sábado, 26 de abril de 2008

Onze e meia e Echo & The Bunnymen

Por Moara Brasil

Ontem, quando sentei nesse sofá, aparecestes bem do meu lado. Com aquela calça jeans velha e feia, uma camisa Hering e aqueles brincos da sua orelha esquerda. Por que sempre és a minha referência para todos? De ti, lembro daquela pipoca de panela, que só você num maldito século XXI sabe fazer tão bem. E eu te amava. Amava esse teu jeito de tratar uma mulher com respeito entre quatro paredes, e escondido de todos os olhares curiosos que nos cercavam. Quando o relógio marcava 11:30, meu coração acelerava de tanta ânsia por encontrá-lo. Era tiro e queda, 11 e meia e eu ouvia o meu "Echo & the bunnymen" tocar no meu celular ericsson, e eu gozava de tanta alegria. Tomava um banho e usava aquele perfume amadeirado só para você sentir que o amor tem cheiro. "Vamos locar uns filmes? Te encontro lá!". E eu ia toda feliz, como alguém que tivesse ganhado na Loteria, ao seu encontro.

A melhor parte das nossas madrugadas que eu nunca esqueço, era a briga na hora de escolher um filme em que ambos ficassem satisfeitos. Você vinha com aqueles filmes "western" ou de guerra, e eu com aqueles da sessão de dramas... e você falava "Lá vem tu com esses filmes tristes e sem pé nem cabeça". Mas eu insistia em fazê-lo gostar do meu mundo, e tu também insistias para que eu gostasse do seu. Só que eu disfarçava muito bem ao sorrir para a sua vida.

Sempre me contava que os teus dons para a cozinha,e agora lembrei daquelas batatas-fritas, era porque você tinha sido criado por umas 10 mulheres. E que era impossível não aprender o mundo delas, pois elas eram mais presentes do que qualquer célula do seu corpo. Por isso que você cuidava de mim, às vezes como uma irmã ou até como filha.

Mas eu não queria ser sua irmã, e muito menos filha. Porque eu te desejava. Desejava cada suspiro seu, a tua boca que eu olhava à 30 centímetros de distância. Eu sei que tu me desejavas, mas tu não me querias ainda. E tu lutavas contra os teus instintos. Mas sempre acabávamos na cama. E te viciastes em mim como em teu “Red”. Me ligava todas as horas e todos os dias.

Mas eu era igual a ti, e tu igual a mim. E não merecíamos um ao outro, porque éramos viciado na pior coisa da vida: a boemia. Para os outros, nós tínhamos um caso,ou até mesmo eramos os namorados modernos. Mas nenhum se assumia, e tapávamos nossas bocas. Enquanto isso, tu colecionavas algumas garotas, e eu tentava do outro lado com alguns meninos. E tornarva-se divertido saber das tuas e tu saber dos meus: Qual foi dessa vez?Mas logo esse?

E o contrato era que ninguem se comprometeria com ninguém, era apenas diversão.


Até que um dia tudo virou revolta em mim, tudo passou a ser raiva e uma lágrima atrás da outra. E foi o fim naquela noite, em que eu te dei aquele soco. Porque pra mim, naquele momento, merecias coisas piores, mas eu também não tinha a razão, e não admitia isso. Por que tudo transformou-se em um novelo de linha?

E naquele julho, nós estávamos fracos e acabados. Todos percebiam, todos comentavam. Todos tinham pena. Mais uma vez chorei no chuveiro, e partia as veias de tanta dor. Será que tu choravas?

E só via a tua frieza e pena nesse teu rosto branco. Mas eu insisti no que não dava mais. Decidida, andei pelas ruas do Reduto, numa tarde em que chovia eternamente. E fui até você, contar que não devias ir embora daqui, que eu te queria ao meu lado, chorei miséria, me humilhei como uma capricorniana nunca faria. Não vá embora. E o Echo &The Bunnymen tocou no meu celular (MALDITO ECHO & THE BUNNYMEN), mas não era você , era outro. Esperei as tuas palavras: "Não dá mais, minha querida. Sabe qual o problema? É que eu nunca terei sossego ao teu lado. Eu nunca seria teu homem e nem tu a minha mulher. Tu és livre, e eu não agüento isso”. Não falei mais nada, e disse “obrigada”. Segui desorientada pela chuva rala, e fui embora de ti para sempre, e sem vontade de olhar pra trás. Obrigada, meu amigo. Obrigada.

6 comentários:

Raoní disse...

Esses malditos relacionamentos abertos que prendem nossos corações...

26 de abril de 2008 às 16:18
moara disse...

e como prendem....!

26 de abril de 2008 às 22:20
Anna Carla disse...

ÉGUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Amiga, o MELHOR dos teus textos! Lindo, meu Deus, tô boquiaberta! Me tocou, sabe? Como se essa história fizesse parte de mim, mesmo não tendo vivido isso na pele...

=]

27 de abril de 2008 às 07:13
Carol Barata disse...

Concordo com a Anna Carla.
Tá dusca esse texto, Moa.

E concordo tmb com o cacique Raoni: malditos relacionamentos abertos que prendem nossos corações.

Vamos trocar nossos corações burros por um estômago novo? Uma boa, não é mesmo?
hehehehehe

tão ninda minha escrivinhadora, otinanana (L)
tchamo.


=o**

28 de abril de 2008 às 06:09
Lucas disse...

Acho que esse atributo "aberto" é uma arapuca muito palha. A gente vai se fiando nessa, mas no final, se enrola, por que como a situação não é muito bem definida, a gente não sabe o que esperar, não sabe se cabe investir ou pular fora, enfim...

Nessas horas é que o "preto no branco" funciona melhor. Mas e se essas coisas do coração podessem ser entendidas de forma racional... ?
Mais fácil seria. Mas também, seria sem-graça, não !?

Sei lá.

Beijo.

28 de abril de 2008 às 07:41
lollie disse...

deverias ter mudado de aparelho celular, baixado outros toques, lá sei.
hahahahaha...

adoreeeeei.

e olha, não existem "contratos", existem sentimentos, e com eles não tem acordo. PESO.

que barra!

=*

9 de maio de 2008 às 17:17

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