palhaço curte tortada na cara. Isso mesmo, sufoque o engraçadinho com um suculento doce tamanho família, para não ter erro. O sabor? Limão. É importante que este procedimento seja feito durante o verão, mais precisamente a céu aberto, ao meio-dia. Além de uma morte bastante idiota, ninguém vai conseguir parar de rir no enterro do cara, ou melhor, da cara de palhaço que ele já tem naturalmente, só que agora com um leve toque de estampa de girafa.


 


2)- A opção número dois é de eficácia 100% comprovada. Primeiramente, certifique-se de que você, garotinha juvenil, é mais estabanada que um chipanzé com fome numa loja de cristais. Sempre reprovou na brincadeira do cuspe? É campeã em destruição de retrovisor? Você nasceu para matar, bonita! No circo tem palhaço, tem, tem todo o dia. E não existe circo sem lançamento de facas, correto? Pegue aquele figurino super tendência que você viu o rapaz usando no carnaval de Vigia, quando ele resolveu mostrar quem realmente é e virou o clone da Rogéria. Não esqueça da meia arrastão. Toda a sua vida valerá este momento ao ver ele gritar como um rosquinha. Atire as facas chupando laranja.


 


3)- Circo, palhaço, animais. Tudo a ver. Não falo do cara, falo dos leões. Assim como a primeira opção, você também deve se inspirar no verão para cometer este assassinato. Sabe aquela tanga de bolinhas que você viu no comércio?! E aquela viseira super transada que você comprou para a sua titia-avó Zuleide? Como você não tinha pensado nisso antes, Mariazinha? O palhaço mais este super conjunto seria o último grito em Paris! Certeza!  Mas como Paris é longe e você tem pressa, jogue o cara para desfilar na arena dos leões. Como toque regional, se inspire nos veranista de Outeiro e dê leves pinceladas de blondor camomila nos pêlos do cheio de graça. Saia de lá cantando “O verão é dos loiros, neném, neném...”.

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O próprio

Por Anna Carla Ribeiro


Ela já não o esperava. Fora abandonada como uma noiva no altar, logo por ele, sempre a deixando de saco cheio com as suas idas e vindas intermináveis. E por mais que tentasse, era difícil viver sem ele. Felicidade, alegria, esperança, sorte. Já percebeu que todas essas palavras são femininas? Mas sem ele, o outro lado, o lado que talvez pudesse dar vida (também feminina) a todas essas feminidades, era difícil, bem difícil.


Mas ele chegou novamente em sua casa com a velocidade de quem precisa matar as saudades. Estava mais magro, ou melhor, menos pesado. Não lembrava nem por relapso ser o grande destruidor de todo o seu chão. Agora ele abria as janelas e ao invés de estraçalhá-las, deixava o sol entrar. Ria do seu medo de aceitar tal mudança, de construir uma nova casa, dessa vez mais iluminada e com a base mais firme. Ela o convidou para entrar, mais por educação que por vontade, e ficou parada vendo a audácia daquele que de diversas formas sempre entrava em sua vida, em sua casa, com todo aquele jeito tão espontâneo que chegava a incomodar.


“Agora vai ser diferente”. Ela teve uma vontade enorme de dar uma gargalhada daquelas macabras quando ele disse isso. Ora, pere lá, meu bem! Foram anos e anos de fatos estúpidos, dores desnecessárias, mágoas que brotaram por nada e foram embora por tudo. Tudo por ele. E elas, as mágoas, continuavam ali, surgindo, crescendo, desnecessárias e capazes de realizar fatos estúpidos. Agora chega, ela precisa descansar, entende? Ele sorriu e fez menção de acender um cigarro, para ela. Ele não fuma.


Aos poucos ele foi mostrando que precisava aparecer em sua vida para ajudá-la a compartilhar a experiência daquelas coisas banais do dia-a-dia. Precisava de uma forcinha para arrumar aquela gaveta cheia de tralha, um ombro para encostar o seu pescoço cansado e até mesmo um trouxa para ouvir os seus berros de raiva. Ele precisava estar com ela o tempo todo, na hora que ela calçasse o seu salto alto vermelho, no vapor da panela que ela preparou para o jantar, no caminho interminável e quente do seu carro até a repartição.


Sem entender, ela o deixou ficar. No começo ficava ali, no canto da sala, meio desconfiada, meio sem graça, vendo ele colocar uma música nova e dançar como se fosse retardado. Ela não queria pensar, só rezava para que, sei lá, de repente, ele tomasse jeito e dessa vez não saísse destruindo cama, quarto, varanda. Se fosse para ir embora, que a deixasse assim como entrou: pela porta dos fundos e leve como uma pluma.


Passaram-se semanas e eles já trocavam palavras soltas, às vezes até piada. Aos poucos foram conversando sobre o tempo – o que passou e o que está por vir – e foram, juntos, se conhecendo. Conseguiram se definir. Ontem foram juntos ao quintal e enterraram todas aquelas tralhas feias e cheias de lamúria que ela insistia em deixar penduradas na estante. Ela não precisava mais daquilo. Era outra, agora mais forte, mais leve e até mais bronzeada pelo sol. Quando ela o encontrou, do jeito certo, na hora certa, conseguia sorrir até mesmo sem motivos. Quando ela o encontrou, o amor, o próprio amor, o amor-próprio.

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Daniela, uma fortaleza.


Por Moara Brasil


Parece que só agora, apenas nesse exato momento, é que Daniela conseguiu entender todas as grandes mudanças que aconteceram na vida dela. As escolhas mais loucas que fizeram o seu destino ser assim. E ela começou a acreditar na vida, e não questiona mais as mudanças bruscas do destino, nem a dor na hora mais difícil. O vento passa e ela analisa o que ele transforma. Se hoje ela tem poucas manchas na pele, é porque ela escolheu passar protetor solar nos dias mais quentes. Se o cabelo dela está ressecado, é porque tintura no cabelo realmente prejudica.


Inúmeros homens passaram na vida de Daniela, mas ela conta nos dedos aqueles que ela escolheu para viver a paranóia da paixão. E os poucos que Daniela se apaixonou, todos a machucaram de tal maneira que refletiram no que ela é hoje em dia. Mulher desconfiada, na maioria das vezes, muito calada, e quase sem coração. Ela defende que a maioria dos homens não merece a beleza do amor de uma mulher, e veste essa camisa como uma proteção feminista. “Meu coração eu só dedico um pedacinho para os homens”.


Sim. A maioria não merece nem 1/4 da paixão de um coração feminino. E é por isso que os homens sentem tantas dificuldades de lidar com esses tipos de mulheres: as mulheres bem resolvidas. Assim ela acredita.


Daniela tornou-se forte. E a fortaleza dela não significa que tinha virado uma filha da puta, mas sim uma mulher livre e desencanada. Ela tem vários homens, mas nenhum homem a possui por inteiro. Quem sabe um dia alguém mereça todo o amor guardado nesse coração fechado...


Daniela aprendeu a se proteger dos vícios e cuidar de si mesmo. Lembrava o quanto não era bom acordar em quartos estranhos, e ter uma saúde difícil com aqueles cigarros, cheiro de álcool e amor desprotegido. Ela já tinha feito muita coisa errada...


Mas agora Daniela enxergava tudo melhor, tudo uma beleza. Desencantou-se com alguns conceitos de sentimentos, pegou a mochila, penteou o cabelo, pintou de loiro e seguiu seu rumo.


A felicidade já estava dentro dela, e ela resolveu trabalhar nisso. A vida começava a ter mais cores e a trilha sonora que ela tanto sonhara. Cada escolha tinha um sabor que Daniela apelidava. Se vestisse uma saia, ela ia ter sabor de menta, se escolhesse aquele bar, ele ia ter sabor de uvas.


Ela era uma fortaleza. E Daniela foi andando sem medo, com apenas um objetivo: de levar a felicidade ao mundo.


 



"Que beleza é saber seu nome
sua origem, seu passado e seu futuro.
Que beleza conhecer o desencanto
e ver tudo bem mais claro no escuro"

 (Tim maia)




 

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Queria entrar em você

Por Selene Rilke

Ele tocou na minha pele molhada e pediu mais, como se fosse a primeira vez. Nos beijamos desesperados, como se aquele momento fosse o único de tantos outros que estariam por vir.

Nós somos assim, ele olha para mim me comendo, e eu me alimento desse olhar. Eu gozo até quando ele fala e sorrir para mim. Coisa de pele, mas também de espíritos, a gente se combina. Mas eu odeio esse jeito dele, de não me assumir. De ficar nessa, cheio de mistérios.

Ás vezes dá vontade de entrar na cabeça desse malandro para saber quais as pretensões dele. Quer apenas me comer? Está me cozinhando? Tem medo desse meu jeito? Me acha doida e por isso nem alimenta uma relação mais clara? Não sei. Ou acha que eu quero por acaso uma união estável? E também nem me esforço em perguntar, em cobrar, afinal, eu não posso cobrar nada.

Em tão poucos meses, em poucos momentos e encontros intensos sem compromisso estão fazendo eu ficar louca e viciada por ele. E esse merda nem é tão bonito, mas tem charme, tem dengo, tem um tchan que só vendo. Experimenta! Não, eu não quero que ninguém experimente!Ciúmes!

Então procurei me afastar, sumir da vida dele, encontrá-lo por acaso. Sem hora marcada, sem telefonemas, sem scraps por orkut, sem MSN. Seria tudo controlado pelo destino.

Mas o destino, esse sacana, só me coloca nas situações mais estranhas. Então eu o encontro, nem que seja andando de madrugada ao nada. Ou tomando um sorvete na esquina de casa. E é assim, nessa cidade consideravelmente grande e cheia de habitantes, eu o encontro em todas as baladas. Parece até piada, mas o destino faz isso. E a gente se olha, se come, se rasga, se lambe. Mas sem levar compromissos para casa.

E só depende de mim para colocar um fim nessa história. PALHAÇADA! Logo agora que ela está ficando apimentada?Que nada!

Então eu o encontro na praia, volto para a esquina de casa, e a gente se esbarra em mais uma noite safada. Lá vai eu me fazer de novo de babaca! Uma viciada sem compromissos, uma escrava desse destino desconhecido.

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Apaixonadíssima

Por vivi


Percebi que depois de todos esses anos, me apaixonei por alguém que nunca imaginaria que pudesse conseguir.

E como toda paixão, só consigo pensar nessa pessoa, nos amigos dela, viver os planos dela. Como é legal, mas dessa vez a pessoa não é do sexo oposto. Nem sou homossexual. A paixão é por mim, Euzinha da Silva.

Peço desculpa a todos que cruzaram o meu caminho nesse momento. Eu como toda boa apaixonada, não consigo ver nada além do meu ser amado. Quero apenas, satisfazer as minhas necessidades e de quem participa da minha vida. Amigos e família. Somente isso. Tento, me esforço, faço de conta que tá tudo normal, Vivi 2007 - a eterna e excelente apaixonada. Se jogava de cabeça, achava que ia casar e ter 17 filhos, e que sempre era o carinha certo.

Péééééén! Resposta errada. Relação errada. E lá se vai mais um desencontro.
A verdade é que, quesito paciência: ZERO! Quesito: Disponibilidade para encontros românticos: ZERO!

Eu quero meu poder de ir e vir. Decidir o que fazer da minha vida. Sair com os amigos, viajar, dançar até cansar, rir bem alto, usar mini saia, ter um grupo de amigos onde só eu sou a mulher do carro, convidar minhas queridas, Lora e Moara – Consultório Emocional LTDA, pra tomar aquela gelada de quarta (?), sem ter a preocupação de ter que ligar e avisar ninguém. Nem inventar as mais bem elaboradas desculpas. Não agüento mais DR’s, gente peloamordedeus, como é que eu conseguir fazer tudo isso um dia? Eu mudei tanto, sou tão diferente até mesmo pra mim, que me apaixonei.

Pois é Santo Antônio, agora não dá. Gastarei todo o meu dinheirinho que antes era investido em constantes presentinhos surpresa, com roupas super legais, livros, dvd’s, gente tudo pra miiiiiim... meu quartinho cheio de coisas legais pra gente usufruir.... Ai, quanta felicidade com essa minha nova paixão.

Chega me olho e me vejo mais bonita no espelho, não sei se por estar apaixonada ( e vocês sabem que paixão nos deixa cego) ou se por realmente estar mais bonita por conta da paixão. Hehehehe, difícil filosofar quando receptor e emissor são a mesma pessoa.

Enfim, não vou tentar dar testada em ponta de faca. Mesmo que meu vicio seja sempre construir relações, as vezes as mais bizarras possíveis, agora só quero eu. Decidi levar em frente os meus mais audaciosos planos, morar longe, investir na carreira que sonho. Arriscar ser tudo que lá dentro da minha fértil cabecinha sempre quis. Cortar de verdade o cordão umbilical, da cidade que me acolheu, da família que me ensinou a ter as maiores virtudes que admiro num ser humano. Dos amigos que nem consigo explicar o que são pra mim, por serem ao meu ver, fragmentos do meu próprio ser. Vou me arriscar por esse amor. E espero que esse seja eterno enquanto dure, porém não mais mortal, posto que é chama.

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Uns riscos novos na nossa história

Por Lora Cirino

-Hahahaha. Da outra útima vez tu disseste isso.
- É, só que da outra vez eu gostava de ti, agora não.

Uma noite extremamente mal dormida e bem vivida, combinação de ácaros do apartamento fechado, lembranças sem dor e uma força absurda de corpos se debatendo.

Ainda bem que o espaço era novo, isso fazia tudo ser diferente, tua nova casa me representava tua nova vida e me levava para longe de ti. Não existia mais a mesma música, a mesma porta que teimava em abrir, nem os cheiros dos lençóis, nem tínhamos que entrar na beira do pé. Agora éramos 32 anos mais adultos, o tempo era enorme, mas nada que termina como terminamos tem um ponto final de verdade. A tua nova tatuagem ficou bonita, adorei! Mas até isso te fazia diferente, até porque agora eu tinha que dormir do outro lado, para não te machucar e depois percebi que nem olhei a outra que eu tanto gostava. Pintaste meu amigo, mas continuas igual, não mudas teu repertório e isso nos faz rir.

-Tás com sede? Tás bem?
-Tô com sede, mas também tô com asma e tu?
- Tá gelando lá, vamos esperar. Eu sou muito burro, devia ter colocado antes. (falas pra dentro, como sempre)
- É. Tu és muito burro mesmo. hahahahaa. Tás com sono?
- Não. Passou.
- Então fica acordado comigo um pouco.

Teus planos eram outros, espero que dessa vez se concretizem, só pra eu poder te admirar também, além de todo o resto. Agora sem sofrimento, sem dor, ou melhor, com dor, de tanta força que a gente fez.

Me deste um susto porque de repente era aniversário e tu estavas igual a antes, aceitei o desafio e vi que não dava pra sair dele, nossas risadas, os teus braços, meu preferidos, as minhas pernas, tuas preferidas e as nossas lembranças, principalmente das manhãs “dredadas”, com cabelo de surfista e música.

Continuamos achando engraçado o jeito que a gente dança e age, porque parece que não passou nem um dia, apesar dos anos. E aquele fato de não falarmos nada é melhor ainda.

Te olho por um tempo, percebendo minha diferença no espelho e minha indiferença no coração. Não adianta, até agora ninguém te vence, continuas sendo o melhor, em tanto tempo. Pego minhas coisas e te deixo dormindo, sem necessidade de te acordar, nem dramas, nem nada. Agora eu já consigo te beijar sem te acordar . Sair, bater a porta sozinha, deixar a chave lá dentro, não te telefonar e com tudo isso, não sentir nenhuma dor.

É bom descobrir as modalidades que um amor pode alcançar.

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Histórias bizarras do Toulouse


Por Moara Brasil
(Baseado em fatos reais contadas por moradores do Toulouse )

Aquele prédio na Pedreira sempre foi meio estranho.... Certa vez me contaram que naquele terreno existia um cemitério, e eu sei que isso parece papo furado, ou histórias de peixe grande. Eu mesma não acredito nem em Deus, quando mais em espíritos. Mas desde que construíram o Edifício Toulouse, diversos acontecimentos ruins e inexplicáveis começaram a acontecer.

Quando eu me mudei para o apartamento do Toulouse, eu havia comprado por um preço bem barato, e fiquei muito animada por isso. Mas assim que coloquei os pés naquele prédio, senti que a energia no meu apartamento não era muito boa. Não fiquei amiga nem dos meus vizinhos, sempre tive repulsa à vizinhos. No máximo eu dava uma "boa tarde" e um "boa noite", e nada mais. Na minha cabeça, vizinho só serve para pedir colheres de açúcar.

O meu apartamento era pequeno, com apenas três quartos, um banheiro simples e uma sala retangular consideravelmente grande. O teto era baixo, o apartamento era todo pintado de branco e havia uma varanda simpática que dava para olhar todo o bairro ao redor, e a enorme periferia da Antonio Everdosa.

Acontece que eu morava só, e com três filhos. E fatos sinistros começaram a acontecer no meu apartamento. Uma vez, quando eu estava conversando com o meu colega Lucio, pelo telefone, ouvi a voz de um bebê chorando do outro lado da linha. E não foi só eu, o Lucio também ouvia. "Esse choro é da tua casa?", perguntei aflita. E Lucio disse que não, ele pensava que era da minha residência. Coloquei no ouvido do meu marido para averiguar se ele ouvia, pois podia tratar-se de alguma interferência na linha, e o mais absurdo é que meu marido não ouvia nada. Só pude concluir que eu tinha alguma mediunidade e que o choro vinha do meu apartamento. Mas deixei passar adiante este fato.

Esse foi o primeiro fato bizarro, pois no dia seguinte acordei com estridentes barulhos de sapatos no andar de cima. Começou lá pelas seis e meia da manhã, e durou em torno de uma hora. No fim da tarde, lá pelas seis e meia, o barulho voltava. Tudo bem, imaginei que devia morar alguma mulher chata e estressada que adorava andar de salto alto pro lado e pro outro no apartamento de cima.

Já fazia uma semana, e os barulhos continuavam nos mesmos horários de sempre. Não era possível! Irritava até mesmo os meus filhos, que ouviam barulhos semelhantes aos de peteca rolando no chão.

Minha filha mais velha, de 9 anos, tinha uma amiga no apartamento do lado. Um belo dia, quando ela estava entrando em casa, vi a mãe da amiga dela. E não resisti em perguntar se a vizinha conhecia a os moradores do andar de cima. Dona Lindomar disse que morava apenas uma mulher, mas que não gostava da energia dela, e que até deixava a Bíblia aberta na sala porque dona Lindomar também não se sentia muito bem em morar no Toulouse, e que não via a hora de se mudar daquele lugar.

Ao lado do Toulouse estavam construindo outro prédio, e dona Lindomar havia me contado que a sua filha ouvia vozes estranhas nas madrugadas, vindas do prédio em construção ao lado, que só tinha cimento e tijolo. A filha de Lindomar já nem dormia mais sozinha no quarto.

Meses se passaram, e eu já estava até me acostumando com os barulhos “toc toc toc” atordoados vindos do apartamento de cima. Foi então que o meu filho caçula acordou um dia qualquer, de madrugada, perguntando quem era a moça que estava sentada passando maquiagem no rosto, na sala. Fui correndo ver do que se tratava, e não enxerguei absolutamente nada. Não tive outra escolha, no outro mês resolvi me mudar de apartamento, pois esses fatos já eram um pesadelo, e anunciei o aluguel no classificados.

O grande problema era se alguém iria alugar a minha residência, ouvir aqueles malditos barulhos e se incomodar com isso. O apartamento foi logo alugado, porém, semanas depois, a minha inquilina, a Jucilma, me ligou muito invocada:

-E impossível morar em seu apartamento! Eu não agüento mais a vizinha do andar de cima, já mandei reclamação para o sindico e não resolveram nada!

Então tomei uma decisão e fui até o Toulouse conhecer a tal vizinha barulhenta , nada impediu que eu fosse finalmente desvendar o mistério daqueles malditos barulhos. Acompanhada do porteiro, do síndico e da minha inquilina, apertamos a campainha do 602. Senti um odor de rosas que vinha do apartamento dela, e foi quando abriu a porta uma senhora, de cinqüenta e poucos anos. Ela tinha uma aparência muito abatida, e vestia uma roupa um pouco démodé, e para o meu espanto, ela estava de sapatilhas, e foi quando ela falou suavemente para nós:

-Olá, o que vocês desejam?
- Nós queríamos saber de onde vem o barulho que pertuba o meu apartamento.
-Barulho? Eu moro só. Como são esses barulhos?
- Senhora, barulhos de sandálias de salto alto. Um barulho que vem da sua sala.PERTUBADOR!

A Jucilma, muito revoltada, foi abrindo a porta e entrando no recinto. Mas para a surpresa de todos, a sala era toda de carpete. O que conclui que era IMPOSSÍVEL nós ouvirmos um barulho tão estridente como os que havíamos ouvido sempre.

A sala dela era toda cheia de fotos de uma garota muito bonita. Sem argumentos, pedimos desculpas e saímos de lá, todos muito atordoados. Em seguida, o porteiro Zé nos disse que a garota era a filha dela, que havia morrido de câncer há uns anos, e segundo os vizinhos, a mulher era muito próxima da filha, e a mesma não tinha se recuperado desse falecimento.

Ninguém nunca conseguiu morar no meu apartamento, um grande prejuízo que eu tive, até então, foi ter comprado esse maldito local no Toulouse. Soube, recentemente, que um morador do prédio havia se suicidado com um tiro na cabeça, e por motivos desconhecidos.

Nem meu pai conseguiu morar lá, ele teve que voltar para o sítio dele em Abaetetuba. Meu pai é médium, e as reclamações dele foram as mesmas de sempre: os barulhos vindos do andar de cima, do edifício do Toulouse. Alguém, por favor, quer morar por lá?

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Quem te inventou fui eu

Por Lunna

Pela primeira vez não consegui te olhar nos olhos. Não dava pra ver. Era feio demais, tu me parecias feio demais, tive medo de me assustar. Baixei a cabeça para nunca mais te ver, e assim espero, de verdade, que sumas do meu caminho como uma pedra arremessada no fundo do rio. Ver-te me dói, me assusta. Cresceste como um golias capaz de me devorar de raiva, de mim mesma. E que as correntezas do tempo façam passar esse aperto que eu sinto de tê-lo perdido. Não falo de você, amor. Falo do tempo.

Não podia ser. Onde é que se enfiou aquele menino que me fazia completar os mais belos dos sonhos? Aquele que de tão cheio de princípios, de bondade, de risos e carinhos me fazia sentir tão menos? É, amor. Eu me sentia uma desequilibrada perto de ti, tão cheio de responsabilidades no trabalho e na família. E eu, que bebo cerveja demais, que fumo compulsivamente todas as vezes que bebo cerveja, meio doida, meio cheia de opiniões, meio escandalosa, ainda minto pra minha mãe e tenho preguiça de cozinhar pro meu irmão.

Fui eu que te inventei, amor. Bolei as tuas mais belas qualidades, teu jeito carinhoso de me dizer a verdade, teu olhar triste pelas minhas besteiras, a certeza das tuas frases, o encanto dos teus fonemas. Fui eu que criei a preocupação que tínhamos de não nos magoar, de saber usar as palavras, de contornar as discussões. Fui eu que interpretei a piada que nos fez rolar de rir e desenhei os nossos olhares que mesmo distantes, se encontravam. Eu que escrevi o nosso roteiro, baseado em fatos fictícios que costumavas me mostrar. Fui eu, amor.

Derreteste a tua imagem na minha frente, e eu só pude olhar alguns segundos. Teu monstro me arrepiava e me fazia querer vomitar de decepção. Nenhuma vontade de chorar. Não foi tristeza, amor. Talvez um susto que gelou até a espinha. Um alívio também. Uma raiva de não ter te visto como és. Uma vontade louca de te devolver as mentiras e desculpas escabrosas que costumavas blasfemar. Quem tem o direito de inventar nessa história, amor, sou eu.

E agora que te enxergo com tudo o que eu mais abomino, faço dessa mágoa a transpiração de novos sonhos e te agradeço. Obrigado, amor, por ter feito tudo errado, pelas mentiras mal contadas, pela tamanha cara-de-pau que só não foi maior que a tua arrogância de sempre te achares maior que eu. Tua barca, amor, é mais furada que teus princípios, e só assim me fizeste ver o quanto a minha sinceridade prevalece. Meus erros, se é que foram erros, já foram apagados pelo martírio de meses que nem sequer valeram a pena.

Conseguiste me mostrar que sou bem mais alta do que pareço, amor. E mereço bem mais do que as migalhas que costumas oferecer. Pra desviar meus olhos da tua feiúra tive que olhar pro céu e erguer a minha cabeça de um jeito que nem eu mesma lembrava que era possível. E mais uma vez o final do desfecho foi a mais pura ironia. Tanto tempo depois, quando pensei que fosse morrer, me renovei. Tenho pressa, meus velhos sonhos continuam ansiosos e eu, mais do que nunca, quero provar de novas frutas, cantar outras músicas e contar novas histórias.

Obrigado, amor, por me mostrar que nunca existiu amor. Obrigado, amor.

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Maria do Carmo ou do Bairro?

Por Anna Carla Ribeiro

(A autora pede desculpas pelos textos mela-cuecas do caralho. Nem ela anda aguentando tanto nhenhenhem. É fase, gente! Já, já vai passar!)

Eu tenho um gênio fraco, sabe? Sou daquele tipo de gente que consegue lidar com quase todo o tipo de gente, menos os insuportavelmente implicantes. Eu sou implicante. Na verdade, meu gênio é fraco-forte, deve ser. Eu sou de uma leveza tão plena que algumas pessoas perguntam se eu não devo tomar café. Mas implico e tenho a mania de gritar de raiva, e de ficar com raiva muitas vezes e tudo ficar preto, a mente fecha e aí já viu, eu me irrito fácil. E então eu me faço o primeiro questionamento de tantos: como uma pessoa que consegue lidar com tanto tipo de gente de uma forma tão saudável pode ser ao mesmo tempo uma bomba a explodir? Sei lá.

Também costumo oscilar do muito forte pro muito fraco. Pras pequenas coisas, eu sou fraquinha, fraquinha. Costumo me magoar com coisas banais, tenho o choro fácil. A tal da sensibilidade invade as palavras, as pessoas, as janelas, os ares ao meu redor. Tudo por mim de alguma forma é percebida. Um riso forçado, uma mentira pra me agradar, o ar distante de alguém que está perto. Eu sempre percebo os primeiros sinais de mudança, antes mesmo de ela acontecer. Percebo calada. E isso dói e me faz desfalecer aos poucos.

Quando penso que vou desabar, até chego a preparar o terreno, e então, como mágica, eu viro a mulher mais forte do mundo.
Eu esqueço. Tão velozmente que chega a me assustar e eu costumo me perguntar se foi milagre ou se essa é uma espécie de evolução. Eu amei por anos. Eu sofri por anos. Eu esqueci em uma semana. Será que eu amei mesmo? E então me sinto tão feliz que quero abraçar o mundo com os pés, e apago todas as facadas que já enfiaram no meu peito com a facilidade de uma borracha no lápis. Me dá uma vontade louca de sair correndo e gritar de felicidade, tomar banho de chuva, morrer de rir, morrer de amar. E eu abro o meu coração pra esse mundo que tanto me fez mal com a ingenuidade da garotinha que eu deixei de ser.

A mulher maravilha esquece que também é de Atenas, coitada, e que todo aquele estado de espírito de intensidade total também é sinal de falta de proteção. De tanto me jogar de cabeça já perdi as contas de quantas vezes quebrei a cara. E sei que eu ainda vou quebrar outras mil, pois quando tudo passar me acharei clone do incrível Hulk e nada, absolutamente nada irá me deter. É um ciclo sabe?! Às vezes muito fraca, às vezes muito forte. Eu acho, sei lá. Costumo impressionar pessoas. Estou entre elas. Algumas acham que eu expiro submissão, a encarnação recente da pobre coitada Maria do Bairro. Outras me enxergam impecavelmente cheia de si, quase uma espécie de Senhora do Destino. Será eu a centrada Maria do Carmo ou a sofrida do Bairro?

Ah, quer saber? Eu sou as duas. Ao mesmo tempo.

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Mosqueiro e Mostarda na Lagarta






Por Moara Brasil

Mostarda na Lagarta? Nome que soa difícil sonoramente, mas ouvindo o som dessa banda, fica fácil entender qual a verdadeira proposta. Como eu sou uma tiete do meu irmão, desde quando ele nem tinha pentelho e resolveu se agarrar primeiramente com um violão, para hoje chegar na guitarra e não soltar mais ( até se meter a bateirista ele se mete). Finalmente coloco aqui o clipe produzido pela Lacus Produções, da banda que ele integra, bem divertido, dessa mulecada da Mostarda na Lagarta, vencedora do II Festival Acordes em Belém do Pará.

A banda acabou de gravar a versão final da música Mosqueiro pelo estúdio AM&T Pró Vintage. O single Mosqueiro está tocando direto na Rádio Liberal 97.5 ( e antes que algum underground conteste ), eles foram convidados para essa música ser tema de verão da Rádio. Eu acho ótimo, qualquer oportunidade é bem vinda.

Todos os integrantes tem em torno de 18 e 21 anos, tudo saindo da fralda, mas são muito talentosos, e com um ótimo potencial musical. A música deles tem uma característica, que não é novidade desde o tempo dos Mutantes, essa onda de Pastishe Musical, que revela ritmos populares com guitarras de rock. O ritmo brega/melody está muito presente nas suas composições, mas a novidade é justamente o humor da letra que vem acompanhado com os arranjos, sempre falando de relacionamentos toscos e com a fórmula do brega, e mais um pouco de Hardcore, blues, e blá blá blá. Eu vasculhei aqui o computador do maninho (Nelinho) e já ouvi muita coisa legal, e até um tal de brega blues (Podem acreditar!A minha favorita ). O Som autoral deles ainda não está disponível na web, apenas o single Mosqueiro. Mas não se agonie, brevemente estará pela internet. Eu já to babando e metendo o bedelho onde não é chamado!

Mas o que eu mais gosto é da performance irreverente e super irônica da banda (Quem já teve a oportunidade de vê-los ao vivo sabe do que eu to dizendo), e principalmente do Minhoca (Vocal), que interpreta muito bem alguns bregas conhecidos daqui de Belém, como "Conquista" do mestre Wanderley Andrade, lembra? "O meu amor virou brinquedo pra ti/ Põe na minha boca o mel/Logo em seguida o fel" (Destaque para a versão brega rock no refrão). Parabéns ao talento dos teclados de Dan Bordallo, o solo de guitarra de Nelinho Brasil, ao André detonando na batera e ao baixo de Flavio Neto. Esses meninos, se continuarem com essa formula irreverência+ ironia +brega + rock, irão bem longe. Eu apoio! E já estou esperando esse CD!

Substâncias:

Thiago Minhoca - Vocals & Guitarra
Nelinho Brasil - Guitarra & BackVocals
André Moicano - on the Drums
Dan Bordallo - on the keyboards
================================
Letra: Mosqueiro
Banda: Mostarda na Lagarta
Férias de julho vamos ter que passear
Mas sem dinheiro como vamos viajar?
Vamos pegar o beiradão do desespero
Vamos levar toda galera pra Mosqueiro

Quando chegamos fomos lá pro Morumbira
Me espantei com a quantidade de pipira
Não teve jeito não pude aguentar.
Primeiramente escondi meu celular.

Comprei logo uma garrafa de cachaça.
Lá vem uma pipira sem graça,
Toda cheia de espinha e curuba.
Cabelo pixaim,
Não tinha peito e nem bunda.

Mas como eu tô em ritmo de férias.
Eu não despenso, eu to pegando até mocréia.

(Refrão 2x) Férias de julho todo mundo em Mosqueiro.
Tá bombando, tá bombando o dia inteiro.
Muita cerveja muita vodka e birita, muito pivete, cheira cola e muita briga.

Já to porre não consigo mais ficar em pé
Cadê as muié?
Cadê as muié?
Ae vem uma loirinha de arrasar
Eu vou lá
Eu vou lá

-Oi, prazer, posso te conhecer? Meu nome é chico gostei de você.
-Credo, me solta, sai pra lá!
-Calma gatinha, olha aqui meu celular, eu tenho um carrão, e muito dinheiro
-Qual o seu nome mesmo?

Vamos sair, vamos namorar!
A noite é essa, vamos zoar
O Álcool acabou
O efeito ta passando
A noite terminou
Mas pra mim ta começando!

-Aê Garçom! Põe um brega ai porra!
(Refrão)

Orkut: http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?origin=is&uid=417066997703394265

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Manaus, 8 de julho de 2008

Por Sofia Brunetta

Hoje escrevo pra te falar das minhas saudades. Das nossas conversas, que senti teu cheiro, assim, tão perto, que se estendesse a mão poderia jurar que te encontraria. Não sei que parte do teu corpo minha mão alcançaria, sendo eu tão pequena perto de ti, mas a saudade foi de encontrar contigo, qualquer que fosse a distância entre nós. Diminuiria.

Eu encontrei outras pessoas. È fato. Tive coragem, segui em frente. Foi maravilhoso. Não minto pra você, nunca menti. Mentira. Mas sempre tentei agir de forma a te proteger dos problemas, do teu ciúme, da desconfiança. Não venci a rotina. Ela, implacável, estava ali, de passagem, e escolheu o teu coração como morada. Porque não o meu? Não adianta perguntar, meu amor, meu menino. Tão inexperiente quando te encontrei. Toda a euforia que eu te causava e que tantas vezes pareceu bobagem, é parte das minhas lembranças mais doces. Do passado que não volta mais.

Tenho que te confessar: estes dias que passaram- tão lentos, que eu poderia enxergar os minutos no cinza escuro de fundo- desejei tanto o teu sofrimento, quis tanto que sentisses dor, a angústia de faltar um pedaço, a inanição. Sentirias o vazio e toda a sensação de não sentir mais nada. Desejei que seguisses em frente olhando pra trás, remoendo tuas mágoas, a aflição de não encontrar quem te entenda. Quem mais que eu saberá o que fazer com tua pressa? Quem sabe o teu ritmo, conhece os teus detalhes?A história da tua vida? Que argumentos outra pessoa vai usar quando a tua teimosia falar mais alto que a razão? Como vais te sentir quando ninguém te der razão? E as palavras que sempre procuras para depois que a raiva passar?

Hoje escrevo pra falar de mim. Mas podia ser de ti, já que a tanto tempo nossa história virou uma só. Eu penso, tu ages. Eu quero, executas. Eu repenso, tu voltas atrás. E assim seguíamos todo este tempo, sabendo tanto do outro que se lesses esta carta sem nome, saberias que falo de ti. De mim. Já não sei.Saberias que todas as coisas ruins passarão antes mesmo que meu coração se inunde com o ódio que toma conta dos pouco amados. Eu jamais deixaria, meu amor. Nunca agiste assim. Sou grata pelo imenso amor, companheirismo e as muitas vezes que me deste abrigo, apoio, amizade, histórias pra contar, um apelido ridículo, os teus segredos, um tijolinho pra construirmos o lar que sonhamos pra nós. Um dia.

A ti, meu amor, desejo sempre o melhor. E que o melhor seja eu.

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Porcos e/ou chauvinistas

188471377_d348698d4b"Glutões de todo o mundo, discípulos de Baco, cultores do bom, do belo e do supérfluo, uni-vos: o prazer subiu no telhado. Ponham as carnes na grelha, aumentem o som, abram um vinho, reajam! Antes que seja tarde e o mundo se transforme numa barra de cereal. Light."

[ .Do texto "Pensamento único", de Antônio Prada. ]

Por Carol Barata

Ele: - Huuum. Salame! Que delícia! Vou comer todo esse pacote!

Ela: - Isso porque tu não comes carne de porco.

Ele: - Mas eu não como!

Ela: - Come, sim.

Ele: - Não. Eu não como porco. Só salame...

Ela: - Sim, meu bem. E salame é o que? Bacon é o que?

Ele: - Ah... mas pô. Só salame... e bacon.

Ela: - Pois é, mas ambas as coisas são feitas de carne de porco.

Ele: (Silêncio)

Ela: - Eu já sei: tu batizas o porco e o transformas em cordeiro, daí comes bacon e salame pensando que é filé de carneiro. Acertei?

Ele: - Sem graça. Fala sério...

Ela: - Isso é uma puta duma hipocrisia tua...

Ele: (Silêncio)

Ela: - Ah, bem relaxa. Eu também não como porco.

Ele: (Silêncio e espanto)

Ela: - Eles que me comem...

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Louros e epitáfios

Por Aimée

Eu chorei porque abri meu e mail e lá estava a oferta de um curso de fotografia com o cara mais fodasso do pedaço, numa cidade diferente da que eu moro. Porra, passei tempos e tempos querendo fazer esse maldito curso, querendo saber se esse meu feeling para fotografia é só mais um clichê de mente alternativa ou se pode ser um talento. Eu chorei, então, porque agora que tenho dinheiro, não tenho como e, portanto, mais um plano enterrado com o epitáfio de "poderia ter sido talento".


Saí para fumar um cigarro e fiquei lá, fumando sozinha entre um transeunte e outro, gente indo e vindo cheias de assuntos e problemas e eu estava lá, parada. Sem vontade de fazer nada, com o choro engatado na garganta porque eu tenho tanta pressa, mas tanta pressa, de tanta, mas tanta coisa, que não chego a lugar nenhum e assim, enterro planos de vida que ainda estão cheirando a leite, recém-nascidos, porque tenho medo de tentar até o final e frustrar o que levaria o epitáfio de "poderia ter sido a saída".


Acabo chorando porque sinto saudades dos amigos, da minha cidade e suas chuvas intempestivas, da comidinha light da minha casa. É, até disso eu sinto falta. E esse choro não passa, não quer parar daí acabo tendo que me refugiar no banheiro para ver se encontro paz. Lembro da minha família, do quanto eu queria (e quero) colo de mãe, de avó, de avô, de pai. Eu queria ouvir de todos eles – a família de sangue e a por opção – o quanto eu sou muito legal, muito inteligente, muito bonita e tudo de bom aos montes. Mesmo sendo mentira, eu queria. Meu choro pede um pouco de mentiras sinceras porque essa música do Coldplay está me deixando mais para baixo ainda. Daí eu penso nas minhas mancadas, com eles e comigo mesma e penso que "enterrei" uma série de coisas boas e pessoas que poderiam ter realmente abrilhantado a minha vida, se eu sem querer não os tivesse enterrado com o epitáfio "poderia ter sido muito, muito mesmo".


Daí eu lembro dele, de quando o conheci há um monte de anos atrás. Eu era boba, sonhadora, positiva e até romântica. E ele também era. Não tinha jeito. Éramos assim um para o outro. Viajamos para praia um milhão de vezes sem nem ter onde ficar só porque queríamos mesmo era aventura. Escrevi cartas e cartas e ele deixava bilhetes quando tinha que sair mais cedo do que a hora d'eu acordar. Eu tinha os dengos e ele os apelidos e tudo pouco importava, desde que fossemos uma coisa só, a nossa unidade sublime. Hoje, não consigo chorar por ele. Já passou. Enterrei-o com o epitáfio "foste meu grande amor. Poderias ter sido eterno."

Logo agora que a vontade de chorar passou, essa anta histérica que trabalha comigo e pior, senta ao meu lado, não pára nunca de falar. Isso sim me dá vontade de chorar. Por que é tão absurdamente difícil às pessoas calar? Quero silêncio, porra. Quero sentar no computador e escrever o que eu estiver a fim. Quero cada um cuidando da sua vida. Quero não mais ter que fingir que um assunto que não me importa poooooorcaria nenhuma é super interessante. Quero um carinha para dormir abraçada sem que sexo seja obrigação. Quero amar profundamente, mas estou seca, amarga e cansada de enterrar minhas vontades para poder agradar os outros. Estou há anos e anos enterrando minhas vontades e o que sou com o epitáfio de "aqui jaz uma alma profunda que emergiu a superfície. Assim, faleceu superficialmente."

Eu continuo pensando em quantas coisas mais vou enterrar: os livros que gostaria de ter lido e deixei pela metade, os amigos que pouco a pouco vou perdendo contato, os romances que deixei esvair por medo, as paisagens que perdi, as estrelas cadentes que passaram sem que eu fizesse sequer um pedido e a minha felicidade que tanto planejei e que era enfim, cheia de louros. Não de epitáfios

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A Sala dos sonhos


Por Moara Brasil

Não sei. Dormir no meu quarto já nao era mais confortável. Eu lembrava de todos os personagens que já passaram por ali, desde James Dean à Jim Morrison, de Bill Gates à Quentin Tarantino (é, eu sou esquizofrênica). Aquele meu quarto era muito estranho, e agora até a lâmpada já não queria mais iluminar o recinto. Acredita?

Um quarto simples, uma cama, um lençol, uma cômoda entre quatro paredes. Uma vez eu costumava ouvir muitas vozes e passos do andar de cima, do quarto da mamãe, e de madrugada, quando ela dormia, sentia medo! Eu me escondia no lençol de algodão fino que a mamãe um dia comprou para mim. Depois descobri que isso era reflexo das minhas dores psicológicas e a minha provável doença intestinal inexistente.

O meu quarto parece aqueles de kit net, muito pequeno, terrivelmente sem espaço e sem nada atraente. Aquele quarto de empregada que todo mundo conhece.

Agora eu dormia no sofá. Já tinha dormido naquele sofá europeu umas vezes, mas agora eu dormia com mais frequência. Era mais confortável, a sala era mais atraente. Eu gosto dessa sala, do sofá antigo, da televisão grande e dos milhares de vinis naquele móvel de antiquário. Dos 11 quadros do Van Gogh e do único quadro despintado do Monet, pendurados na parede que agora era coral. Uma vez, vi a moça do campo (do quadro impressionista de Monet ), mover-se lentamente. As nuvens dançavam e era um vento muito forte, o vestido branco dela balançava de acordo com a ventania (delírios esquizofrênicos).

Eu adorava olhar para o outro quadro, o quadro das "bailarinas da playboy". Sempre o chamei assim, pois toda vez que observava-o, com uma pintura de bailarinas nuas num camarim, eu realmente ficava com vergonha de ter aquele quadro que ganhei em 1990. Lembro de quando a minha mãe disse "esse quadro é para você", e eu não me senti muito bem com isso ( ECA!).

Na época eu fazia balé, e odiava fazer balé. Odiava aqueles passos chatos, e aquele bando de meninas magrelas e metidas, cheirando à talquinho, que tentantavam ter postura no mais elegante passo. A única coisa mais legal era quando a professora colocava para a gente ensaiar: o Mozart, Bethoven, e às vezes Wagner.

Em um espetáculo no Teatro da Paz (esses que toda mãe, com todo o orgulho, tem que levar as filhas para dançar em eventos de Natal), lembro que antes de entrar no palco, tive que levar uma fila de bailarinas frescas e patricinhas atrás de mim, e eu errei. Demorei muito para entrar! E entrei no tempo errado da música, eu achei foi graça. E nesse mesmo dia, senti muito ódio do Balé. Pois o espetáculo tinha acabado mais cedo do que o esperado, e mamãe não tinha ido me assistir naquele dia, ela só ia me buscar.

Fiquei ridiculamente na frente do Teatro da Paz, de saia de filó amarela e maiô de paetês amarelos, meia calça amarela ( tudo quanto é coisa amarela brilhosa, e cheia de purpurina, que pode ter numa bailarina pirralha ). Fiquei muito tempo sozinha e esperando alguém vir me buscar! E chorei. Chorei tanto, que chegou a ser ridículo. Ao lado do Teatro existe um Bar, como conhecemos (O Bar do Parque). E lá além de mendigos, bêbados, gente estranha, tem as putas, e elas foram me socorrer!Conheciam a minha mãe de vista e até sabiam onde era a minha casa. Eu, com apenas 8 anos, sendo levada para casa graças as Putas do Bar do Parque. É por isso que eu as respeito tanto até hoje!

Voltando a sala, toda vez que deito naquele sofá, observo cada detalhe. O abajour que é uma peça também de antiquário, os livros de todos os maiores pintores do mundo, a Bíblia aberta no Eclasiastico (e eu nunca li o que está escrito ali). O tapete que foi feito pela minha tia, com todo o carinho. As almofadas delicadas, a mesa que não é nossa. A decoração do Yen-yang que está colocada numa posição horrivel na janela, protegendo apenas a rua. E os livros roubados de Direito, do amigo do papai. A Paidéia, que eu só li algumas coisas ( que nem lembro ). O quadro do Rohit, revelando o ver-o-peso, e as fotos na escrivaninha.E...uma maldita foto minha de bailarina, com o figurino amarelo, eca! Ao lado uma vela amarela acesa, para afastar as desgraças.

Todos os detalhes da sala, que eu amo tanto. A sala que recebeu muitas visitas, desde Chico Buarque à Caetano Veloso, desde aquela mulher maluca que fala gritando ( a verdadeira esquizofrênica) até aquela mulher peluda (que tem enormes pelos no braço). A sala que já foi quarto de núpcias, e de baralhos atrapalhados. Que já recebeu amigos embriagados, e já teve cheiro de vomitos pelos cantos. Dos mosquitos chatos que falavam nos meus ouvidos, e daquela "brea". Todos os detalhes, que um dia sentirei saudades. A sala dos meus sonhos, a minha sala.

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Estado Civil: Solteiro

Por Sofia Pascolatto, guru espiritual, produtora de moda, analista de sistemas, comentarista esportiva, transformista e etecetra ltda.Solteira.

Estar solteiro significa se habituar a cumprir os rituais que envolvem o fato. Solteiros estão sempre caprichando no visual, freqüentando lugares com música alta, barulho e confusão. É fácil notá-los, andam em dupla, acompanhados de um amigo que também segura uma bebida na mão e olha para todos os lados. Dependendo da idade, o amigo já está começando a ficar calvo e você já tem uma barriguinha protuberante. Mulheres andam em bando, passeiam em trenzinho até o bar. As mais experientes se posicionam junto ao balcão e passam a noite com uma bebida na mão, para disfarçar a insegurança.À medida de seu desespero ou alegria por ter se livrado do traste, dançam freneticamente, balançando os cabelos recém pintados/quimicamente alterados de um lado para o outro.
Não existem regras para os jogos de sedução, mas algumas dicas podem ajudar a manter ou sair do caritó. Homens: evitem camisetinhas coladas, elas não caem bem nem em quem cultiva o corpo... regatas? Apenas para correr na academia.Você trabalha o dia inteiro e não vê a luz do sol há séculos. Seus braços não estão valendo o risco. Manga neles!
Para as mulheres, a regra é clara: pareça disponível, não desesperada: acredite, o seu futuro marido não vai se interessar em enxergar sua genitália embaixo da míni da balada. Tamancos? UUUUuui ...Prefiro não comentar.
Você pode ser mentiroso com o chefe, sua mãe, os vizinhos, para a ,moça do telemarketing, mas fale a verdade pra você. Como isso nem sempre é fácil/possível, seguem alguns questionamentos extraídos do MANUQUISECA ( Manual dos Solteiros Economicamente Capazes de Aparecerem em público)
-Estou acima do peso?(Homens) Não pergunte para seus amigos.
-Estou mesmo acima do peso?(Mulheres) Não pergunte para suas amigas anoréxicas.
-Tenho mau hálito?( Homens) Pergunte aos amigos, mas garanta um chicletinho para depois da resposta.
-Devo parar de fumar?( Mulheres)Suas amigas nunca dirão, por isso camufle a pergunta/resposta e garanta o chicletinho.
-Usei camisinha? ( Homens) Pergunte ao seu pênis.
-Vou lembrar de tomar pílula do dia seguinte?( Mulheres) Pergunte à sua consciência.
-Eu sei dançar?(Homens) Não pergunte a menos que esteja com espírito esportivo para piadas a respeito de sua sexualidade.
-Estou por dentro dos passinhos pós década de oitenta?(Mulheres)Pergunte ao espelho e observe o entorno. Dica: nem sempre abrir a roda quer dizer que você esteja acertando.
-Pareço um idiota com esta roupa?(Homens)Pergunte a si mesmo antes de comprar baby looks.
-Pareço uma vagabunda?(Mulheres) Pergunte ao espelho, na dúvida, aumente o tamanho da saia e não misture sombra azul com batom vermelho. Só o Sinhozinho Malta saberia apreciar...
-Ela está me dando bola! Ela está me dando bola?(Homens) Pergunte para ela.
-Ele só quer me levar pra cama ou está interessado? (Mulheres)Só pergunte se tiver certeza que sua amiga também não está interessada e/ou amargurada demais para responder com imparcialidade.
-Este carro é meu?(Homens) Pergunte ao manobrista e chame um táxi. Mas não insista, nenhum dos dois saberá seu endereço.
-Quem é este cara?(Mulheres) Faça o mínimo de barulho possível e saia imediatamente sem perguntar nada.
-Me dá o seu telefone?(Homens) Não pergunte, você não vai ligar.
-Será que ele vai ligar?(Mulheres) Não pergunte, você já é uma mulher adulta.

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Mi casa, mi corazon

Por Aimée

Desculpa minha bagunça é que tem tempo que não deixo ninguém entrar na minha vida. Se eu soubesse que chegarias, eu arrumaria o quarto pelo menos. Trocaria esse lençol sujo de outras noites, mudaria as paredes de lugar e as pintaria de uma cor bem alegre que combinasse com a possibilidade de uma nova vida.

Se você quiser, saio para comprar uma coisinha qualquer para comermos em frente à tv ou na cama, aí a gente pode discutir um pouquinho sobre comida árabe ou japonesa e eu farei uma gracinha qualquer sobre você não saber comer com os "pauzinhos". E vais dizer que tudo bem, que eu posso escolher e sujaremos o tapete da sala ou a colcha da cama com suas tentativas incansáveis de comer sushi.

Como toda mulher que se preze, não sei me arrumar em menos de uma hora. Melhor você usar o outro banheiro. Esse aqui está cheio dos meus cremes, óleos e perfumes – os quais espero que um dia estejam impregnados na tua pele, no teu travesseiro, nas tuas blusas e mais ainda na tua memória.

Faça o favor de não deixar sua cueca no box do banheiro. Já comprei um cesto para roupa suja, só para você. Nós faremos um trato sobre quem leva a roupa à lavanderia e quem pega. Daí começaremos a dividir não só a cama, mas as despesas, as tarefas e a rotina.

Separei para ti um espaço na minha vida, no meu coração e também no armário. Essas duas últimas gavetas do lado direito são suas. As primeiras são minhas. Os cabides vazios também são para você. Quero que tenhas teu espaço e não falo somente desse espaço físico que quero dividir. Quero que tenhas teu tempo, teus afazeres e tua liberdade para que assim, tenhamos muitas novidades para dividir ao fim do dia.

Na verdade, quero dividir tudo contigo - a casa e as contas. A cama e a vida - Mas multiplique-me. Faça-me perder essas manias individualistas. Apresenta-me mais livros, filmes, músicas, lugares e amigos. Só entre assim na minha vida, devorando todos meus sentidos, se for para somar.

Prometo que essa será a nossa casa, pode entrar. Fica à vontade. Vai ser aqui que recepcionaremos os nossos amigos, os meus e os teus. Nessa sala vão estar nossos livros e coisas nossas. E prometo também que se lavares a louça, eu cozinho e arrumo a mesa, sem problemas. Posso ser todas as mulheres de Chico Buarque para ti, posso fazer teu doce predileto com açúcar e com afeto.

Pareço uma felina, independente e dona do espaço. Uma clássica egoísta. Mas depois de tantos domingos na cama de bobeira e de cafuné descompromissado, verás que eu sou mesmo é um cão vira-lata, me rendo facilmente a quem me agrada e ao resto, eu me adapto. Eu rosno e até mordo de vez em quando, mas te ver dormindo me causa uma paz, uma vontade de ser dócil para sempre que, sei lá. Acho até que virei um poodle de madame. Quero andar em casa toda fofinha e cheirosa só para te agradar.

Venha como vier, mas venha. Preenche esse vazio e toma para ti o meu plano de ser feliz a dois. Entra aqui, na minha casa, na minha vida e em tudo que me cerca... e fica. Vem para ficar até quando quiseres e se assim for, até quando ambos quisermos.

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Três por quatro


Por Sofia Brunetta


Havia tempo que ela não experimentava a companhia das amigas. Estas, leais a ela qualquer que seja seu estado civil , físico ou emocional. Todas estavam diferentes: cabelos, maquiagem, e ela quase poderia prever as tristezas de cada uma, ali, disfarçadas embaixo das muitas camadas de rímel .O mesmo que a anos ela experimentou, gostou, indicou. Contou as pressas, entre uma piada e uma espiadinha no cardápio do bar vagabundo que escolheram para este momento tão íntimo. Único. Não houve lágrimas. Um ponto final com tudo dito, sem rancor, sem remorso. O tempo passou para eles e as amigas eram o bem vindo e necessário alento. À moda delas: Nada de choro, promessas, mentiras, carinhos e ombro amigo. Elas são vivas, vividas demais pra isso.

-Vamos para a praia? Quê?! Vamos!!!

Uma sucessão de imprevistos que não duraram mais que uma hora e meia, o suficiente para ela saber que estava entre amigas. Estavam todas ali, cantando freneticamente, falando palavrão. O carro lotado: três passageiras emocionantes e emocionadas com o acaso, a vida que elas estavam deixando pra trás, a paisagem mudando. Lembraram das outras, tão longe, tão presentes nas lembranças engraçadas de viagens, dos finais de semana sem nenhum dinheiro e cheios de risadas. A faculdade, quanto tanto tempo... sobraram tão poucos amigos na cidade. Os muitos amores e suas particularidades. O passado, a vida no colégio, cabelos, a estrada. Ignoraram os dias, meses em que não conversavam como antes. Foi como ontem.

- Vamos ouvir o quê?
-Quebra –mola? O que é isso? Ops, desculpa!
-Pequeno...Gigante...Nada demais... Tudo!!!!
-A quantos quilômetros?
-Aonde a gente vira?
-Sabes trocar pneus?
-Estou cheia de pneus.
-Não Grita amiga!
-Meus Deus! Lembra desta música?

Compraram o suficiente: gelico e gasolina. Para o tanque, que fique claro.
Fotos recentes. Há três anos o álbum antigo anunciava que a vida correu antes que ela pudesse falar de seu amor incondicional. Quantas farras teria perdido?”Estás com sono amiga?” Não queria dormir. Perder mais uma vez a cumplicidade. As novidades, o desfecho das histórias que deixou de ouvir. Passaria a vida inteira ali, na estrada sem fim, dos sonhos que ela compartilha a tantos anos com elas. Com as outras. Diferentes. Iguais.

Durante toda a viagem, percebeu que nunca teve jeito com as palavras, apesar de ganhar a vida falando bem da empresa para os outros. Tentou ficar bêbada e chorar. Angústia presa na garganta, desde que ela deixou pra trás a vida que construíra com tanta dificuldade.Tentou uma vez mais. Novo gole.Maracujá, graviola,cajá...fica bem com cupuaçu? O chefe. O ex. De que tamanho estará o Fernandinho?O novo pretendente um tanto displicente. O sol, a pele ruim, a gordura localizada, a Vodka quente. R$3,00?Cerpa Gold? A inflação, a Dona Ruth, coitada, as plásticas da Dona Marisa, a situação do país, os primos que partiram sem avisar. A reprise de Pantanal. Os quebra-molas. A idade chegando. O vôo dali a poucas horas. O cansaço, cheiro de aeroporto, barrinhas de cereal.... O retorno à rotina.

Uma lágrima à beira do mar. Sentiu-se despida. Havia o sol, o mar, a música de qualidade duvidosa cantada com a mesma alegria por solistas- vocalistas amalucados.Vazio? Elas ali. Tão amigas. Tantos anos. Tanta vida para trás. Os muitos momentos que elas ainda viverão: caminhos cheios de curvas perigosas, tortuosos. Fotos, risadas, mãos dadas.

Do espelho, o dia ficando vermelho... Novo álbum. Para a tristeza uma três por quatro sisuda, documentando os erros a corrigir... E a estrada, tão longa, parecia marcar novo encontro logo ali em frente.

Vamos amigas?

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