sábado, 12 de abril de 2008

Velhos sonhos

Por Moara Brasil

Estou nessa fase que desaprendi. Não sei mais demonstrar aquele meu interesse apressado, e dizer o quanto gosto desse seu jeito de falar. Uma voz assim: charmosa como esse olhar. Deves ganhar meninas inteligentes só num flerte, e quando te envolves numa boa conversa. Ganhas também as meninas bobinhas, que te admiram por esse ser gentleman. De abrir as portas do carro para suas queridas amadas, de falar até "obrigado" quando te destratam. Dessa vagorosidade nos teus movimentos, o tempo é apenas um detalhe.

Te vejo um dia velho, de óculos para as suas leituras interessantes, e apreciando aquele bom vinho importado, que eu não entendo nada. Mas com a dama mais feliz de todas as damas, essa teve sorte.

Não tens a beleza dos modelos de revista, mas tens a beleza por inteira, nada de vazia. Aquela que vem da alma, e embeleza a face, os cabelos, a boca, a voz, o olhar. Beleza com trilha sonora de cinema, dos melhores filmes da sétima arte. Daqueles que sacaneam com as paixões inesperadas: Antes do amanhecer.

Nessa modernidade, acreditar em amores assim é quase uma tarefa árdua e delicada. Solidez não existe mais. E esse meu medo de aproximar-se de ti, é esse medo dessa sociedade em que fui criada. Ela me ensinou a consumir a novidade, numa eterna busca pelo efêmero. Ensinou-me que assim tudo fica mais fácil, e que paixões frustradas podem ser substituidas por outras, num intervalo pequeno do tempo. Que para sobreviver, é preciso procurar sempre os lançamentos, só assim não somos retirados das prateleiras.

Mas essa sociedade moderna é muito cruel, essa rapidez só atropela aqueles sonhos de nossos queridos velhos. Então continuarei acreditando em ti, e ser uma nostálgica de boas épocas. Mesmo que tudo isso não passe de uma mera ilusão, dessa minha cabeça meio doente, mas com pequenas doses de esperança.

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