terça-feira, 8 de julho de 2008

Manaus, 8 de julho de 2008

Por Sofia Brunetta

Hoje escrevo pra te falar das minhas saudades. Das nossas conversas, que senti teu cheiro, assim, tão perto, que se estendesse a mão poderia jurar que te encontraria. Não sei que parte do teu corpo minha mão alcançaria, sendo eu tão pequena perto de ti, mas a saudade foi de encontrar contigo, qualquer que fosse a distância entre nós. Diminuiria.

Eu encontrei outras pessoas. È fato. Tive coragem, segui em frente. Foi maravilhoso. Não minto pra você, nunca menti. Mentira. Mas sempre tentei agir de forma a te proteger dos problemas, do teu ciúme, da desconfiança. Não venci a rotina. Ela, implacável, estava ali, de passagem, e escolheu o teu coração como morada. Porque não o meu? Não adianta perguntar, meu amor, meu menino. Tão inexperiente quando te encontrei. Toda a euforia que eu te causava e que tantas vezes pareceu bobagem, é parte das minhas lembranças mais doces. Do passado que não volta mais.

Tenho que te confessar: estes dias que passaram- tão lentos, que eu poderia enxergar os minutos no cinza escuro de fundo- desejei tanto o teu sofrimento, quis tanto que sentisses dor, a angústia de faltar um pedaço, a inanição. Sentirias o vazio e toda a sensação de não sentir mais nada. Desejei que seguisses em frente olhando pra trás, remoendo tuas mágoas, a aflição de não encontrar quem te entenda. Quem mais que eu saberá o que fazer com tua pressa? Quem sabe o teu ritmo, conhece os teus detalhes?A história da tua vida? Que argumentos outra pessoa vai usar quando a tua teimosia falar mais alto que a razão? Como vais te sentir quando ninguém te der razão? E as palavras que sempre procuras para depois que a raiva passar?

Hoje escrevo pra falar de mim. Mas podia ser de ti, já que a tanto tempo nossa história virou uma só. Eu penso, tu ages. Eu quero, executas. Eu repenso, tu voltas atrás. E assim seguíamos todo este tempo, sabendo tanto do outro que se lesses esta carta sem nome, saberias que falo de ti. De mim. Já não sei.Saberias que todas as coisas ruins passarão antes mesmo que meu coração se inunde com o ódio que toma conta dos pouco amados. Eu jamais deixaria, meu amor. Nunca agiste assim. Sou grata pelo imenso amor, companheirismo e as muitas vezes que me deste abrigo, apoio, amizade, histórias pra contar, um apelido ridículo, os teus segredos, um tijolinho pra construirmos o lar que sonhamos pra nós. Um dia.

A ti, meu amor, desejo sempre o melhor. E que o melhor seja eu.

4 comentários:

moara disse...

é mágico a relação justamente por isso, por duas pessoas se tornarem uma. Sentimos quando tudo termina, parece que arrancaram um orgão.

8 de julho de 2008 às 12:52
Carol Barata disse...

É...
Comentei isso com umapessoa essa semana.
Ao final de uma realação, a pior parte é dividir o que te pertence e o que pertence a pessoa. E ainda pior é quando ficam somente as lembranças, que não temos como nos livrar delas. E quanto mais tentamos esquecer, abstrair, enfim, a velha ciranda do !seguir em frente!" essasmesmas lembranças ficam lá e já não conseguimos mais lembrar se existia ou não um alguém ou algo ou vida ou música ou fotografias antes daquela pessoa existir e habitar a nossa vida.

ai, o amor...


Amei o texto,amiga. Estás escrevendo bem demais.

te amo.

10 de julho de 2008 às 09:17
Mayanne Ladislau disse...

Rebeca, amei este texto, confeço que fique emocionada! Parabéns!!

8 de novembro de 2009 às 16:32
Mayanne Ladislau disse...

Rebeca não, sofia.. rs desculpe .. confundi o nome!

8 de novembro de 2009 às 16:39

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