quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Sexo e a cidade.

Sábado, nove e pouco da noite, diferente da maioria dos sábados, cá estou eu. Em casa, cansada da nova jornada de trabalho, jogada a mais de três horas na minha cama, sem querer nem mesmo ligar pra quem eu ligo constantemente. Eu, minha carteira de marlboro light e mais alguns filmes do lado da TV.

"Paranoid Park é filme pra se ver concentrada e eu tô um pouco cansada", "12 macacos... nâo tô com pique pra ver um policial uma hora dessas.", "Já sei, Sex and the city, leve, mela cueca, sim é disso que preciso".

O que eu não fazia idéia era que um filme desses ia me fazer chorar umas quatro vezes. Nem tem sido muito de praxe me comover com os filmes (apesar da minha eterna fama de protagonista de novelas mexicanas), mas existem umas mensagens quase subliminares que realmente me puxaram pro chão. E não me refiro aos momentos de ápice, e sim, cenas que devem ter sido pra maioria, uma passagem de take, nada mais.

Casamento. Filhos. Trabalho. Solidão. Amigas. Família. Carreira. Porres. Sexo. Desencontros. Separação. Maturidade. Amor.

Fatores que tornam cada pessoa única. Cada experiência, cada vida, traduzindo e nos transformando exatamente no que somos. E ao mesmo tempo transformando esses assuntos em linguagens tão universais, que cá estou eu, sozinha num sábado a noite vendo Sex and the city e chorando pra lá de quatro vezes.

Sem dúvida nenhuma, esse ano me fez uma pessoa muito mais inteligente. A graduação concluída, os livros, os filmes, as pessoas que apareçam por aqui e me deixaram (ou deixam) conhecimento todo dia em minha vida. Sim, eu tenho a consciência de que hoje, mais do que ontem, tenho algo a acrescentar numa conversa, sem medo ou insegurança de achar que tô falando merda. Fatores empíricos também contribuem (e muito) para essa evolução. Morar sozinha (sozinha na prática, pois na teoria, moro com uma amiga que está no auge do seu início de namoro), ter meus pais longe mais do que quinze minutos da minha casa, coisa que também é inédito, pois até mesmo quando estive casada, dez quilômetros eram a minha maior distância física, distância essa que só aumentou uns trezentos e poucos quilômetros. E tudo mais que acontece diariamente, me torna uma pessoa mais compreensiva.

Tenho me esforçado a entender tudo. As dores e as delícias que cada partícula desse mundinho pode nos oferecer. Mas se tem uma coisa que eu desconheço cada vez mais é o sentido do amor.

Não entendo o que há de tão difícil e doloroso nesse departamento... Infidelidade, saudade, oportunidades fracassadas. Qual será o segredo disso tudo? Como destrinchar os sentimentos ao ponto de fazer agirmos da maneira certa quando amamos? Qual lado do cérebro tem que falar mais alto? Como saber que aquele amor foi o amor da sua vida e que depois disso, do desperdício do sentimento, das chances esgotadas nada mais terá o mesmo gosto? Ou se tudo isso é besteira é que alguma hora, cedo ou tarde vamos voltar a sentir taquicardia quando alguém se aproximar? Existe amor puro depois de tantas desilusões? Ou agora depois de tanto amadurecimento os sentimentos acompanham isso e se transformam?

Meu momento "Carrie Bradshaw" me deixa mais confortável em minha casa com meus filmes, cigarros e computador, para ver, pensar e escrever, do que as tentativas falidas de ver algo interessante ao meu redor. Assim, se pelo menos eu não entender, eu deixo tudo registrado para que daqui uns oito anos eu possa ler tudo de novo e dar aquela velha gargalhada de quem já acha que os problemas antigos, comparados com os atuais são verdadeiras piadas. E não me reporto ao filme como uma coisa piegas, "Quem será minha amiga Samantha, Charlotte e Miranda?". Nada disso, o que me deixa intrigada é ver que os sintomas de solidão, desilusão, desamor e paixão são universais. E que a busca por essas respostas é generalizada.

Nessa hora eu paro o filme e boto minha pizza de quatro queijos no forno. Outro atestado de solidão. Olhar pra uma pizza e saber que existem duas opções, guardar metade dela, como quem guarda para alguém, ou comer como uma compulsiva depressiva. Depois do meu momento Clarisse Lispector, (onde no momento eu substituo a barata pela pizza), desisto da filosofia, guardo a pizza e volto pro filme. Já na angústia de vê-lo terminar, para voltar ao laptop e escrever.

O filme acaba. E com o fim dele a minha vontade de entender tudo isso só aumenta. Mas quem pode me dar resposta pra tudo isso, que não seja eu mesma?!

Ai... enfim...

Desligo o computador e vejo "Paranoid Park".

2 comentários:

moara disse...

era por isso que tu não atendias meu telefone, sua safada! no te ligo mais! Vai vai assistir esse sexo e cidade, vai!
=PPPPPPPPPPPP

27 de agosto de 2008 às 14:01
ok ok disse...

muito bom. mesmo.

24 de setembro de 2008 às 08:52

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