quinta-feira, 12 de junho de 2008

Vero (...). Verídico.

da convidada Becky Braga

Sempre tinha tentado imaginar como eram aquelas salas. Costumava vê-las compartimentadas com estruturas típicas de escritórios, quase sempre na cor cinza, divisórias superiores em vidro. Mesas com computadores. Várias mesas, vários computadores.

A única coisa de que realmente tinha certeza é de que havia mais mulheres do que homens. Não agradava a cabeça ciumenta dela, e nem a pervertida dele. Mas os sonhos sempre são meio malucos e sem sentido, ela via vários homens, inclusive homens bonitos.

Caminhou despercebida por entre as mesas, ninguém notou sua presença. Ela achou estranho, mas continuou procurando a mesa dele. No canto mais iluminado ele estava com os olhos fixos na tela do computador, parecia concentrado em algo realmente importante. Pensou em voltar. Não queria ser inconveniente.

Pensou que já estava ali, tinha vindo de tão longe e não havia porque voltar do ponto mais próximo que pudera chegar dele. Recuou um pouco, mas prosseguiu até a mesa dele.

-Oi...

Ele levantou a cabeça, olhou pros lados, pra trás, olhou por cima da divisória de vidro e viu que a mesa da frente estava vazia. Balançou a cabeça e voltou a fazer o que estava fazendo.

Ela ficou desconcertada e disse de novo pigarreando.

-Oi.

Ele parou dessa vez um tanto assustado, percorreu todo o espaço com os olhos e não viu nada. Foi até a copa e serviu-se de café. Há tempos não ouvia, mas podia reconhecer aquela voz em qualquer lugar. Sabia que era a voz dela.

Ela não entendia porque ele não podia vê-la. Chegou perto dele e falou-lhe ao ouvido:

-Sou eu. Você pode me ver?

Ele deixou a xícara de café cair. Saiu da sala, procurou um lugar onde pudesse respirar e onde o barulho dos carros fosse alto o suficiente pra tirar-lhe da cabeça a idéia completamente descabida de que ela estava ali.

“-Eu só posso estar ficando louco! Acorda... caia na real...”

Ficou um tempo ainda ali, sentiu uma sensação de alívio. Quando voltou ela estava sentada na sua mesa, serena, esperando. Sentou-se no computador. Ela soprou de leve nos ouvidos. Ele sentiu um arrepio. Colocou os fones de ouvido e foi escutar a faixa seis.

Era menos assustador do que achar que estava realmente ouvindo a voz dela.

***

Ela acordou com alguém chamando na porta.

1 comentários:

Carol Barata disse...

BEM "GHOST", NÉ?
HEHEHEHE

CURTI, CURTI!

:)

13 de junho de 2008 às 08:20

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