segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O mal do século é a solidão


Por Moara Brasil



“Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância. Esperando por um pouco de afeição”. R.Russo

A vida é realmente uma surpresa. Uns tem sorte, outros não. Uns tem a sorte de viver um romance de cinema, já outros vivem uma drama com roteiros infelizes. Para aqueles poucos, com uma porcentagem ínfima, que tem a sorte de viver aqueles amores de novela, eu aplaudo e tiro o chapéu! Lembro da vó Anastásia, que encontrava o amor dela às escondidas, e sabia que seria um “lance” eterno, está com o velho até hoje. Lembro da tia Joana, que de tão feia, chorava lá no bar do parque.Dizia que os homens não prestavam, que seria uma mulher eternamente infeliz se morasse mais um tempo em Belém. Cansada, com trinta e poucos anos na cara, foi embora para a Europa,  ser babá de cachorro (literalmente), e lá encontrou o seu belo príncipe encantado (e bote belo nisso!).


E o que me pertuba é acordar todos os dias e ver que o amor caiu nas esquinas, nas lágrimas das putas tristes. A Anna me disse que amar é cuidar, é ter medo que aconteça algo ruim com o outro, é se preocupar como se fosse um ente querido. Penso que esse amor se espantou com os filhos dessa sociedade dita moderna, e com tanta gente egoísta e auto-suficiente…Pegou as malas e se mudou para outro planeta, bem distante desse que vivemos. O amor ficou com medo de enfrentar nossos egos ridículos e orgulhos idiotas.


Tudo ficou tão banal, o sexo já não é mais uma consequência, é rotina, é necessidade, basta. Sexo é bom, eu sei! Mas o que eu vejo por aí é que ultimamente as pessoas só querem satisfazer uma tal de libído, e fica nisso. E fica nesse vício, liga para outro, satisfaz essa necessidade do corpo e fica nisso, e volta,  e vai, e pronto. Pode passar a vez pro próximo que a fila anda.


Ah, mas eles dizem: - é tão bom curtir a vida! Eu sei, todos sabemos. Mas ser instável com estabilidade cansa, e às vezes o seu amor pode passar por ali quando querias apenas uma curtição. E depois chorarás velho, ao lado de qualquer pessoa, arrependido de não ter tentado, de não ter sonhado e concretizado o que era apenas um sonho de juventude.


O que aconteceu? A lógica deveria ser que nós ficassemos mais românticos, e herdássemos todos os amores sólidos que nossos antepassados tanto sonhavam. Mas o amor se desfez no ar e ninguém consegue mais pegar.


O que aconteceu com o mistério da conquista? Com o encanto das palavras, aqueles telefonemas de madrugada, aqueles olhares ainda tímidos e bestas? Foram descartados como lixo de supermercado. Beba um gole de cerveja e pronto já está no papo. Sedução é coisa do passado, e o flerte é demodé. Corra que o tempo está passando!


E isso não é coisa de uma cabeça sonhadora, veja e observe todos os amigos ao seu lado. Veja  a Cris, tão infeliz, cheia de olheiras, reclamando do Thiago que não dá o braço a torcer por ela. Veja a Leticia, que até agora só encontrou o álcool na vida, e relacionamentos muito bizarros. Veja o Cleber, coitado, acho que ele nunca soube definir o amor nem leu um dicionário. Vive numa frieza que até parece uma geladeira.


Mas a vida é uma surpresa, uns tem oportunidades, outros não. E eu tenho uma teoria que o amor está em extinção nesses tempos modernos. Uma tragédia.


Então eu pergunto a qualquer um: - Você já se imaginou com 90 anos sozinho sem nunca ter vivido uma verdadeira história de amor? Observe os velhos, e pergunte qual é o maior medo deles. E te digo com toda a certeza que a maioria vai responder: -meu jovem, é a solidão!


 




 




 




 


 


 

12 comentários:

Anna Carla disse...

Acho que conseguiste relatar todo o nosso papo ontem, né? HUehuhuHUE..

É, amiga, já dizia o Natihuts: "Deixa eu aprender o que é o amor por mais difícil que isso seja..."

12 de agosto de 2008 às 07:34
lora disse...

Em meio a tantas coisas que já conhecemos, vemos que sempre, por mais que tenha épocas de curtição, voltamos a refletir sobre o amor, o que ele é? e o medo da solidãom no fim das coisas, dos dias.
Parece que estamos mesmo voltando no tempo e queremos de novo ser igual as nossas avós, só que com mais liberdade, falta só os outros entenderem isso. Será que mudar de ambiente realmente muda tudo? Ou será que descobriremos que é só mais uma desculpa.
Agradeço a Deus pelos grandes amores que já vivi, mas o medo de não ter mais nenhum intenso fere, né?

Sei lááá, como é complicado.

:*****

12 de agosto de 2008 às 07:51
Mayra Jinkings disse...

Me deu vontade de escrever um texto sobre isso. Mas ai me lembrei da analise do sociologo polones, Baumann, que cita os amores liquidos frutos de parcerias frouxas. Fruto do sistema que faz a gente "descartar" pessoas como se fossem um copo de plastico.
Aqui na França ainda é desse modo antigo, na maioria das vezes. Conheces, sais pra jantar (sem beijo, normalmente), liga, bobos, timidos. Crias expectativas... Eu nao vivi isso aqui, mas vejo o jeito deles. Tenho amigos franceses, né? Hoje mesmo na hora do almoço eu me perguntava: o que eu to fazendo aqui? Eles sao cafonas em algumas horas. Sabias que so hoje que eu soube que é quase regra encontrares um apelido pro teu namorado? Puta que pariu, mas se eu for traduzir o que eles falam, é motivo de chacota pra gente! hahaha teve uma hora que eu nao aguentei e disse: Se eu contar isso pras minhas amigas a gente vai rir uma noite toda. Te conto depois o que eu ouvi pra chegar nesse ponto... Nos somos muito diferentes deles aqui, mas chegar na banalidade do sentimento e do sexo, sinceramente, so faz com que nos sintamos sozinhos no meio de uma multidao. E as pessoas continuam solitarias, descartando as outras proque assumir um compromisso é descartar um leque de outras oportunidades (melhores, piores ou so diferentes)... E por isso o compromisso é tao dificil hoje em dia, levando as pessoas acabarem uma relaçao como quem fecha um chat na internet.

12 de agosto de 2008 às 10:28
Carol Barata disse...

Lembro de várias conversas que tivemos sobre isso, exatamente isso. Sobre várias vezes que éramos assim, frias, sem nem conseguir controlar essa atitude e de outras diversas vezes que demos o melhor, cobramos pouco e ainda sim, sofriamos com a tal frieza de geladeira.
"O amor ficou com medo de enfrentar nossos egos ridículos e orgulhos idiotas."
Infelizmente,é exatamente assim.
Adorei o texto.
saudades.

=o*

12 de agosto de 2008 às 16:45
Sofia disse...

Amei o texto, espero chegar aos noventa como a Dercy: velha, doida, produzidíssima e viúva( morreu, morreu, antes eles do que eu!).
Um beijo na boca dos meus grandes amores leitores deste blog( será que algum deles lê?)e nos meus amores eternos: as meninas!!!!

12 de agosto de 2008 às 19:16
Sofia disse...

Não postarei mais meus comentários até que a responsável por organizar este Blog( Moara Brasil) arranje um jeito de mudar esta caretinha horrenda (que aliás só ela sabe o nome técnico)que aprece toda vez que eu posto.
Beijos mesmo assim pelo final de semana maravilhoso!

12 de agosto de 2008 às 19:18
moara disse...

amiga, isso é um avatar! Não é culpa minha não, é do wordpress.com!

13 de agosto de 2008 às 07:27
moara disse...

AUhuHAuhUhAUhUAHuAHU

to logada com o nome da Moa, mas na verdade, sou eu, Vivi.

13 de agosto de 2008 às 17:22
moara disse...

Cara essa conversa já rendeu muitos textos por aqui. Ontem mesmo estava conversando sovre isso com um amigo mais velho.. ele me falou uma verdade que até me doeu um pouco. "Vocês são vítimas de vocês mesmo..." E vejo que é verdade. Procuramos tanto a tal liberdade (bem só pra contrariar) que hoje a temos e não sabemos mais o que fazer com ela. Das duas uma: ou reaprendemos a dividir (by: Maria Rita) ou teremos que ter o kit felicidade: cachorro de estimação + vibrador.

hahahah desculpem, tô demais.

13 de agosto de 2008 às 17:22
Lucas disse...

Caramba. Depois de um tempo, vim fuçar o blógue de vocês.

Como disseram aí em cima ... vocês (e eu também, por que não?!) são vítimas de vocês mesmas.

Somos vítimas dessa tal modernidade (tentei reduzir um monte dessas mudanças de pensamento e postura nessa palavra, mesmo não sendo a mais apropriada).

Mas também somos culpados por, querendo ser modernos, não filtrarmos o que a modernidade nos traz de ruim.

A palavra "amor", pra gente, ficou tão mal esboçada, tão esquecida, tão "deslapidada", que, ao pensarmos dessa forma "moderna", realmente corremos risco de concebê-la (falando de forma tosca) como "arrumar alguém legal pra não ter que terminar sozinho".

A que ponto nós chegamos.

Sinceramente, o amor é "algo" que, esses tempos, andava tão de banda na minha cabeça que, sei lá, ao perceber a carga verossímil desse texto, me dei conta do meu desleixo, e de algumas das consequências que esse descaso pode acabar causando.

Esse texto é simplesmente genial, um dos mais próximos da realidade. Muito bom mesmo.

Beijo, Franquita =)

Lucas.

14 de agosto de 2008 às 09:25
Lucas disse...

E vivas à jsutoça com as próprias mãos!
Vivas aos Justiceiros solitários!

Toma-te !

14 de agosto de 2008 às 09:58
moara disse...

o mais bacana do blog são os comentários de vocês, juntando tudo já dava para fazer outro texto!

=D

14 de agosto de 2008 às 11:30

Postar um comentário

 

©2009ohvarios | by TNB