quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Eu te odeio

Por Luna

Eu te odeio. Te odeio por me deixar com o coração na mão neste domingo calorento que faz frio, muito frio. Te odeio mais ainda por ter me ligado na sexta quando finalmente eu já me via perto de possuir o tão aclamado coração livre. Te odeio porque pensando em ti, à distância, esqueço de pensar em mim, na minha mãe e em todas as criancinhas famintas da Etiópia. Te odeio por ter vergonha de admitir até pra mim que eu caí no conto do vigário e me apaixonei de besta, pateta. Te odeio por não me deixar dormir pra trabalhar cedo amanhã e por me fazer comer massa de madrugada. E por ouvir todas as músicas do mundo e não deixar de criar situações contigo em nenhuma delas. E pelos beijos, as risadas e as loucuras de dentro do carro. E porque eu procuro sim um amor pra vida toda, mas não precisava me apaixonar tão perdidamente depois de ter terminado um doloroso namoro. Por me cozinhar feito maniva e me subestimar. E porque eu já me apaixonei assim um milhão de vezes, e quebrei a cara um milhão e meio.

Quando eu finalmente decido me livrar de ti e das tuas nhenhenhices legais que eu tanto gosto de ouvir e que eu tanto critico por achar falsérrimas e cafonas, tu reapareces como se nada tivesse acontecido. Como se tudo fosse fácil. E deveria ser, se eu não inventasse de romantizar até mesmo a minha ida ao dentista. E então, seria um flerte legal, com duas pessoas legais. Tudo muito divertido e light, nada que combine com esse nhoque com queijo extra que se encontra neste exato momento entre a minha faringe e o estômago.

Não! Pere lá! Eu já prometi pra mim, pra todas as minhas amigas que não acreditaram em mim e pra todos os meus cabeleireiros que eu jamais iria voltar a ter algo contigo. Algo além da amizade, porque não tenho motivos suficientes pra te odiar, e isso é o que mais me faz ter ódio. Tá pensando o quê, garoto?! Entra na minha vida, diz que vai ligar e liga, depois diz que vai ligar e não liga, depois diz que sente saudade, depois desaparece, depois me liga dizendo que eu sou foda, fodassa, fodona, e quando eu finalmente me acho fodérrima, fica com outra na frente dos meus amigos e fica com uma terceira enquanto eu comprava um presente pra ti. E então eu te ignorei de propósito, porque te acho o Bozo depois da diarréia que deve achar que tem a maior pica do Estado do Pará. Eu já vi maiores, meu bem. E, pensando bem, a palhaça nessa história sou eu. Sou eu quem fica com um embrulho escroto no estômago de ódio ao ver as fotos daquela festinha. Sou eu quem acorda todos os dias tentando não esquecer desse embrulho escroto quando a minha cabeça começa a viajar à tua procura.

E eu te peço pra que desistas. E tu insistes em aparecer mesmo depois de eu te ignorar e te tratar como a melhor amiga do mundo quando a minha vontade era de mandar tu enfiares todas as safras de cenouras do mundo no cú. E és tão legal que me fazes ter ódio dos astros por eles não terem conspirado uma paixão igual à minha na tua cabeça. Te odeio por ser alto, bonito e ter bom humor. E por ser exemplo de raça humana masculina para todas as minhas amigas. E por eu não saber o que pensar direito, porque toda a grande paixão deixa a gente assim, com cara de besta quadrada. E o que eu tenho mais ódio, de todos os ódios que me fervem o sangue, é das tuas mentiras. Que história é essa de dizer que sente saudade quando não sente saudade?! De dizer que vai ligar pra gente fazer alguma coisa no outro dia quando não vai dar sinal de vida?! De dizer que eu sou linda, a mais linda do mundo inteiro, quando na verdade existem outras mais lindas do que eu pra ti?! Chega, chega.

A diferença entre o amor e a paixão é visível. Passei pelas duas situações recentemente (olha que legal!). O amor perdido te faz perder o chão, a fome, a vontade de sair de casa. Lágrimas, muitas lágrimas. A paixão, por sua vez, te faz virar uma porca prenha de tanto comer aquele chocolate escondido na geladeira. É tanta agonia que a melhor coisa a fazer é visitar um boteco novo e encher a cara numa terça-feira. Ansiedade, minha gente! Muita ansiedade. A paixão te deixa o chão, mas te faz perder a cabeça.

2 comentários:

moara disse...

Muito bom esse texto. Descritivo ao ponto de dar a ansiedade citada e o embrulho no estomâgo.
I like.

31 de março de 2009 às 22:49
moara disse...

É a Vivi, só pra constar

31 de março de 2009 às 22:51

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