quinta-feira, 3 de julho de 2008

Mi casa, mi corazon

Por Aimée

Desculpa minha bagunça é que tem tempo que não deixo ninguém entrar na minha vida. Se eu soubesse que chegarias, eu arrumaria o quarto pelo menos. Trocaria esse lençol sujo de outras noites, mudaria as paredes de lugar e as pintaria de uma cor bem alegre que combinasse com a possibilidade de uma nova vida.

Se você quiser, saio para comprar uma coisinha qualquer para comermos em frente à tv ou na cama, aí a gente pode discutir um pouquinho sobre comida árabe ou japonesa e eu farei uma gracinha qualquer sobre você não saber comer com os "pauzinhos". E vais dizer que tudo bem, que eu posso escolher e sujaremos o tapete da sala ou a colcha da cama com suas tentativas incansáveis de comer sushi.

Como toda mulher que se preze, não sei me arrumar em menos de uma hora. Melhor você usar o outro banheiro. Esse aqui está cheio dos meus cremes, óleos e perfumes – os quais espero que um dia estejam impregnados na tua pele, no teu travesseiro, nas tuas blusas e mais ainda na tua memória.

Faça o favor de não deixar sua cueca no box do banheiro. Já comprei um cesto para roupa suja, só para você. Nós faremos um trato sobre quem leva a roupa à lavanderia e quem pega. Daí começaremos a dividir não só a cama, mas as despesas, as tarefas e a rotina.

Separei para ti um espaço na minha vida, no meu coração e também no armário. Essas duas últimas gavetas do lado direito são suas. As primeiras são minhas. Os cabides vazios também são para você. Quero que tenhas teu espaço e não falo somente desse espaço físico que quero dividir. Quero que tenhas teu tempo, teus afazeres e tua liberdade para que assim, tenhamos muitas novidades para dividir ao fim do dia.

Na verdade, quero dividir tudo contigo - a casa e as contas. A cama e a vida - Mas multiplique-me. Faça-me perder essas manias individualistas. Apresenta-me mais livros, filmes, músicas, lugares e amigos. Só entre assim na minha vida, devorando todos meus sentidos, se for para somar.

Prometo que essa será a nossa casa, pode entrar. Fica à vontade. Vai ser aqui que recepcionaremos os nossos amigos, os meus e os teus. Nessa sala vão estar nossos livros e coisas nossas. E prometo também que se lavares a louça, eu cozinho e arrumo a mesa, sem problemas. Posso ser todas as mulheres de Chico Buarque para ti, posso fazer teu doce predileto com açúcar e com afeto.

Pareço uma felina, independente e dona do espaço. Uma clássica egoísta. Mas depois de tantos domingos na cama de bobeira e de cafuné descompromissado, verás que eu sou mesmo é um cão vira-lata, me rendo facilmente a quem me agrada e ao resto, eu me adapto. Eu rosno e até mordo de vez em quando, mas te ver dormindo me causa uma paz, uma vontade de ser dócil para sempre que, sei lá. Acho até que virei um poodle de madame. Quero andar em casa toda fofinha e cheirosa só para te agradar.

Venha como vier, mas venha. Preenche esse vazio e toma para ti o meu plano de ser feliz a dois. Entra aqui, na minha casa, na minha vida e em tudo que me cerca... e fica. Vem para ficar até quando quiseres e se assim for, até quando ambos quisermos.

1 comentários:

moara disse...

"Desculpa minha bagunça é que tem tempo que não deixo ninguém entrar na minha vida. Se eu soubesse que chegarias, eu arrumaria o quarto pelo menos. Trocaria esse lençol sujo de outras noites, mudaria as paredes de lugar e as pintaria de uma cor bem alegre que combinasse com a possibilidade de uma nova vida."

PORRA, parece o meu quarto. :/

3 de julho de 2008 às 19:02

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