quarta-feira, 7 de maio de 2008

Uma Viagem em minha vida

Por Vivi

Às duas da manhã da minha última segunda de férias e em São Paulo, resolvi colocar uma musiquinha daquelas que são a cara de filme pra escrever (...) Caso vocês queiram compartilhar da liga genuinamente, ai vai música: [youtube=http://br.youtube.com/watch?v=eX3KrXFAsd0]

Depois desse "loop" emocional em que me encontrei esse fim de 2007, percebi muitas coisas. Algumas até poéticas, outras bem grotescas. Mas no final, todas verdades, pelo menos para a minha vida como está hoje.

A primeira é que a dor vai estar sempre ao nosso lado, a diferença de se sentir maduro mesmo vem no momento em que aprendemos a lidar com ela. Confesso a vocês que até hoje (...) é como se eu tivesse vivendo uma espécie de transe, meio entorpecida, anestesiada e isso me fez tornar tudo mais fácil.

Até quando escuto coisas que me afetam (...) procuro abstrair, respirar, chorar enquanto ninguém vê e levantar de novo. Esse foi meu segundo passo. E tenho me esforçado para virar gente mesmo. Terceiro passo: largar meu maior vício, a mania eterna de depender dos outros, pra sair, pra viver, pra amar. Agora não! Resolvi que até mesmo quando me assusto, eu tenho que meter a cara.

Durante esse mês eu saí de táxi só, numa cidade imensa como São Paulo, a procura de distração. Fui a praia sozinha também, peguei metrôs ao som de Radiohead, Moska, Amy Winehouse ou qualquer outro som suicida desses que eu, masoquistamente, adoro!

Mas o que importa disso tudo é que eu estou me dando oportunidade de crescer de fato. Têm horas que enfraqueço um pouquinho e me dá vontade de saber, estar por perto ou até mesmo inventar o que falar. Consigo segurar essa vontade dois segundos e isso já é tempo suficiente pra eu perceber que não vale a pena.

Esse foi o penar mais forte e mais gostoso que eu já passei. Não sei se ainda vem mais dor por aí. Até agora eu reagi muito bem. Acho que o que eu sempre disse que ia acontecer, aconteceu.

Depositei todas as minhas fichas e na hora que eu tive coragem de me desligar de tanto sofrimento mesmo abrindo mão de um amor e suas conveniências, eu chorei, me levantei e recomecei. E olha que essas conveniências quase fodem com tudo.

Meus maiores surtos de sofrer, de achar que não ia agüentar, foram na falta dessas conveniências. Alguém que cuide, proteja e o que é melhor, (ou pior dependendo do ângulo) é que essa viagem que fiz foi só com casais.

Então na hora do aperto ou das manifestações afetivas, sempre quem sobrava era eu, seja pra sentar numa cadeira de duas pessoas, levar uma sacola grande, se proteger do frio etc. Tudo, tudo isso. Me doía na espinha a falta de alguém e era nessas horas que eu me escondia para fumar um cigarro, bater fotos, tomar banho de mar, qualquer desculpa era suficiente para me largar no choro. Quando voltava, já estava mais forte e cada vez menos impaciente com essa situação.
Para piorar, todos os doidos que eu agarrava, eram idiotas. Acho até que inconscientemente era por isso que eu procurava, por homens que não me representassem nada, daqueles que francamente, eu não acordava com a mínima vontade de saber de nada: telefone, orkut, msn. Nada! Peguei o telefone de todos, mas não dei o meu a nenhum.

Numa dessas ressacas morais, intelectuais e principalmente físicas, me deu liga torta, comprei uma passagem para dali a dois dias, mesmo com uma outra já comprada, somente por estar sentindo a solidão forte demais, presente demais. Foi um surto de correr pra baixo das asas dos pais.

Exatamente nesse dia, como que num passe de mágica, a princesa cansada de ver sapo, acaba encontrando um príncipe. Sim, conheci um príncipe! Ele é muito fofo, engraçado, inteligente, bonito, estiloso, cheiroso. Mas quem disse que eu ainda tenho coração?

Realmente, agora eu não consigo querer laços com ninguém. O que mais me encanta nesse moço é o poder que ele teve de resgatar minha vontade de um segundo dia ou terceiro. Ele colocou um pouco de açúcar e afeto em meus dias por aqui e só depois dele e não necessariamente por ele, vivi a melhor parte da viagem.

Conheci vários amigos que me divertiram. Desde um hétero maníaco por sexo, até as mais variadas bichas. Todos gente muito boa e maluca. Eles arrancaram minhas melhores gargalhadas e minhas piores pérolas. Mas, mesmo com toda essa empolgação, quis me livrar um pouco do gatinho e sua turma.

Acho que a opção de ser livre hoje é a única que eu não consigo me desfazer. Percebi que a solidão é nossa única companheira pra vida inteira. Então que ela seja a mais legal das solidões, a solidão opcional mesmo.

Acabei até magoando esse mocinho, mas não pega nada. Ele me entende. Agora, o lado mais sacana dessa história: eu estou virando um monstro, daqueles que abraça o acompanhante para olhar pra outro.

Vocês sabem tanto quanto eu que essas são as mulheres que mais se dão bem. Cansei do posto de coitada e é só isso que quero: ficar bem, sem machucar ninguém, mas principalmente sem me machucar.

No mais, corro pra Belém ansiosa em resolver minha vida para em breve estar partindo. Égua cara, o mundo é muito grande e como diz a Mayra: “o mundo precisa nos conhecer".

Essa viagem foi só pra dar o gostinho, de conhecer gente nova, ver novos lugares e ter novas idéias. O mundo cheinho de gente e conhecimento, a necessidade incrível de passar por aqui e deixar alguma coisa, seja como pessoa e como profissional. Saber que você vai ser falada em uma mesa de bar ou a de um escritório, fazer valer a nossa humilde existência.

Essas são as minhas metas agora e acreditem, vão rolar e vocês não se espantem de um dia ver a vida de vocês em uma tela de cinema, eu juro!

4 comentários:

moara disse...

Às vezes São Paulo me dá medo, mas passa bem rápido.

"não se espantem de um dia ver a vida de vocês em uma tela de cinema, eu juro!"

heheh! Deus me livre as nossa vidas em tela de cinema!
haehaehhaeae

7 de maio de 2008 às 13:34
Carol Barata disse...

Nós encontraremos o filme no gênero "ultra-trash-junky-head-bang-heavy-metal-punk-new-metal-bagaceiro"

HUAhuHahuAHUHA

Eu amei esse texto. Amei recebê-lo como e mail. Amo essa branquela!

=o**

8 de maio de 2008 às 05:31
Carol Barata disse...

"Ele colocou um pouco de açúcar e afeto em meus dias por aqui e só depois dele e não necessariamente por ele, vivi a melhor parte da viagem."

:: :: ::

Açúcar e afeto...


Lembrei da Mayra falando de ti malhando na academia. Enquanto o mundo suava de tanto se preocupar se o peito caia ou a bunda crescia, lá estavas tu. Fazendo step ou esteira, bem autista, ouvindo Chico Buarque no MP3.


[:)]

... a vida é melhor ainda quando tem trilha sonora.
Sinto falta do meu iPodre.


e sinto tua falta tmb.

8 de maio de 2008 às 05:51
Lucas disse...

Essas viagens são muito proveitosas, principalmente pra que a gente repense, reconstrua, e aprenda bastante (juro que não tive intenção de fazer comentário piegas, é porque já fiz um giro desses).

Agora a Carol disse uma coisa certa: vida com trilha é muito mais interessante.

Dá saudade do meu IPobre também, mas o foda é que, quando tava ficando interessante, a pilha terminava... é por isso que vou investir num de bateria recarregável.

No mais, eu queria dizer que estou gostando dos textos da Vivi. Têm no recheio, uma porção de pensamentos e questionamentos interessantes. Aproveitando a deixa, os da Carol são loucos também, cheios de trocadilhos e humor ácidos, coisa que dou "mó valor".

Beijos.

8 de maio de 2008 às 08:00

Postar um comentário

 

©2009ohvarios | by TNB