quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sapatos

Por Lora Cirino

Dia desses, por acaso vi uma foto tua. Não, eu não a tenho, não deu tempo de construirmos nada, mas tu me desconstruíste rápido. Quero colocar a culpa no pouco, quase nada que passamos, mas não dá, pelo simples fato que em muito tempo, tu foste o único que despertou um sentimento tão puro e fofinho em mim, parecia amor. Não! Não posso ser idiota e chamar de amor, eu acho que sei o que é sentir amor, eu já senti! E uma noite de poucas horas não pode definir tal sentimento.

É, vai ver que eu inventei que tu és o que eu quero ter, quero muito. Tento parecer que quero, mas ninguém enxerga isso, ninguém me leva a serio e a culpa é minha, que tentei construir a imagem da independência, toda ela e consegui, que ironia! 

O que eu entendo muito bem é que há muito eu não sentia um beijo tão puro e uma vontade tão grande de cuidar. O sorriso solto nos lábios, o mundo esquecido ao nosso redor. Eu, que criei uma vergonha idiota de demonstrar sentimentos, naquele dia escutei: "e aí, vocês vão casar hoje mesmo ou o quê?". Por mim sim, casaríamos. Finalmente eu havia encontrado alguém, que eu nunca tinha visto, mas que não precisava disso.

Eu sentia vergonha alheia pelos teus sapatos, os mais ridículos que já vi na vida. Sentia um pouco de vergonha pela tua idade, mas não haveria problema, porque nós tínhamos nos encontrado no mundo e de repente éramos a certeza um do outro e não conseguíamos nos separar por nada.

Era estranho ver alguém no meio dos meus conhecidos que eu nunca tinha visto, foi quando eu descobri que nossas fronteiras eram distantes e que a partida era próxima, uma hora aproximadamente. Uma hora. Eu não merecia te conhecer e te desconhecer em uma hora. Em uma hora me deu infinita tristeza e infinita alegria por ter te conhecido. Tu foste o meu entorpecente daquela noite.

Houve promessas e conversas posteriores que se foram como sempre acontece, sem um adeus, uma explicação, nada. Nossos corpos se conheceram muito pouco, nunca ficamos sozinhos, nunca fomos ao cinema, eu não conheci teu avô e nem tu a minha mãe e isso não vai acontecer. Mas eu te agradeço por ter me despertado, mesmo que tão rápido e tão lindo.

2 comentários:

moara disse...

ohvarios bombando de textos, adooro!

24 de setembro de 2008 às 16:06
carolinabarata disse...

e esse eu li primeiro, de antemão. Acabado de sair do forno, lero lero

Adoro fazer inferno sobre ser mais próxima mesmo estando longe entre as minhas amigas!


HAuHAuHAuHUahUHAU

:)

3 de outubro de 2008 às 13:59

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