sexta-feira, 7 de março de 2008

Uma boa velinha

Por Lora Cirino

Às vezes parece que em seis meses as coisas ficam iguais, estagnadas e até regridem. E às vezes parece que em seis meses você envelhece uns quatro anos, ou seria, amadurece quatro anos?
Eu me vejo hoje, uma mistura das minhas grandes amigas e da minha mãe, com certeza eu seria, pensaria, vestiria e teria outro cabelo se não fosse por elas e pelo liquidificador que nós sempre fomos.
Agora eu me vejo uma mulher que tenta lembrar quando parou de se chamar de menina nos textos e na vida, tem uma hora que fica meio ridículo e ilógico, como diria meu curso de memorização. Parece que também cansei de ter visual de maluca e cansei dos malucos, de gírias inventadas - de pá, de mano, de veio, de meu- de gente que não quer crescer, de tribos, de rótulos. Ai, como eu odeio rótulos.
De uma hora pra outra virei velha, chata, comecei a odiar festinhas que eu adorava, com pistas e banheiros sempre lotados e que sempre saem duas ou mais pessoas, fumaça, cansaço, como eu gostava disso? É um saco!
Me apaixonei por restaurantes, cafés, barzinhos charmosos, pessoas charmosas, que dividem uma conta e que valem cada centavo de conversa, companhia, beijo e cérebro.
Que chatice boa essa que me abraçou.
Ontem eu escutei do meu amigo/hair stylist. “é, mas naquela época ela se preocupava porque tinha barriguinha, tu não”. Eu disse a ele que hoje em dia eu tenho, mas nem por isso me preocupo tanto assim (veja bem, “tanto assim”, bucho safado), aí ele respondeu:”é, Lorena, mas agora tu és uma mulher e vê essas coisas de modo diferente”, engraçado, ele é uma das poucas pessoas que me chama de Lorena sem o peso de algum problema, pra grande maioria, é Lora. Mas isso não vem ao caso. O caso é que é verdade, comecei a perceber que hoje eu me aceito e até gosto. O fato de ser magra a vida toda, deixou de ser um problema, na infância e adolescência, eu era a magrela que ninguém olhava, sempre tinha uma pirralha torneada muito mais interessante, tive péssimos apelidos, tinha sardas, era branquela, hoje isso virou um ‘graças a deus’, porque eu como o que me der na telha e não faço idéia do que significam os números atrás das embalagens, me acostumei com as sardas e tem até gente que acha lindo, como pode? Continuo me achando uma mulher normal, mas aprendi que se eu gosto de beber cerveja, meu buchinho vai estar lá, e daí, não é mesmo? Aprendi que se meu cabelo nasceu castanho-sem-graça, minha (pouca) grana pode transforma-lo em loiro lindo. E aprendi principalmente que sempre vai ter alguém pra me achar muito gata, principalmente se eu tiver achando antes, sem me achar.
Como é bom se gostar, mesmo querendo mais todo dia, não entendendo sentimentos, mas amando pra caramba tudo que tem.

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