quarta-feira, 30 de abril de 2008

Eu amo Chester Cheetos

Por Anna Carla Ribeiro

O pai dela paquerou a minha mãe há 40 anos. A minha tia tem o pai dela como melhor amigo. Uma outra tia minha, mais voltada à boemia, adora beber com o dito cujo. Mesmo assim, nos conhecemos sozinhas, por uma dessas coincidências da vida que mais parecem estar escritas em algum lugar acima de nós.

A gente sempre conversa muito. Pela boca, pelos olhos, pelos polegares e por todos os gestos que involuntariamente costumamos fazer. Não é preciso explicar para a Carol o que eu odeio. Ela sabe, sempre sabe, mesmo quando eu tento disfarçar. Não tem jeito.

Primeiro tentamos ganhar a vida cantarolando “Aerosmith” pelas ruas de Belém. Fizemos sucesso no cemitério, estaríamos ricas se ela não tivesse tido uma crise de riso da cara do coveiro. “Tu pensa que é bonita, piveta?”, ele indagou irritadíssimo. E então fomos proibidas de mostrar nossos dotes por lá.

Aí resolvemos ter outras grandes idéias. Inventamos o programa de fitness “Fique Em Forma Na Madruga”, um ídolo patriarcal, a professora galinha, a lenda do carro esbandalhado e uma faca que corta tudo sem o menor esforço – até mesmo um prédio ou a alça viária.

Mais uma vez o sucesso voou de nossas mãos. Um dia, quando estávamos tomando suco de bolinhas e comendo miojo de tomate, depois de umas ‘buxudas’ de maça, seu irmão jogou todos os nossos projetos pela sacada para dar aos pobres. O sonho dele sempre foi ser japonês. Aí já viu, né?

Então tivemos que estudar juntas a vida toda para podermos sair do eterno castigo que nossos pais nos deram pela tamanha irreverência. Nos preparativos para a faculdade, nos empenhávamos nas provas. Provamos a pizza mista da Companhia Paulista e todos os dotes culinários da sua querida vovó. Além de experimentar, é claro, todos os compartimentos da casa na hora de tirar uma soneca.

Para o espanto de todos ao nosso redor, passamos juntas na faculdade. O que ninguém sabe é que só conseguimos êxito graças à nossa criatividade. Inventávamos músicas para gravar as matérias. “As Repúblicas Bálticas são, tchurururururururu.... Letônia, Estônia e Lituânia, dandandandannnn...”. O mundo é dos espertos, já dizia algum velho bem antes da gente nascer.

Depois de formadas, temos novas metas. Planejamos realizar a “Festa do Leopardo – Volume II” e já estamos nos preparativos para nos lançar na mídia. Isso mesmo. Carol entrará no Big Brother 2009 e depois seguirá carreira como cantora de pagodes antigos. Seu primeiro álbum será intitulado “Chester Bahia: A saga de uma pagodeira nostálgica”. Quanto a mim, estou treinando uns passos de hula dancers. Até o ano que vem devo estar no Hawaii.

Mesmo assim, sei que ainda nos encontraremos para novos planos, aventuras, fantasias, invenções, enxerimentos e coisa e tal. Ah, como eu te amo, Chester Cheetos.

2 comentários:

Carol Barata disse...

ann, otinananan... que fofo, anna.

muito legal o texto. Recheawdíssimo de piadas internas, né? hehehehe


=o*

30 de abril de 2008 às 07:16
moara disse...

ah eu adoro textos narrativos e nostalgicos, ainda mais falando da cidade.

dorei.

muah!

30 de abril de 2008 às 15:14

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