segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Unhas para o café da manhã

Por Anna Carla Ribeiro

Dia de muita ansiedade. É, sou uma das tantas milhares de criaturas que sofrem deste mal.
Ansiedade pra mim é como se fosse uma espécie de segunda pele de todos os meus sentimentos. Sempre estou acompanhada de uma certa agonia e uma vontade louca de roer as unhas (talvez por isso faz tanto tempo que eu não apareço na manicure).

Sempre fui assim. Lembro-me de ser criança e já querer saber como seriam as minhas feições de adolescente. Eu era vidrada de curiosidade acerca do meu futuro. Aproveitei cada minuto da minha infância, mas como sempre, tive a mania de pensar demais. Vez por outra me pegava esperando o tempo passar para, finalmente, saber qual seria o próximo capitulo da novela.

Com a chegada da adolescência, parei um pouco de querer saber como seria a minha vida adulta. A ansiedade passou toda para o presente, como se eu tivesse a obrigação de fazer as coisas acontecerem e mudarem (e até hoje sigo essa linha de raciocínio).

É uma coisa de louco, admito. Acho que faz parte da minha personalidade viver à flor da pele. É uma vontade de dar um passo à frente a todo o momento, é sempre ter muitos planos. Idéias que se concretizam, algumas que se perdem, outras que se modificam e que acabam por serem substituídas.

Costumo pensar todos os dias nos planos que tenho. Traço metas imaginárias, algumas inatingíveis, mas sempre acredito veemente nelas. Sou teimosa. Às vezes sei que a tendência é para o lado oposto, remo contra a maré, quebro a cara, juro que nunca mais vou fazer uma tentativa frustrada de novo. E logo depois me encontro com um novo desafio, esqueço que existem matemáticas e estatísticas, e saio por aí pulando novamente de cabeça em uma piscina vazia. O pior é que meu problema não é a ilusão. Apesar de viver no meu mundinho “out”, tenho um senso muito bom de possibilidades. O problema é que eu não consigo parar. Só desisto no fim da linha, não tem jeito.
É essa tal de ansiedade que não deixa o estômago em paz. Me faz diariamente continuar a querer tudo como um sedento em busca de água (ou álcool, dependendo do caso).

O lado bom é saber que não existe conformismo em mim, apesar de toda a minha preguiça de existir.
O problema é o lado ruim. A ansiedade me tira o sono, me faz perder as estribeiras. Se eu coloco na minha cabeça que preciso dizer certas coisas a alguém, por exemplo, fixo nesta idéia. Fico matutando em como falar, vejo a melhor forma de colocar o plano em prática, o mais rápido possível. E normalmente tenho que esperar. Antes da minha próxima encarnação terei que aprender com o Gandhi a exercer a minha paciência.
Esperar pra mim é algo que me tira do sério. Me faz chorar, surtar, ter crises existenciais. Muitas das minhas maiores brigas com grandes amigos foram justamente pela espera. Ou furo, melhor dizendo. Aqueles que combinam algo comigo e me deixam horas a fio na expectativa ganham de presente a fúria de um monstro adormecido. Sou sempre muito calma, sutil com as pessoas. Mas minhas explosões fecham a mente.

Tirando esses sintomas, estou sempre querendo fechar ou abrir novos ciclos. Não gosto de não saber como ficarão as histórias que criei na minha cabeça. Os meus sonhos, até mesmo os mais singelos, são todos pra ontem. Pelo menos pra mim. E, é claro, tenho a maior dificuldade de acompanhar o andar da carruagem do tempo, da vida e das outras pessoas. Períodos de espera me trazem medos à tona. Eu prefiro perder do que possuir constantemente o perigo de perder. É como se as coisas se tornassem apenas “ganhadas” ou “perdidas”, mesmo sabendo que com o tempo elas se modificam. E então, acho que continuarei por muito tempo nesta minha saga de ganhar tudo o que quero, perder tudo o que tenho, e querer tudo de novo.

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