terça-feira, 15 de julho de 2008

Uns riscos novos na nossa história

Por Lora Cirino

-Hahahaha. Da outra útima vez tu disseste isso.
- É, só que da outra vez eu gostava de ti, agora não.

Uma noite extremamente mal dormida e bem vivida, combinação de ácaros do apartamento fechado, lembranças sem dor e uma força absurda de corpos se debatendo.

Ainda bem que o espaço era novo, isso fazia tudo ser diferente, tua nova casa me representava tua nova vida e me levava para longe de ti. Não existia mais a mesma música, a mesma porta que teimava em abrir, nem os cheiros dos lençóis, nem tínhamos que entrar na beira do pé. Agora éramos 32 anos mais adultos, o tempo era enorme, mas nada que termina como terminamos tem um ponto final de verdade. A tua nova tatuagem ficou bonita, adorei! Mas até isso te fazia diferente, até porque agora eu tinha que dormir do outro lado, para não te machucar e depois percebi que nem olhei a outra que eu tanto gostava. Pintaste meu amigo, mas continuas igual, não mudas teu repertório e isso nos faz rir.

-Tás com sede? Tás bem?
-Tô com sede, mas também tô com asma e tu?
- Tá gelando lá, vamos esperar. Eu sou muito burro, devia ter colocado antes. (falas pra dentro, como sempre)
- É. Tu és muito burro mesmo. hahahahaa. Tás com sono?
- Não. Passou.
- Então fica acordado comigo um pouco.

Teus planos eram outros, espero que dessa vez se concretizem, só pra eu poder te admirar também, além de todo o resto. Agora sem sofrimento, sem dor, ou melhor, com dor, de tanta força que a gente fez.

Me deste um susto porque de repente era aniversário e tu estavas igual a antes, aceitei o desafio e vi que não dava pra sair dele, nossas risadas, os teus braços, meu preferidos, as minhas pernas, tuas preferidas e as nossas lembranças, principalmente das manhãs “dredadas”, com cabelo de surfista e música.

Continuamos achando engraçado o jeito que a gente dança e age, porque parece que não passou nem um dia, apesar dos anos. E aquele fato de não falarmos nada é melhor ainda.

Te olho por um tempo, percebendo minha diferença no espelho e minha indiferença no coração. Não adianta, até agora ninguém te vence, continuas sendo o melhor, em tanto tempo. Pego minhas coisas e te deixo dormindo, sem necessidade de te acordar, nem dramas, nem nada. Agora eu já consigo te beijar sem te acordar . Sair, bater a porta sozinha, deixar a chave lá dentro, não te telefonar e com tudo isso, não sentir nenhuma dor.

É bom descobrir as modalidades que um amor pode alcançar.

2 comentários:

Sofia disse...

Um dos teus melhores textos Lorena.Amei.Espero conseguir sentir o mesmo depois.

18 de julho de 2008 às 08:26
Carol Barata disse...

É, amiga. O amor sempre se reinventa. Se não, não é amor.

= )

18 de julho de 2008 às 10:21

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