quinta-feira, 6 de março de 2008

Cego demais para ver (-me).

Por Aimée.

Sabe o que me irrita mais do que não te ter? Viver com essa sensação de que não devo. É... não devo te ligar, não devo te encontrar, não devo querer saber de ti, não devo saber com quem estás ou o que fizeste. Não, não e não. E todos os deveres são negativos. Odeio me sentir negativa e se tem algo que me irrita mais do que não poder te ter é essa sensação horrível de limitação.

Vem-me uma vontade louca de saber se está tudo bem no teu trabalho ou se aquela avalanche de problemas pelas quais te vi passar melhorou ou piorou. E aí, eu sofro por longuíssimos cinco minutos porque quero ser forte. Ora merda, eu sou forte. Quem disse que não sou?

Ninguém me viu rezar baixinho, apertando os olhos e pedindo para que o teu anjinho da guarda te guarde, te ilumine e te faça sumir dos meus sonhos, dos meus desejos, dos meus anseios. Ninguém sabe. Então, eu sou forte.

Eu que sou bem durona arrisco e pergunto por ti. Mas é só porque eu sou cool, descolada, moderninha e ah, nada demais. Quem ousaria pensar o contrário? Afinal, eu consigo ser impessoal e a gente... quer dizer, você, não passou de um lance, um flerte, um rolo, um cacho... Eu sou durona e só quero saber como estás, se está tudo bem. Enfim, é “só” falta de assunto mesmo.

Aí eles pensam que eu sou eu e boi não lambe. Sou essa descolada que pega e não se apega, que “vivo a vida”, que “curto o momento” ou qualquer outro clichezão desses de escrotona que sou . Ah, se fosse assim....

Mal eles sabem que rezo para o teu anjinho da guarda em silêncio, que guardo na memória o jeito desajeitado do nosso primeiro beijo e que sufoco todo dia essa vontade de saber de ti repetindo o mantra “Vontade dá e passa. Lembre-se: você é descolada, é durona e é cool”.

E aí guardo minhas confissões para o meu travesseiro e acabo contando para ele que putz... eu queria mesmo era arrombar a tua porta e chegar mais perto de ti, te matar de susto e dizer aos gritos que não. E esse seria o último não que eu me permitiria. Eu diria bem alto que nãaao!

Não, eu não sou tão descolada assim, não. Eu tive ciúmes do teu sono quando dormiste antes de mim porque ele me privou de alguns minutos a mais contigo. E não, não gostei quando demoraste para me pegar em casa porque eu fiquei ali, sentindo o tempo se arrastar como se nunca fosse chegar a hora d’eu te ver e meu coração ficou na boca e meu estômago doeu de tanta ansiedade.

Não, não e não. Eu não permito mais que não me ligues, que não te importes, que sumas... porque te quero. Simples assim. Não é justo abafar tudo isso. Não é justo ser tão doce e tão amargo comigo. Não tens autoridade para sequer não saber o que sinto.

Eu tentei engolir aquele choro, mas desceu rasgando na minha garganta e imediatamente, mas imediatamente eu senti o salgado de uma lágrima e agradeci. Não pelo choro, mas por não estares lá naquele momento. Doeu-me ouvir de alguém amigo que agias assim porque não me conhecias de verdade. Doeu só um pouquinho saber que é verdade.

Sigo explorando a mesma química fajuta que usas comigo, mentira amarga e mentira doce. Injeto-me esse veneno que me faz delirar e pensar que em algum momento vais me ver como eu te vejo, vais me enxergar como te enxergo e eu vou poder dizer de verdade, pela primeira e última vez:
- Não. Não solto mais, nunca mais a tua mão... Vem aqui comigo que eu tenho tanta coisa que não sabes para te contar....

2 comentários:

mo disse...

"Eu tive ciúmes do teu sono quando dormiste antes de mim porque ele me privou de alguns minutos a mais contigo"

eu já senti isso
dá uma raivinha
=p

6 de março de 2008 às 16:47
Ami disse...

"Sabe o que me irrita mais do que não te ter? Viver com essa sensação de que não devo. É… não devo te ligar, não devo te encontrar, não devo querer saber de ti, não devo saber com quem estás ou o que fizeste. Não, não e não. E todos os deveres são negativos..."

Isso bem podia datar de setembro, outubro e novembro de 2008... Ufa! Eis que chega dezembro com novos ares... Presente de Natal?

14 de dezembro de 2008 às 11:09

Postar um comentário

 

©2009ohvarios | by TNB