sábado, 27 de dezembro de 2008

(Além do que se vê) os meus tantos poucos anos

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"O amor, ah, o amor: eu quero porque quero da vida"


Oswald de Andrade


 


 


Ouvir “eu te amo”. Dizer “eu te amo”. Falar “ou vai ou fica”. Ficar só. Chorar no escuro. Chorar por dentro, sem uma lágrima. Dormir ouvindo Chico. Contar estrelas na beira da praia. “One, two, three, floor” com tequila. Amnésia alcoólica. A dor de partir. A dor de ver partir. Saudades da infância. O sonho da escadaria e eu caindo, caindo. O sonho do carro desgovernado. A luxúria, ah, a luxúria. Tua mão me tocando em lugares públicos. A voz dele ao telefone, tão igual há tanto tempo. O nascer do sol numa beira de rio. O calor obsceno no carro e a terra avermelhada na lembrança. Aqueles óculos com lentes alaranjadas. Praia, areia fofa infiltrando-se pelos dedos dos pés a cada passo. A um passo desse tal paraíso de tantas cores. Lisergia num universo paralelo que só cruzava para nós. A chuva de folhas. A chuva com gotas grossas, doloridas na pele. Os pés calejados, a alma mais ainda. Traições, mentiras, promessas e partidas. Será que você sabe que construo diálogos e situações à distância? Acho que sou louca, ou tô pirando. Ah, falta-me fôlego para tanta luxúria. Banho de mar de topless. Gozar. Gozar a vida. Gozar dos outros. Gozar de si. Fazer amigos. Desfazer prejuízos. Reconstruir. Fazer aniversário. Não ver sentido em viver. Acordar querendo dormir ainda. Dormir. Dormir mais. Comer. Comer muito, compulsivamente. Sofrer sorrindo. Ménage a trois. Beijar aquela boca. Ah, que bocas, que olhos, quantas pernas. Os raios solares incomodando. Óculos escuros para disfarçar olhar de quem tem a alma iluminada existem? Músicas novas, novas sensações. Novas pessoas. Pessoas antigas renovadas. Sofrer, ah como dói no peito sofrer. Amar. Existe amar demais e amar de menos? É possível voltar atrás depois de dito “eu te amo”? É... eu descobri que é, porque deixei de amá-lo. Ou nunca amei. Sei lá. Deve ter doído. Cantar Beatles em cima da mesa. Sentir o vento frio na cara, cortante. Ligar de madrugada. Ficar na vontade, no desejo, na lembrança. Ler. Reler. Nascer. Morrer só um pouquinho todo dia até morrer um montão de uma vez só. E por isso renascer a cada queda e nascer puro a cada encanto. Reviver. Esquecer, apagar ou rabiscar. Tanto faz, o importante é deixar para trás. Recortar e colorir. Cheirar cada parte do teu corpo e lembrar-se de ti enfiando a cara no meu travesseiro e respirando forte. Insegurança no café da manhã e arrogância no jantar. Duas gotas de coragem no café preto e um cigarro forte para inspirar. Respirar fundo e ter plena consciência de que não importa o que a aconteça. O normal é que acontecerá tudo de novo, se Deus quiser.

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