sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Das pontas

Por Alice

"E se eu cortar o cabelo, talvez seja a solução do conflito
- cortar o cabelo é muito bom, pq a tristeza fica nas pontas"

Não sei de quem é a frase ou se é trecho de letra de alguma música de banda de rock alternativo que tem nome sem nexo, tipo "sapatos bicolores" ou "chove e não molha". Não sei e nem quero saber. Mas vou tentar tirar das pontas dos cabelos a metade da tristeza que não estou sabendo exprimir. Vou passar um dia inteiro num salão folheando revistas que falam coisas fúteis sobre a vidas das celebridades somente para que a minha pareça um pouco mais ridícula e sem glamour.

Vou fazer planos no salão de beleza, mas não planos de verdade e mais coisas do tipo "farei 10 zilhões de hidratações de chocolate-açúcar-morango". Vou tentar tirar a palidez da cara e as pontas "mortas" (como o cabelereiro fresco fala) para que a minha cara pareça só um poquinho mais viva que a  minha alma.

A dieta eu vou planejar para segunda-feira (sempre a próxima), a malhação ficará (sempre) para o mês que vem. Daí me organizarei para ler todos os livros que quero e ver todos os filmes da locadora que eu puder e isso eu farei, tenho certeza.

Vou polir o visual e o intelecto para que assim que as pontas se forem, nas primeiras tesouradas, eu sinta um poquinho de passado indo embora de mim e que as pessoas me olhem não como um ET que acho que sou e sim com um super-mega "puxa, como você está diferente".

Eles não verão as mudanças que se passaram aqui dentro do meu peito, mas é... eu mudei tanto: de cabelo, de roupas, de amigos, de endereço, de cidade e foram tantas mudanças que fica até difícil reconectar. Entre idas e vindas de duas realidades disttintas mas tão interligadas entre si, eu me pergunto  se realmente estive nesses lugares ... ou flutuei ... terei eu passado em branco? Eu passei, fui e vim. Fui e voltei.

Agora é mais um recomeço. Cheguei com um mala apenas. Vou-me embora com uma mala e mais oito caixas. Cheguei com tantas dores mais e tão poucas viagens de barco. Vou-me embora um pouco curada e um pouco ferida dos cacos que sobraram de grandes brigas internas. Vou-me embora com muito mais fotografias na mente, imagens de vagalumes, "gringas' sunday morning", a chuva de folhas amarelas na ventania e a temporada da queda das flores amarelas do ipê em setembro. Sempre setembro. 

Eu vou recomeçar de novo, só que agora muito mais slow motion. Começando tudo com a paicência e a sapiência necessária para que assim perdure. Vou começar pelas pontas soltas que deixei.

Viver ainda é amar (ou não é?) e se o "love is a loosing game", bem vou-me perdendo por aí. Amando mais a qualquer coisa que me traga a felicidade simples que ganhei aqui. "Um dia eu volto quem sabe..."









PS: Não tente fazer disso aqui uma forma de me conhecer. Eu te desconheço tanto quanto você não me conhece. Let it be, ok?

2 comentários:

lucas disse...

hmmmmmmmm

4 de outubro de 2008 às 00:30
Ami disse...

Amei esse também!

"Não tente fazer disso aqui uma forma de me conhecer. Eu te desconheço tanto quanto você não me conhece. Let it be, ok?"

Será... Humm...

14 de dezembro de 2008 às 11:21

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