quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Cuidado.

Por Carol Barata

“Cuidado: esse sonho é só seu”. Assim estava escrito no meu horóscopo. E só depois de todos esses dias, esses muitos ou poucos dias, nem sei, que eu resolvo ler horóscopo e que por uma junção de algum planeta que nem gravei qual era com alguma outra constelação que pouco me importa e que, de alguma forma, estava lá, lá estava. Era para ser! Já estava escrito nas estrelas, num caderno de jornal, num muro pichado a spray metálico. Estava lá e só eu não enxergava, ou melhor, eu enxergava e ria. Ria cínica, ria quase diabólica pensando “Vamos lá ver quem é que deve ter cuidado com quem!”.

Pessoas como você deviam vir com tarja preta, com uma placa igual aquelas colocadas perto dos fios de alta tensão. Os astros esqueceram de colocar em ti a placa de “Cuidado: esse sonho é só seu”, porque se eu soubesse como serias manipulador e envolvente comigo, ah, se eu soubesse, eu me benzeria antes de cair nessa cilada que foi me jogar em teus braços, teus olhares e tuas ligações de madrugada.

A primeira vez eu olhei em ti, eu te vi, eu te li e sabia, ah, eu sabia que não daria em nada que não daria certo, que me deixarias assim, com essa sensação de limbo, de algo usado, passado e repassado para o teu próprio uso. Mas eu me joguei em ti, eu te sorvi e me senti bem ao fazê-lo.

Apostei naquele silêncio, tão cômodo e celeste. Eu sei, eu sei. Aliás, eu devia saber. Eu devia saber que o que vale para ti é o momento e aquele momento, foi tão meu quanto teu. Entendo que não fazes esforço nenhum para envolver, para conquistar, que acontece assim, de repente e naturalmente, é inerente a ti.

Eu aprendi a tocar cavaquinho sozinho, porque meu avô tocava. Eu fazia piano quando criança, mas ah... deixei pra lá. Eu gosto de música alta, porque gosto de sentir a música, as batidas, todos os sons. Eu amo música também, está ligada ao meu bem estar. Meus pais me ensinaram a gostar de boa música. É, os meus também me apresentaram ao Raulzito e ao Legião.

E assim, entre uma cerveja e outra, já era. Num bar novo para mim e velho para ti, me apresentavas a tua vida, assim, como um slide e a gente ia vendo pedacinho por pedacinho do que podia esperar um do outro. Eu ficava idiota cada vez que, mais idiotamente, me chamavas de “amor” e fui ficando débil mental a cada beijo que fazias questão de me dar antes de levantar para ir ao banheiro e fui ficando lânguida, embriagada e cega. Cega, burra, imbecil, idiota!

Mas agora eu sei que subi a mesma ladeira sofrida do quase-amor, do quase-qualquer-coisa-que-mexe-demais. Fiquei de novo no limbo, como algumas outras vezes. Mas eu sabia, sabia que devia ter lido as entrelinhas, onde estava escrito em fonte 50 na cor mais néon e escarlate que pode existir numa paleta de cores a palavra PERIGO! Doce cafageste à vista!...

Merda, como eu não fui ver que essa tua forma de ser não era para me envolver. Era só tua forma de ser. E eu era só alguém que precisava ter ouvido “cuidado” ao invés do “vai em frente” quando ouvia a buzina do teu carro tocar.

1 comentários:

moara disse...

"Eu gosto de música alta, porque gosto de sentir a música, as batidas, todos os sons. Eu amo música também, está ligada ao meu bem estar. Meus pais me ensinaram a gostar de boa música. É, os meus também me apresentaram ao Raulzito e ao Legião."

pra mim tambéeeem, eu dançava "eu sou a mosca que posou em sua sopa" com 6 anos no pátio da casa, junto com meus irmãos, meu cantor predileto de infancia.

belo texto.

13 de fevereiro de 2008 às 11:00

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