quinta-feira, 10 de julho de 2008

Maria do Carmo ou do Bairro?

Por Anna Carla Ribeiro

(A autora pede desculpas pelos textos mela-cuecas do caralho. Nem ela anda aguentando tanto nhenhenhem. É fase, gente! Já, já vai passar!)

Eu tenho um gênio fraco, sabe? Sou daquele tipo de gente que consegue lidar com quase todo o tipo de gente, menos os insuportavelmente implicantes. Eu sou implicante. Na verdade, meu gênio é fraco-forte, deve ser. Eu sou de uma leveza tão plena que algumas pessoas perguntam se eu não devo tomar café. Mas implico e tenho a mania de gritar de raiva, e de ficar com raiva muitas vezes e tudo ficar preto, a mente fecha e aí já viu, eu me irrito fácil. E então eu me faço o primeiro questionamento de tantos: como uma pessoa que consegue lidar com tanto tipo de gente de uma forma tão saudável pode ser ao mesmo tempo uma bomba a explodir? Sei lá.

Também costumo oscilar do muito forte pro muito fraco. Pras pequenas coisas, eu sou fraquinha, fraquinha. Costumo me magoar com coisas banais, tenho o choro fácil. A tal da sensibilidade invade as palavras, as pessoas, as janelas, os ares ao meu redor. Tudo por mim de alguma forma é percebida. Um riso forçado, uma mentira pra me agradar, o ar distante de alguém que está perto. Eu sempre percebo os primeiros sinais de mudança, antes mesmo de ela acontecer. Percebo calada. E isso dói e me faz desfalecer aos poucos.

Quando penso que vou desabar, até chego a preparar o terreno, e então, como mágica, eu viro a mulher mais forte do mundo.
Eu esqueço. Tão velozmente que chega a me assustar e eu costumo me perguntar se foi milagre ou se essa é uma espécie de evolução. Eu amei por anos. Eu sofri por anos. Eu esqueci em uma semana. Será que eu amei mesmo? E então me sinto tão feliz que quero abraçar o mundo com os pés, e apago todas as facadas que já enfiaram no meu peito com a facilidade de uma borracha no lápis. Me dá uma vontade louca de sair correndo e gritar de felicidade, tomar banho de chuva, morrer de rir, morrer de amar. E eu abro o meu coração pra esse mundo que tanto me fez mal com a ingenuidade da garotinha que eu deixei de ser.

A mulher maravilha esquece que também é de Atenas, coitada, e que todo aquele estado de espírito de intensidade total também é sinal de falta de proteção. De tanto me jogar de cabeça já perdi as contas de quantas vezes quebrei a cara. E sei que eu ainda vou quebrar outras mil, pois quando tudo passar me acharei clone do incrível Hulk e nada, absolutamente nada irá me deter. É um ciclo sabe?! Às vezes muito fraca, às vezes muito forte. Eu acho, sei lá. Costumo impressionar pessoas. Estou entre elas. Algumas acham que eu expiro submissão, a encarnação recente da pobre coitada Maria do Bairro. Outras me enxergam impecavelmente cheia de si, quase uma espécie de Senhora do Destino. Será eu a centrada Maria do Carmo ou a sofrida do Bairro?

Ah, quer saber? Eu sou as duas. Ao mesmo tempo.

2 comentários:

moara disse...

E eu sou a Maria Joaquina do Carrossel (sem graça)

A gente sempre tem que meter a cara, é melhor.

11 de julho de 2008 às 11:29
cruela cruel disse...

a fase mela cueca tá boa.

rs

12 de julho de 2008 às 12:38

Postar um comentário

 

©2009ohvarios | by TNB